Capítulo 13

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Está para ser inventada coisa pior que ressaca. Tanto a moral quanto a após bebedeira.

Acordei com a cabeça latejando e enjoada, como já era de se esperar. Levantei correndo e fui em direção ao banheiro. Com toda certeza eu iria ficar o dia inteiro no quarto. Nunca gostei de vomitar, as pessoas sempre dizem que dá uma sensação de alívio, mas pra mim, sempre foi repulsivo.

Como ainda era cedo, ninguém estava acordado. Volto para o quarto, pego minha escova de dente, e começo a tirar todo aquele gosto horrível. Olho no espelho e percebo que estou com a camisa de Alex. Recordações invadem a minha mente. Dou um tapa na testa"Fiz merda".

Ainda meio tonta e com a cabeça doendo, resolvo tomar um banho quente. Toda aquela água de um lado me relaxava, mas de outro, dava espaço para que minha consciência viesse à tona.

Eu fiquei três anos, focada apenas em me divertir e estudar. Relacionamentos para mim eram apenas casuais. Sempre estive certa a respeito do que eu queria e agora tudo parecia tão confuso e tão duvidoso. Sempre foi tão fácil dizer não e fugir, e de uns tempos pra cá, parecia que eu queria ficar. Parecia que eu precisava ficar.

Uma parte de mim estava certa de morar na Alemanha e passar a minha vida só construindo uma carreira. Ser independente seria a minha identidade. Eu não teria que dar satisfações da minha vida a ninguém, nem ter que lidar com crises de ciúmes, ou temer ser traída. Pelo contrário, liberdade seria minha casa. Porém, tinha meu coração dizendo pra eu não ir embora, pois já estava no meu devido lugar. E com a presença de Alex, era como se ele gritasse implorando pra dar uma chance.

Como eu gostaria de sumir por um tempo, ou que uma mágica pudesse me fazer esquecer o loiro de olhos claros e cabelos encaracolados. Como eu gostaria de não tê-lo conhecido. E por mais que eu tivesse certo trauma de tudo que envolvesse romance, com o Alex era diferente. Ele demonstrava verdade nos olhos e isso me doía ainda mais por ter que dizer adeus.

Desligo o chuveiro e começo a me trocar. Pego a camisa de Alex e a deixo dobrada em meu colchão escondida embaixo dos lençóis. Mais tarde eu devolveria. Passo até o refeitório e sinto o cheiro do café, peço um copo e saio em direção ao jardim. Resolvi voltar ao riacho e me sentar encostada em uma árvore.

Tudo era tão calmo, tão tranquilo que uma sensação de paz invadiu meu corpo. Vinham-me alguns lances da noite anterior e mais incertezas em minha mente. Eu respirei fundo e comecei a cantarolar, talvez, para não desabar. Bem que dizem que o barulho de água acalma, e de fato eu me sentia mais leve.

Se eu não estivesse com tanto sono, provavelmente eu ficaria lá por horas. Mas decidi me levantar e voltar a contemplar o meu lindo colchão.

- Pega um café pra ela. Duvido que ela demore a acordar - a voz de Kate soava longe.

- Tá, espera que eu vou lá. - foi a vez de Back.

Depois de algum tempo, sinto um cheiro muito bom e começo a acordar lentamente. Abro os olhos e encontro a figura de minha amigas, um tanto embaçadas por causa da vista sonolenta.

- Não falei. – convence-se Kate.

- O que vocês estão fazendo aqui? - pergunto com a voz meio rouca.

- Dormimos aqui. - lembrou-me Sam.

- Eu sei suas bobas. - digo coçando os olhos.

- Anda! Levanta! Seu café vai esfriar. – apressou-me Back.

Levanto um tanto preguiçosa ainda, e olho para elas com o cenho franzido:

- Sério isso? Vocês me dando café? Já sei! Ta envenenado? - desconfio.

No tempo certo - A distância LIVRO1Onde histórias criam vida. Descubra agora