Capítulo 27

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"Se houver amor em sua vida isso pode lhe compensar muitas coisas que lhe fazem falta. Caso contrário, não importa o que tiver, nunca será o suficiente". (Nietzsche)

Quatro meses se passaram e a cada dia eu me sentia diferente. Meu humor oscilava constantemente e pesadelos se tornaram minha companhia noturna. Todo esse tempo eu fiquei numa correria constante, trabalhava período integral e estudava a noite, até aí nada diferente da minha rotina no Brasil. Entretanto, viver na Alemanha não é uma tarefa muito fácil ainda mais com o salário de estagiária, e aquele montante arrecadado no Brasil, já estava acabando. Papai prometeu me ajudar, mas pedi que ele parasse, depois de muita insistência. Sendo assim, comecei a trabalhar, inclusive nos finais de semana, pra ser mais exata no sábado. Um salão de beleza da cidade estava precisando de uma maquiadora e pensando nas palavras de minhas amigas no dia do acampamento, acabei tentando entrar nesse ramo, e ao que tudo indica, eles gostaram do meu trabalho. Domingo era dia de estudar para as provas e quando sobrava um tempinho, eu dormia a tarde inteira, ou pelo menos tentava.

Acontece que meus planos de conhecer cada canto da Alemanha se tornavam cada vez mais limitado, mas eu acabava por ocupar a cabeça e pensar menos em Alex. Ou não. Como estávamos em Dezembro o outono nos recebia com o frio, mas as férias na faculdade estavam chegando, o que deixava a situação um pouco mais tranquila.

Férias. Realmente eu estava precisando, até porque Eveline não era obrigada a aguentar minhas crises nem a minha falta de controle sobre meus sentimentos. Dona Amélie, uma simpatia como sempre, tornou-se como uma avó e isso acalentava a falta que eu sentia de Dona Branca. Vovó nunca foi ligada às tecnologias e raramente eu conseguia um contato com ela. Precisava tanto de seus conselhos, apesar de que os últimos, eu acabei ignorando todos e fechando meu coração de vez dando preferência ao meu sonho.

Com toda essa correria, minhas amigas e eu nos comunicávamos apenas por mensagens de texto, mas ainda assim, a diferença de horários entre as visualizações era gigantesca. Mas pelo menos eu ficava por dentro das novidades. Por falar em novidades, Mat e Kate decidiram morar juntos, algo que eu achei muito precipitado, mas ao que parece estão felizes. Sam e Jhony continuam firmes, minha amiga Back está num relacionamento pela internet com um rapaz que mora em outra cidade e dizer a ela o quanto isso seria perigoso soava careta demais a seus ouvidos. Carter e Daniel estavam bem, continuavam sendo os de sempre, muitas festas, muitas garotas. Alex, bem, eu procurei não saber dele. Achei que seria melhor não me envolver. A formatura deles estavam próximas, mas infelizmente eu não as assistiria.

Era sexta-feira e eu tinha que entregar um último trabalho na segunda-feira, e gostaria de aproveitar meu tempo vago no estágio para fazê-lo, mas eu havia esquecido meu caderno, aliás eu o havia perdido, pois não estava em nenhum lugar no meu apartamento e aquilo me deixava com mais raiva ainda. Perguntei a Eveline se a mesma tinha visto, mas ela negou, perguntei na secretaria da faculdade, mas ninguém tinha informação a respeito, ou seja, eu teria que usar apenas dos meus conhecimentos e da minha boa memória para conseguir fazer o trabalho. Sempre fui uma obcecada em apresentar trabalhos de faculdade e por um segundo apenas, eu me lembrei da minha primeira discussão com o Alex.

Balancei a cabeça afastando esses pensamentos que hora ou outra vinham sem minha permissão e continuei a minha caça pelo caderno, até que desisti e resolvi ir para casa.

- Senhorita Liza! - Ralf, o porteiro me chama quando eu estava prestes a entrar no elevador, o que me fez dar uns passinhos para trás.

- Sim...

- Por acaso este caderno é seu? - ele pergunta com aquele objeto em mãos e meus olhos brilham no mesmo instante.

- Sim, onde achou? - pergunto enquanto ele me entrega.

No tempo certo - A distância LIVRO1Onde histórias criam vida. Descubra agora