Capítulo XIII

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Maria

-Lucca.-Eu sussurrei.

-Posso falar com você?-Ele perguntou um pouco receoso.

Assenti e deixei uma atendente cuidando do balcão, deixei o menino la dentro e ficamos do lado de fora. Ele estava nervoso, pois passava a mão pelos cabelos inúmeras vezes.

-Como me achou?

-Maria, eu precisava te ver, precisava conhecer a minha filha, por favor Maria...-Eu mordi o lábio e fiquei o encarando, ele tinha um filho, por que não me contou?-Olha eu sei no que esta pensando Maria, mas...-Cruzei os braços e o olhei.

-Por que nunca me contou? Foi por causa dele que me abandonou?

-Sim...não, olha, eu posso te explicar, mas não aqui.

-Se era só isso eu vou entrar.

-Onde ela está?-Eu parei e me virei.

-Você sabe que as coisas não vão ser tão fáceis.

Sorri para Matteo que estava sentado em uma mesa, fui até o balcão e coloquei na embalagem uma bomba de chocolate, que eu sei que Lilli ama, e ele provavelmente vai amar também.

-Um presente pra você.-Eu disse entregando para ele.

-Você vai me deixar conhecer a minha irmãzinha?-Arregalei os olhos.

-Você vai conhecê-la em breve.-Beijei sua cabeça e ele se levantou e correu para Lucca, sorri e voltei a trabalhar.

Quando anoiteceu, tive que buscar Lilliana, fechei a loja e fui busca-lá. A abracei a ouvi tagarelar sobre seu primeiro dia na escola, e tentei parecer menos avoada possível.

Lucca havia voltado, e ele tinha um filho.

Suspirei e manobrei o carro para dentro da garagem, a tirei de cadeirinha e subimos as escadas, Lilli arrastava sua mochila de rodinhas toda cor-de-rosa pelos degraus, eu sorri com a imagem e logo chegamos em nosso andar, mas quase cai para trás quando vi Lucca em frente a nossa porta, com Matteo a tira colo. No que ele estava pensando? Que era só ele me achar e que tudo ficaria bem?!

-Mamãe, quem são eles?Liliana, apertou sua mãozinha gorducha contra a minha e eu tive vontade de socar a cara de Lucca.

-Maria.-Ele me chamou e eu me irritei.

-O que está fazendo aqui?

-Matteo queria vê-la.-Essa é a desculpa mais esfarrapada que eu ja ouvi.-Você poderia nos convidar para dentro, esta ficando frio aqui fora.-Rosnei baixinho e saquei minha chave.

Abri a porta e acendi as luzes, eles entraram e Lilliana me seguia tímida. Liguei o aquecedor e me virei para Lilli.

-Filha, o que acha de mostrar seus brinquedos para Matteo?-Ela assentiu ainda receosa, beijei sua testa e ela sorriu.

Eu e Lucca ficamos sozinhos na sala, fui até a cozinha e coloquei a chaleira no fogo.

-E então...

-Eu vou te contar primeiro sobre Matteo.-Ele disse cautelosamente, e então começou a narrar a sua história. Quando terminou juro que fiquei com uma raiva tão grande daquela mulher, eu não conseguia viver nem um segundo longe da minha filha, e ela quase matou seu filho.-E é por isso que eu te afastei, pois eu achei que você só estava interessada na minha fortuna.-Gemi em desaprovação.

-Lucca, você poderia ter conversado comigo, olhe a dor que você causou.-Eu disse baixinho.

-Por isso eu te procurei Maria, eu precisava recomeçar e fazer as coisas direito desta vez.-Ele segurou a minha mão e eu me afastei.

-Lucca, as coisas não vão voltar a ser o que era, nunca mais.-Eu disse convicta, eu cresci, amadureci, e não iria errar de novo.

-Vocês tem um lugar para ficar?-Eu perguntei preocupada, Lucca me observou e então disse.

-Não, nós estávamos voltando do aeroporto.-Assenti e ouvi a chaleira apitando, servi duas xicaras e coloquei um saquinho de chá em cada um.

-Podem ficar, você pode dormir no quarto de hospedes e Matteo no de Lilliana, ela tem uma bicama.-Ele sorriu e disse.

-Eu agradeço.-Assenti e bebi meu chá, fui até o meu quarto para pegar a roupa de cama.

Entrei no quarto com a janela cheia de adesivos e sorri ao ver Lilliana e Matteo esparramados pelo chão desenhando.

-Vocês querem jantar o que?

-Pizza!-Eles falaram juntos e eu ri.

-Esta bem.-Eu disse sorrindo.

Pedi uma pizza, e depois de meia hora nós quatro estávamos sentados na mesa de jantar, saboreando uma deliciosa pizza de mozzarella. A cena seria hilária, claro se eu não estivesse pensando em uma maneira de me livrar de Lucca, ele só traria conflitos, e eu não queria isso.

Logo depois da janta coloquei Lilli e Matteo para dormir, mas antes de fechar a porta ele me chamou.

-Maria, você vai ser a minha mãe?-Acariciei seu cabelo loiro e sorri.

-Se eu fosse sua mãe, seria a mulher mais sortuda do mundo.-Me surpreendi quando Matteo se levantou e me abraçou com força.

-Obrigado.-Ele disse baixinho, notei que ele chorava.-Eu sempre quis ter uma mãe.

-Eu vou estar sempre aqui para você.-Eu disse e beijei sua bochecha. O coloquei na cama novamente e sai, ele era apenas uma criança mas ja havia sofrido demais.

Notei que Lucca me observava do corredor, sai do quarto e fechei a porta.

-Tem toalhas no armário, e seu quarto tem um banheiro.-Ele assentiu, cansada eu cruzei os braços e disse.-Por que agora?

-Porque eu precisava te-la de novo.

E assim ele se virou e entrou em seu quarto, me deixando sem fala parada no meio do corredor.

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