Capítulo 25

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" - Liza, Liza, onde você estava? - Aquele garotinho arfava. Parecia cansado em me procurar.

- Estava aqui o tempo todo. - digo sentada em um balanço cujas alças eram todas cobertas com flores.

- O que está fazendo aí sozinha?

- Estou olhando as macieiras. Estão secas, sem frutos, o que aconteceu? - perguntei com o coração apertado.

- Não está no tempo. - ele responde.

- O que quer dizer? - franzo o cenho sem entender encarando aquele ser ao meu lado o qual eu desconheço.

- Que agora não é o momento. No tempo certo ela irá florescer novamente.

- E qual é o tempo certo? - fiquei curiosa

- Ninguém sabe. - ele encosta ao balanço e suspira.

- Como assim? Significa que elas podem ficar assim pra sempre? - estava atônita.

- Só se ela for muito teimosa. Pode levar um bom tempo.

- Então ficarei aqui e esperarei para vê-las frutificarem novamente.

- Oh Liza, não seja tola, pode levar anos, séculos. Se ficar aí esperando, o tempo vai passar mais devagar, mas se for vivendo a vida, quanto menos você se der conta ela vai estar linda novamente. - explicou-me aquele garotinho.

- Mas é tão triste vê-la assim. Por que ficou desse jeito?

- Quando vem tempestades constantes, mais ela vai se desgastando. Fica mais difícil dela conseguir ser forte o suficiente para permanecer. - o garotinho era paciente ao mesmo tempo em que eu era tão ignorante.

- Ela sozinha vai conseguir se transformar numa linda macieira novamente? - alguma coisa para mim não fazia sentido.

- Bem, se o tempo for gentil, se um grande agricultor souber cuidar dela, seu aspecto vai melhorando aos poucos, mas ainda assim, vai demorar um pouquinho para elas ficarem belas novamente. Hoje você as olha desse jeito, de repente num amanhecer qualquer, ela será a macieira mais bela de todas. - o garotinho sorria e suspirava.

- Quer dizer que ela pode ter uma segunda chance? - estava esperançosa.

- Todos tem uma segunda chance, mesmo que não seja do jeito que planejamos e a tarefa seja ainda mais difícil.

- Ei? Por que está me cutucando, para, está me machucando. - ele repetia seus movimentos sem parar e..."

Abro os olhos assustada e me deparo com uma moça cujos cabelos estavam presos em um coque e a mesma usava um uniforme azul marinho. Fiquei assustada com a sua imagem e levantei-me num impulso.

- Senhorita, me desculpe. Não foi minha intenção assustá-la. Só queria dizer que o avião já vai pousar. - disse a aeromoça.

- Tudo bem, obrigada. - agradeço com a voz um pouco rouca.

Coço os olhos e me espreguiço. Eu havia dormido por um bom tempo e nem tinha me dado conta que estava chegando. O céu estava escuro e isso me deu certo medo a ponto de me abraçar e respirar fundo tentando controlar o nervosismo.

O avião pousou e já com as malas em mãos eu encarava aquele imenso aeroporto de Frankfurt. Peguei um ônibus de lá e fui em direção a minha mais nova cidade.

No tempo certo - A distância LIVRO1Onde histórias criam vida. Descubra agora