XII - Pesadelos

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Haviam se passado cinco dias desde o acontecido na ilha. Naqueles dias Stiles não havia conseguido dormir direito, sempre que cochilava as imagens inundavam a sua mente, Derek, a sereia, ele indo para a morte. Ele sonhava consigo mesmo ocasionalmente, todas as vezes ele era arrastado pela areia até o mar profundo, sentia seus pulmões queimando quando dava seu último fôlego antes de se afogar.

Todas as vezes em que esse sonho se repetia o rapaz acordava tremendo, a respiração pesada e difícil, como se de fato ele tivesse ficado vários minutos sem conseguir respirar, e tal sensação era aterrorizante. Respirando fundo, o rapaz saiu da rede e seguiu até o convés superior a fim de respirar ar fresco.

Tal como esperava, afinal o mesmo se repetira nas noites anteriores, o convés superior se encontrava praticamente vazio, Henry estava no timão garantindo que eles seguissem o curso e para soar o alarme caso algo fosse visto. O mesmo lhe acenou com a cabeça, vendo Stiles sentar-se e se recostar no canto do convés e fechar os olhos, deixando que o movimento das ondas lhe embalasse.

Quando seus olhos se abriram, o rapaz estava novamente na praia, ao lado da fogueira com a mão sobre a espada em sua cintura. Ele olhou para o lado, Derek tinha um olhar compreensivo, lhe dizia que estava tudo bem, apesar do som estridente.

Ele desviou o olhar para os demais por um instante, mas ao voltar a olhar para o lado, Derek estava caminhando na direção da água, sendo conduzido por uma sereia. O rapaz tentou correr para o parar, mas era como se ele se movesse lentamente, e aquilo era desesperador.

- Derek! Derek, volte! - tentou o chamar, mas tudo era em vão, o homem não olhava para trás.

- Não querido, não adianta tentar, ele pertence à nós. - disse uma sereia se aproximando de si de modo elegante, mas ainda predatório. - Você nunca o terá para si, não adianta tentar. - ela andou lentamente ao seu redor, suas unhas longas como garras arranharam o peitoral do médico. - Mas não se preocupe, não vai ter tempo de sofrer por ele.

E ao olhar ao redor, ele viu o corpo de Derek boiando, completamente imóvel, tão perto de si que somente então notou que a maré subira ao ponto da água estar batendo em seu peitoral. Uma forte dor se instalou ao seus ombros ao sentir as garras da sereia se fixando ali, antes dela o puxar para baixo d'água.

O rapaz arfou, a água invadindo seus pulmões, mesmo sendo noite, podia ver com clareza os corpos da tripulação, a água tingindo-se de vermelho.

Seus olhos se abriram.

Dessa vez estava de volta ao convés do navio, seu corpo tremia, só não sabia se era pelo frio da noite ou se pelo sonho que havia tido. Ele respirou fundo, em sua mente repetia que nada daquilo fora real, aquele era o seu mantra que o permitia seguir em frente.

- Em uma semana devemos chegar ao porto, doutor, deveria descansar antes. - disse Henry, que havia o observado desde que sairam da praia. - Teremos muito trabalho para reparar o navio, não terá descanso.

- Não consigo dormir, não fará muita diferença. - comentou sorrindo fracamente, antes de se levantar e começar a andar na direção da cabine do capitão. - Ele não sai tem um tempo, vou ver se nosso capitão está vivo.

- Talvez esteja. - comentou distraidamente.

O rapaz não sabia bem o que fora fazer ali, sendo sincero, apenas havia alguma coisa lhe chamando. Pensou por um momento que talvez fossem os sonhos que tivera nos últimos dias, que talvez ver que Derek estava vivo e bem era o que ele precisava para descansar.

Ele lentamente entrou no quarto do homem, o vendo deitado em sua cama apenas de calça, sua barba por fazer, a sua expressão um tanto serena, apesar de Stiles poder jurar que sua sobrancelha estava franzida de preocupação com alguma coisa.

Sem conter-se, o médico se aproximou e sentou ao lado dele, seus dedos deslizaram lentamente primeiro por seu rosto e depois pelos fios escuros do rapaz, numa carícia. Foi com surpresa que sentiu seu pulso ser segurado com firmeza e notou os olhos verdes do Hale se abrindo e o encarando alerta.

- Oh, Stiles. - murmurou Derek sonolento, o soltando no instante seguinte e bocejando. - O que houve? Aconteceu alguma coisa?

- Não, eu apenas queria ver se você estava vivo. - disse constrangido, afinal não esperava ser pego em flagrante pelo outro. - Depois de cinco dias eu esperava um cadáver em decomposição, assim eu não ia ter que fazer um motim e tomar a tripulação... Mas você não me deixa escolha Hale, irei lhe eliminar antes de assumir meu lugar a frente da tripulação.

- Você está com uma aparência horrível, parece que não dorme ou come tem dias. - Derek ignorou suas palavras, se focando na imagem do rapaz.

- Não consigo dormir, ando tendo pesadelos. - sem pedir permissão ou nada do tipo, o médico deitou-se de bruços, os braços cruzados sobre o peitoral do Hale, enquanto o observava voltando a fechar os olhos. - Não imaginei que sereias ou monstros fossem reais.

- Eles são bem reais, Stiles, existem monstros horríveis nesse mar, assim como tesouros amaldiçoados. - comentou, seus dedos automaticamente se moveram acariciando os cabelos do outro. - Vamos fazer o seguinte? Eu te conto uma história sobre uma maldição e você tenta dormir.

- História é coisa de criança, eu sou um homem, Derek. - replicou fazendo uma careta. No entanto, após alguns minutos de silêncio entre ambos, ele simplesmente não conseguiu se controlar. - Que história é essa?

Uma risada baixa veio do Hale, parecia tão rouca e esgotada quanto o próprio capitão. Ele parou alguns segundos tentando colocar a história em ordem, antes de umedecer os lábios e começar a falar.

- É a história de duas famílias, e sobre como a inveja da família Novak destruiu esta outra família. - Stiles fez menção de dizer algo, mas Derek ergueu um dedo, pedindo silêncio. - Os Novak queriam poder sobre as colônias no novo mundo, mas o regente de Netherlands* tinha outra família igualmente poderosa que planejava mandar para governar, por sua justiça e confiança. Sabendo que só conseguiriam seus objetivos se livrando dos seus oponentes, num jantar o patriarca da família Novak levou uma bruxa. Ele ficou tão ofendido com a afronta vindo da matriarca da outra família que jogou uma maldição, que dizem durar até hoje. - ele ainda acariciava os cabelos do rapaz.

- Qual maldição? - indagou Stiles num tom sonolento, já ouvia ao longe a voz do Hale.

- Nenhum membro da família amaldiçoada poderia voltar a colocar os pés em terra firme. - disse num tom baixo. - Eles pertenciam ao mar.

E naquele restante de madrugada, Stiles teve um sono pesado sem sonhos.

-x-

* Netherlands: Paises Baixos, ou seja, Holanda.

Gente me perdoem por qualquer erro, está uma correria aqui, mas não atrasei o capítulo, aeeee

Um beijo filhotes do titio Hades, tia Hina ama todos vocês ❤

Há! Não atrasei KarinaBambach ! Deveria ter apostado uma trufa u.u

Beber, lutar, navegarOnde histórias criam vida. Descubra agora