Neste momento eu, Peter Hale tomo as rédeas para contar a respeito de certo filhote que acabou cruzando seu caminho comigo oito anos atrás, e sobre como as coisas mudaram desde então.
- Abaixe o cotovelo Isaac, levante a ponta da espada! - eu gritei, antes de usar na lateral da espada para golpear o braço do garoto. - Cabeça erguida Lahey, olhos no seu inimigo, não na sua espada!
Eu observei-o colocar a mão no braço, sabia que o golpe não lhe ferira, mas certamente havia doído e deixaria uma marca vermelha, eu já havia notado como o louro ficava com marcas vermelhas e arroxeadas com facilidade.
Era ao mesmo tempo divertido e frustrante ter de treinar Isaac, uma vez que apesar do garoto tender a aprender rapidamente, seus movimentos com a espada eram fluídos e pouco precisos, e apesar de ao manejar uma espada a rigidez ser um ponto negativo, o modo com o qual se movia impedia ele de aplicar força o suficiente em seus golpes.
Não tive como não revirar os olhos ao notar como os olhos dele baixavam observando os próprios pés, e logo bufei irritado, acertando-o outra vez com a lateral da espada, dessa vez entretanto ele baixou a própria espada a colocando paralela ao corpo, o que diminuiu o impacto do golpe.
- Eu já disse filhote, olhos no oponente! - eu falei tocando seu queixo e o erguendo, talvez com um pouco menos de delicadeza, mas convenhamos, eu era o professor ali. - A espada é a extensão do corpo do oponente, veja como seus pés se movimentam antes de um ataque, ou como o pulso se direciona para o ponto onde ele vai atacar e bloqueie isso, ou encontre uma abertura e ataque. - enquanto eu instruía, golpeava o ar, demonstrando o que havia lhe explicado.
Isaac estava ofegante, mas os seus olhos estavam afiados absorvendo as informações novas, seus cachos estavam grudados na sua testa e nuca devido o suor. Eu me virei para ele e fiquei em guarda, pacientemente esperando que ele investisse, mas tudo que ele fez foi sentar no chão soltando a espada ao seu lado.
- S-Só uma pausa Peter, estamos treinando tem horas... - reclamou o jovem com a voz entrecortada e ofegante, ele ergueu os olhos pra mim, que apenas revirei os olhos e embainhei a espada.
- Dez minutos no máximo, depois vamos voltar ao treinamento. - cedi por fim, dando-lhe as costas e indo até a cozinha, apanhando duas canecas e enchendo ambas com rum.
Quando voltei para perto do garoto ele ainda se encontrava no mesmo lugar onde o havia deixado, e logo lhe estendi uma caneca enquanto me sentava no convés ao seu lado. Foi uma cena cômica, assim que Isaac sorveu um gole ele começou a tossir fazendo uma careta, ele não estava habituado com rum ainda.
- Da próxima vez lhe trarei cerveja. - prometi estendendo a mão e afagando seus cachos, não deixei de notar como o rapaz ficou rapidamente rígido ao me ver com a mão erguida. - Isaac, algo errado? - indaguei, pensando se havia feito ou dito algo errado.
- N-Não, é só... - as bochechas dele começaram a adquirir um tom vermelho. - Desde que minha mãe morreu, ninguém levantou a mão na minha direção sem ser para me bater. - confessou desviando o olhar.
Recordei-me então das outras vezes que havíamos conversado, como Isaac sempre parecia mais sombrio quando o assunto era seu pai. Imediatamente um sentimento de raiva tomou conta de mim, ache-me hipócrita se quiser, considerando que eu mesmo quase o matei duas vezes, mas o pensamento de alguém lhe ferindo me fazia quase perder o controle.
Na época, claro, eu não sabia ainda que eu já estava apaixonado pelo garoto, demoraria muito até que eu assumisse este sentimento, mas por hora, eu apenas aproveitei a distração do garoto e afaguei seus cachos uma segunda vez, antes de me inclinar tocando nossos lábios.
