XIX - Funerais e esperanças

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Após Stiles ter se recuperado completamente do ataque e de ter sido drogado por nativos, ele alegremente descobrira que amostras da planta que havia sido usada em si haviam sido recolhidas. Logo ele passou a ficar ocupado por horas na cabine de Derek fazendo anotações ou na cozinha colocando as folhas e sementes para ferver, ele usara tudo que tinha ali.

Uma pasta obtida ao amassar as flores e sementes simples, levada a cozimento, ou secada no sol e feito pó, e ao fim ele fazia testes em Tom ou mesmo em pequenas doses em alguns tripulantes dispostos a lhe serem cobaias.

- Descanse em paz bravo marujo, você resistiu até o fim. - dissera Stiles solenemente jogando o embrulho do tamanho de sua mão no mar, sendo observado por um Isaac risonho e descrente. - Quieto! Tom foi uma ratazana incrível!

- Sim, e ele deixou familiares no convés inferior, vou fazer outra armadilha e tentar te dar um deles. - comentou caminhando distraidamente para as escadas.

- Eu sugiro que não zombe de mim Isaac! - acusou Stiles lhe apontando o indicador, as bochechas vermelhas. - Qualquer dia minhas experiências podem acabar caindo acidentalmente na sua caneca de cerveja!

Aquilo de certo modo teve um efeito positivo, pois após os tripulantes terem ouvido a ameaça do doutor, passaram a temer mais Stiles e foram também ao funeral de Tom dizer adeus. Canecas eram erguidas enquanto falavam que sentiriam falta de seus ruídos pela noite ou dele roendo seus dedos dos pés.

O doutor estava ainda chateado pela perda de sua leal ratazana, apesar de Isaac ter prometido a si outra para usar nos experimentos, quando notou Boyd passando discutindo sobre rotas com Johnson. Aparentemente precisavam de um local seguro para aportar enquanto a tripulação seguia adiante.

- Não podemos deixar aqui, o navio poderia ser jogado contra rochas. - retrucou Boyd, erguendo o rosto e avistando Stiles. - Boa tarde doutor, fiquei sabendo sobre Tom, sinto muito.

- Obrigado Boyd, você tem coração. - bateu no ombro do homem, antes de encarar o mapa distraidamente. Este lhe chamou atenção, não por haver algo especial, mas sim pela falta de algo muito importante. - Tem um porto aqui, tinha uma cidade pesqueira, mas após um ataque pirata ela ficou vazia.

- A quanto tempo foi isso? - indagou Johnson já olhando o mapa com atenção. - Ele tem cerca de 5 anos, já temos até novas cidades mapeadas...

- O ataque pirata aconteceu tem quase trinta anos, alguns mapas mais novos do meu pai nem tinham mais o porto assinalado, mas ele deve existir.

- Atracamos no porto, se pegarmos essa rota devemos levar metade de um dia para alcançar a o pé da montanha. - Boyd bateu no ombro do rapaz sorrindo, animado com a ideia de finalmente terem uma rota. - Parabéns doutor, não teríamos conseguido sem você. - afirmou.

Stiles estava satisfeito de finalmente poder ter ajudado mais a sua tripulação. Fazia muito tempo desde que pensara no pai, e ficara surpreso ao notar que pensar no mesmo não doía como ele imaginava que doeria, quando ele decidiu virar um pirata.

O rapaz deixou seu trabalho de lado e passou o restante da tarde encarando o horizonte, pensando no que mudaria de ali em diante. Sequer se deu conta de quanto adormeceu, só sentiu a diferença quando as suas costas repousaram no colchão macio. Ele passara dias sem dormir trabalhando, o fato de ser muito imperativo também exerciam influência, então estar confortável fez com que o sono prolongasse.

Poderia ouvir a voz distante de Derek, jurava ter sentido seus lábios , mas já estava tão imerso no mundo dos sonhos que não sabia o que fora real. Mais uma vez, ele tinha a sensação de que o sonho seria diferente, como os que tivera após o ataque das sereias.

Beber, lutar, navegarOnde histórias criam vida. Descubra agora