Capítulo 17

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"Um cheiro delicioso invadiu a minha cozinha. Havia muito tempo que eu não preparava alguma coisa tão elaborada para o jantar. Seria eu e a companhia de um bom vinho. Arrumei a mesa como se fosse receber alguém especial, e estava animada, mesmo estando sozinha. A campainha toca e eu estranho. Abro a porta e me deparo com um verde intenso que ilumina toda a sala do meu apartamento. Era Alex com toda a sua beleza.

- Desculpa, mas eu não estava aguentando mais - ele diz entrando.

- O que aconteceu? - pergunto preocupada já que seu semblante era sério.

- Saudades. - ele sorri.

Respiro aliviada por saber que não há nada de errado.

- Por Deus Alex, você me assustou. - digo colocando a mão no peito. - Achei que fosse sério.

Ele levanta uma sobrancelha, incrédulo:

- Mas é sério. É muito sério. Posso morrer de saudade, sabia?

Dou uma risada e me aproximo dele entrelaçando meus braços em seu pescoço.

- Mas é muito bobo. - sorrio.

Ele pega na minha cintura e me puxa mais perto dele.

-Não sou bobo, sou apaixonado. - selando nossos lábios, ele explica.

Nosso beijo começa a ficar mais intenso. Alex tropeça caindo no sofá e caio por cima dele. Rimos daquela cena patética, mas voltamos a nos beijar. Ele arranha as minhas costas por dentro da blusa o que me faz arrepiar. Eu não aguentava mais toda aquela resistência e ele também não. Pena que por algum motivo, eu não consegui ver detalhes de do seu peitoral nu, mas ele era macio assim como meu travesseiro.

O dia amanheceu. Por um segundo me perguntei o que tinha acontecido. Eu estava com o corpo enrolado em um lençol no chão da sala, quando me dei conta do ocorrido. Dei um sorriso por lembrar. Olhei de um lado para o outro procurando por Alex, mas nem sinal dele.

Não me lembrava de ter comido a lasanha, e me levantei indo em direção à mesa. Ela estava intacta, exceto por um pedaço, o qual estava faltando. Avistei um prato sujo de molho e um guardanapo disposto à cima, rabiscado com caneta. "A lasanha estava deliciosa, assim como você. Vou em busca da sobremesa, adeus", dizia aquele pedaço de papel.

Um nó se formou na minha garganta. Ele não seria capaz de tamanho absurdo. O meu coração novamente tinha se partido em mil pedaços e o passado invadido a minha janela, ou melhor, a minha porta. Estava ele disfarçado de Alex, e eu o permiti entrar de braços abertos.

Amassei o guardanapo com todo ódio que se formara dentro de mim, joguei o prato no chão o partindo em vários pedacinhos assim como meu coração estava mais uma vez.

Caí no chão e não consegui conter as lágrimas".

Nesses últimos três meses, meus pesadelos não me deram trégua um único dia sequer. Eles não eram nenhum pouco castos, mas nem um pouco agradáveis também. O último eu acordei suando, com uma falta de ar tremenda. Fiquei o dia inteiro sem falar com Alex, e fiquei pensando se não era algum sinal me dizendo para fugir enquanto ainda tinha tempo. A sensação era a pior do mundo. Entretanto era só um pesadelo, nada demais, assim eu esperava.

Kate e Mat estavam namorando. Os olhinhos de uma das minhas melhores amigas brilhavam todas as vezes que tocava no nome de seu namorado. Dizia ter encontrado a pessoa certa e se dependesse dela, viveriam felizes para sempre. Não que eu estivesse gorando, longe disso, mas felizes para sempre me arrepiava só de lembrar da frase final de todos os livros de romance. Mesmo que o narrador não mencionasse, a grande maioria dizia internamente: " E viveram felizes para sempre". Mas apesar de tudo, Kate estava feliz, e isso valia mais que tudo. Estávamos num jantar, logo que voltamos do acampamento. Num momento Mat parou pedindo a atenção de todos:

No tempo certo - A distância LIVRO1Onde histórias criam vida. Descubra agora