Capítulo 15

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Acredito que nem os maiores psicólogos do mundo conseguiriam me entender. Bipolaridade talvez seria o melhor diagnóstico, mas ainda assim, não estaria completo.

Não há palavras no mundo que define o que estava sentindo nessa hora. Era uma mistura de felicidade e desespero ao mesmo tempo, como se uma corrente elétrica percorresse todo o meu corpo. Em meu rosto tinha um sorriso bobo, e uma vontade louca de rir e chorar ao mesmo tempo.

Era a minha vez. Eu estava mais nervosa na descida, não somente pelo fato de a adrenalina ser maior, mas porque eu encontraria Alex sobre as águas. Subi a escada a qual estava encostada em uma árvore, praticamente tremendo. Praticamente não, eu estava tremendo. Encarei a passarela, respirei fundo e fui. A ideia que se formava em minha cabeça era de Alex me esperando de braços abertos e eu o correspondendo. A minha barriga congelou. Eu já havia descido a tirolesa várias vezes, mas aquela sensação no meu estômago e em meu coração era totalmente diferente. Olhava para o riacho e para um Alex completamente feliz.

- Liza, vem!... Anda logo, a água está uma delícia. - gritava o encaracolado lá de baixo.

Ele tinha razão. Eu não podia ficar contemplando o movimentar das águas por muito tempo, havia mais pessoas querendo descer. Fechei os olhos e segui. O medo já não me dominava mais, se é que era isso que eu estava sentido naquele momento, eu então dei espaço para que minhas pupilas pudessem registrar toda aquela cena.

Alex vinha ao meu encontro. Soltei- me e caí a sua frente, rindo sem parar. Ele começou a jogar água em minha direção, e eu gritava ao mesmo tempo em que tentava retribuir. Porém ele era mais rápido e mais forte que eu, quando vi uns olhinhos verdes me encarando com brilho nos olhos. Ele parou a minha frente, colocando uma mecha do meu cabelo, ensopada, atrás da orelha, e deu um sorriso. Um nó se fez em minha garganta levantando uma enorme vontade de sumir dali. Sair correndo sem um destino definido, mas eu praticamente estava presa. Tanto porque não conseguia me mexer, quanto porque não havia como sair dali. Apesar de tudo, ainda me restava juízo suficiente para não sumir e deixar o acampamento todo preocupado.

Alex, como já era de se imaginar, deu-me um beijo. Pude ouvir de longe algumas pessoas comentando, outras ovacionando. Porém a única coisa que gritava mais alto era o meu coração, o qual sapateava com vontade.

Quando todos já haviam descido, praticamente fora feito uma festa no riacho. Ele não era muito grande, então ficou um pouco apertado, de forma que eu ficasse ainda mais perto de Alex. Uma música começou a soar, um estilo o qual eu conheço muito bem: eletrônica. Nada podia ser melhor quando a música consegue penetrar o seu interior e faz cada parte do seu corpo se movimentar, fazendo com que você simplesmente se entregue ao ritmo e a essência da melodia. A batida, quando envolve seu coração, é como se ela te manipulasse, é como se ela tomasse conta do seu interior e preenchesse cada vazio. Era como se você estivesse apaixonada. Alex era a minha música. A música que eu daria replay quantas vezes fossem necessárias. A música que me faria chorar, arrepiar, enlouquecer e querer mais. Mas era a música que de todas as maneiras possíveis eu tentava tirar da minha cabeça.

Ao final da tarde todos estavam cansados e cogitei a possibilidade de não ir à festa a noite. Querendo ou não já havíamos tido uma, então faltar a outra não seria tão ruim. Entretanto, era o ultimo dia e cada momento deveria ser aproveitado. As meninas e eu bem como os meninos, decidimos dormir um pouco até dar o horário da festa.

Estava entregue a meu colchão de corpo e alma, mas não de mente. Ela se concentrava em olho verdes, cabelos enrolados, lábios rosados, e o sorriso perfeito. Virei-me em direção ao nada. Pressionei meus olhos na tentativa de conseguir dormir, só que eu podia enxergar Alex em minhas pálpebras.

No tempo certo - A distância LIVRO1Onde histórias criam vida. Descubra agora