Capítulo XXI

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Maria

Me afastei de Lucca e encarei confusa a mulher que havia simplesmente aparecido na nossa frente.

-Me desculpe senhor, ela me empurrou, e eu não consegui impedi-lá. -Dizer que aquela mulher era linda seria eufemismo, ela era maravilhosa, seus cabelos ruivos eram tão bem cuidados, e seu corpo era de dar inveja em qualquer uma, sem contar de como ela era bonita.

-O que aconteceu com o meu filho?! -Lucca suspirou.

-Andreia, por que está aqui?

-Eu queria ver meu filho, mas quando chego descubro que ele estava internado.

-Foi uma crise alérgica.

-Eu quero vê-lo.

-Querer não é poder.-Ela me fuzilou com o olhar e se aproximou de mim.

-E você, quem é?

-Maria é a minha noiva.-Que?!

-Lucca...-Ela sorriu.-Até parece que você ia me esquecer tão facilmente, nós tivemos um filho juntos.-Vi Lucca fechar os olhos e cerrar os punhos.

-Andreia...

-Mama!-Me virei e Lilli se aproximou de mim, e eu a peguei no colo rapidamente, mas só queria me afastar daquela mulher.-Papa, quem é ela?

-Ninguém, minha borboletinha, vamos subir.-Observei a cara de espanto da mulher e sai de lá o mais rápido possível.

—•—
Lucca

-Como você pode me trocar assim? Tão facilmente?

-Andreia, não vou discutir com você, eu tenho Maria agora, e estou muito feliz com ela, por favor vá embora.-Eu disse calmo, me recusando a me rebaixar ao seu nível.

-Se você não quer me dar seu amor, meu filho vai. -Ela foi até a escada e começou a gritar.-Matteo! Sou eu, sua mãe!-Vi vermelho e fui até ela, peguei seu braço e a arrastei para fora da minha casa.

-Você me machucou!-A larguei na hora.

-Suma da minha vida, Matteo sofre até hoje, pelo o que você fez! Quer saber mesmo por que ele foi internado?! Porque ele criou resistência aos remédios que deveriam fazer ele voltar a enxergar, porque foi você que se jogou de uma maldita escada pra tentar abortar, e ele nasceu cego de um olho, tudo isso é culpa sua! Só sua! Vá embora.

-Por favor Lucca, me deixe concertar as coisas, eu posso te fazer feliz, nós podemos ser uma família normal.-Eu ri dela.

-Nós seríamos tudo, menos uma família normal. Maria é tudo que você nunca foi, ela é carinhosa, gentil, ela é linda por dentro e por fora. E ama o Matt, mais do que você, eu tenho certeza disso.

-Você a ama? -fui pego de surpresa pela sua pergunta.

-Vá embora, Andreia.-Ela riu.

-Você ainda me ama, não é? Eu sei, vai demorar para você me perdoar, mas quando acontecer, eu vou estar aqui.

E então ela foi embora, me deixando mais irritado do que eu ja estava.

—•—
Maria

Eu havia ouvido, bom...não a conversa inteira, mas o suficiente. Eu fui muito burra em pensar que ele me amava, eu havia sido burra de novo. Eu precisava fazer o que eu precisava fazer na Italia, e dar o fora. Liguei para a engenheira que estava cuidando da obra da nova confeitaria, marquei de nos encontrarmos para um almoço e fui tomar um banho.

Quando sai notei que alguém havia mexido na minha cama, estranhei e fui até o closet para arranjar uma roupa decente.

—•—
Lucca

Porra, eu fui atrás de Maria e ela estava no banho, e eu fiz a burrice de me sentar em sua cama, talvez eu a esperasse, eu precisava conversar com ela. Mas então eu senti seu perfume agridoce que estava impregnado nos lençóis e suspirei, sentindo meu membro dando sinal de vida, eu precisava dela, eu precisava sentir seu corpo junto do meu mais uma vez ou eu enlouqueceria.

Sai do quarto e fui atrás de Matteo, ele estava jogando em seu video-game.

-Pai, quem era?-Ele perguntou.

-Ninguém importante.

—•—
Maria

A reunião tinha sido um sucesso, tínhamos organizado os últimos detalhes e a reforma logo começaria. Cheguei em casa, notei que estava silenciosa. Deixei meu casaco e minha bolsa em cima da mesa, e fui até o jardim, Lucca e as crianças estavam jogando bola no gramado, me aproximei deles e sentei na grama.

-Mama!-Lilli veio correndo até mim e se jogou no meu colo.

Sorri e baguncei seu cabelo, Lilli se agarrou em meu pescoço e ficou no meu colo mesmo. Observei Lucca e Matt jogando futebol, quando o pequeno fez gol Lucca o pegou no colo e saiu gritando e comemorando. Quem olhasse de longe acharia que nós éramos uma família perfeita, mas nós não éramos uma família.

Quando eu acabasse aqui na Italia, eu voltaria para a minha casa na França e tudo iria se estabilizar novamente.

—•—

Eu ja estava de pijama, mas decidi buscar um copo d'água, as crianças estavam dormindo a bastante tempo, então tomei cuidado para não fazer muito barulho. Enquanto despejava a água no copo comecei a ouvir alguns passos e Lucca surgiu atrás de mim.

-Insônia?

-Sede.-Eu respondi rindo.-Você conversou com Andreia?

-Sim, acredito que ela vá me deixar em paz.-Eu ri.

-Eu consigo reconhecer uma louca, e ela é, com certeza.-Ele riu.

-Ela não vai vir atrás de nós, vai?

-Não.-Ele suspirou, nos encaramos por alguns segundos e o clima ficou estranho.

-Eu...vou subir.-Disse rapidamente, tomei a água do meu copo e o deixei na pia.

Voltei para o meu quarto e me deitei novamente, por mais que eu tentasse, eu não conseguia dormir, e então a porta foi aberta e Lucca entrou, talvez nós fossemos dois abobalhados, mas nenhum de nós dois conseguia controlar mais.

Ele subiu na cama e eu avancei em cima dele, quando nossos lábios se chocaram eu jurei que tudo ficaria bem, que nós ficaríamos bem, mas algo dentro de mim ainda estava machucado, ainda estava quebrado, e por mais que eu tentasse eu não sabia se Lucca conseguiria consertar.

Quando nos tornamos um só naquela madrugada, eu jurei que tentaria, por nós.

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