XVI - Minha prisão

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Derek havia corrido na mata meio sem rumo, ele estava apressado em alcançar o nativo, tanto que mal percebeu a armadilha, e teria certamente pisado e caído nela caso Boyd não tivesse lhe puxado pelo braço para o lado.

Ambos os homens caíram no chão com um baque pesado, como estavam um pouco mais atrás não atraíram tanta atenção dos tripulantes, e logo Derek se levantou, olhando assustado para o pedaço de cipó que segurava o galho de alguma árvore com espinhos, os quais tinham um líquido escurecido nas pontas.

- Capitão... - chamou Boyd, e assim que recebeu atenção do mesmo, mal teve tempo de reagir antes de ver as costas da mão do homem se aproximando rapidamente de sua face, o estalo ecoando. - Mantenha o foco! Derek, eu sei que se preocupa com o doutor, mas se não manter o foco, não será capaz de salvar Laura!

Derek passou a mão pelo rosto sentindo o ardor devido a mão pesada de Boyd, mas logo assentiu, compreendendo que seria tolice sua agir com sua mente repleta de temores e dúvidas. O capitão por fim assentiu e estendeu a mão para o homem, este um daqueles de sua confiança, e prontamente se cumprimentaram, antes de continuarem a trilha, não muito longe dali, ouviram os gritos começarem.

-x-

Laura despertou sentindo a sua cabeça latejar e um enjoo intenso, podia sentir todo o seu corpo ainda dormente e pesado, ela virou o corpo e vomitou apenas um líquido levemente espumoso, ela não havia comido nada nas últimas... Não fazia ideia de quanto tempo estava ali, mas provavelmente fazia bastante tempo.

Seu navio havia atracado entre as rochas para se ocultar pouco após o nascer do sol, e parte de sua tripulação havia saído para fazer reconhecimento da área com intuito de voltar quanto sol estivesse no pico. Para seu desespero, entretanto, nenhum deles havia voltado, e ela tomou a decisão de ao por do sol sair com o restante de seus homens, já preparada para um combate e uma missão de resgate, afinal hostilidade de nativos era algo esperado.

- Capitã Hale! - um homem de pele bronzeada e fios negros e encaracolados aproximou-se dela, lhe ajudando a levantar-se. - Ela está bem, homens, agora temos de arrumar um modo de sair daqui.

- Capitão Derek já deve ter atracado, se ele vier despreparado... - um segundo homem disse, e somente então Laura parou para observar melhor onde se encontrava.

Haviam pelo menos quinze pessoas consigo, o que era apenas de 1/4 de sua tripulação, então supôs que os que não estivessem mortos, estariam em outro lugar. Tocando a parede, sentiu a mesma esfarelando, lentamente, era demasiada fria e úmido, a fraca iluminação da lua vinha de algum ponto acima. Erguendo os olhos, notou que haviam grades de bambu aproximadamente quatro metros acima do solo onde estavam, caso escalassem a parede ou subissem nas costas um dos outros, poderiam escapar dali.

- Essa prisão não é grande coisa, podemos escapar, Michelotto. - comentou sem olhar para o rapaz de cabelos negros que lhe apoiava.

- O objetivo deles não é nos manter muito tempo presos, capitã. - declarou o homem, por algum motivo seu tom fez com que um arrepio percorresse a espinha de Laura. - Só precisam nos manter drogados até que façam seu sacrifício ou a chuva venha, ou no pior dos casos...

- Viramos todos comida. - finalizou Laura, soltando o ar pesadamente. - Não podemos desistir ainda homens, aqueles que conseguirem ficar de pé tentarão subir, aqueles que não puderem, arrumaremos uma corda para os içar.  Conhecem o nosso código: Nenhum homem fica para trás. - declarou antes de se curvar e apalpar a bota que calçava, tirando dali de dentro um abridor de cartas.

Beber, lutar, navegarOnde histórias criam vida. Descubra agora