Eu fui correspondido do modo tímido e hesitante de um rapaz de 16 anos que nunca havia beijado antes, e eu sequer me incomodei em tentar aprofundar e forçar mais Isaac, e apenas afastei-me lentamente, colocando no rosto um sorriso divertido.
- Não se preocupe filhote, o único com autorização para lhe ferir de agora em diante sou eu, qualquer outro sofrerá se o tentar. - e bagunçando seus cabelos mais uma vez, esvaziei minha caneca e fiquei de pé desembainhando minha espada. - Vamos, acabou o descanso.
- C-Certo, estou pronto. - um tanto desajeitado, Isaac ficou de pé e puxou sua espada, assumindo novamente a posição de combate.
Isaac por seus movimentos ágeis se tornaria ainda um dos melhores espadachins que eu conheci, mas a sua verdadeira habilidade não era com a espada. Naquela mesma noite, enquanto estávamos afetados pelo álcool, iríamos apostar quem seria capaz de atirar no alvo próximo do centro, sendo que cada um teria direito a três facas.
Notaria Boyd acertar uma no meio e duas facas no círculo negro próximo do centro, eu acertaria as três facas bastante próximas do centro, mas Isaac iria acertar no centro todas as três vezes, com precisão e iria receber moedas de ouro de todos nós como pagamento antes de correr para vomitar no mar.
- Você provavelmente vai acordar no chão do convés inferior se dormir numa rede. - comentei enquanto carregava o garoto facilmente até minha cabine, não era como se tivesse todo conforto de uma casa no mar, mas um colchão e privacidade eram luxos que eu possuía.
O tempo todo Isaac reclamava sobre tosquia, acredito que até hoje eu saiba teoricamente como se faz graças à ele, mas assim que o coloquei sobre o colchão, ele estendeu os braços na minha direção enquanto balbuciava sobre não querer ficar sozinho trancado ali.
Sim, antes que me perguntem, eu acabei cedendo aos pedidos do Lahey, descobriria mais tarde que haviam poucos pedidos vindos dele que eu não acataria prontamente. Ele acordaria na manhã seguinte passando mal depois de todo rum e cerveja que bebera até que eu o ensinasse meu truque para controlar esses efeitos negativos.
- Se continuar atirando facas bêbado melhor do que sóbrio, lhe manterei com um cantil sempre em mão. - comentei entediado olhando ele errar o alvo. - Certo, estímulo lhe fará atingir o alvo.
Aparentemente entediado, posicionei-me na frente do alvo, estava pouco acima da minha cabeça. Não sei se por terror ou pressão, mas acabou funcionando a minha técnica, uma vez que o filhote atirou as facas com precisão semelhante as da noite passada. Assim que saí de perto do alvo, notei o quanto as mãos e pernas do rapaz tremiam, eu realmente havia o forçado até ali.
- Nunca mais faça isso! Se eu tivesse errado... - a voz de Isaac era um tanto quanto baixo, e tremia tanto quanto ele próprio.
- Isaac, eu sou seu professor aqui. - disse um tanto quanto sério, me aproximei dele com meus habituais passos lentos e firmes. - Vou te ensinar tudo que sei, você precisa separar... - eu planejava dizer para ele separar o que sente, no entanto antes que me desse conta, eu tinha novamente Isaac em meus braços.
E aquele fora o primeiro de muitos dos nossos beijos desesperados.
-x-
No próximo capítulo voltamos para trama principal pessoal, um grande beijo a todos.
Espero que tenham gostado, Yagami Hina.
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Beber, lutar, navegar
AdventureStiles Stilinski tinha todo um futuro imposto a si por seu pai, no entanto, quando o seu destino se cruza com o do capitão Derek Hale, seu mundo inteiro desaba. Seu dever com sua família e seu amor pelo mar passam a brigar dentro de si, e o que o jo...