Capítulo 20

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A distância nunca foi algo agradável. Independente do tempo que ela dura, dos motivos os quais fizeram com que ela existisse, a saudade sempre vem te dizer bom dia e quando menos você se dá conta, ela se torna a sua melhor amiga.

Tudo te faz lembrar aquela pessoa, cada ambiente, cada canto, cada cheiro, por mais bizarro que seja, as lembranças aparecem. Os dias sem Alex foram perturbadores, pois eu estava numa guerra comigo mesma por não conseguir controlar meus sentimentos. Será que ele estava pensando em mim? Será que ele estava sentindo minha falta? Por que me importo tanto com isso?

Durante a semana eu não respondi nenhuma mensagem de Alex. Algumas eu acabei esquecendo, outras não deram tempo, e muitas eu preferi ignorar. Com certeza ele estaria pensando que eu o havia esquecido e não estava nem um pouco se importando com ele. Mal sabia ele do meu estado.

Quando você conhece alguém e sente alguma coisa por essa pessoa, a correspondência, a reciprocidade te leva nas nuvens. Um sorriso bobo invade o seu rosto e ansiedade toma conta do seu corpo. Eu odiava sentir aquilo. Sentia-me fraca e vulnerável. Tentava de todas as formas, ocupar minha cabeça fazendo coisas aleatórias e sem sentido.

Lucky era a minha maior companhia. Um cão adorável, fofo, e muito simpático que com o tempo acabou se acostumando com o novo ambiente e ficando mais calmo. Acordava todos os dias bem cedinho para passear com ele e tentava voltar pra casa no horário de almoço pra passar um tempo com aqueles olhinhos claros. Aqueles olhos de certo modo me lembravam o encaracolado, então eu abraçava Lucky tentando conter a saudade. Conversava horas com ele antes de dormir, contava minha rotina, o que eu estava sentindo. Cachorros são bons ouvintes, ele me ouvia atentamente e em alguns pesadelos ele me acordava, deitava em minha barriga e esperava eu adormecer novamente. Sentiria falta dele quando Alex chegasse para levá-lo.

...

Dia dos pais era sinônimo de almoço na casa de Dona Branca. Ela chamava todos os filhos e suas respectivas famílias. Eu não os via com tanta frequência, pelo contrario, só em datas comemorativas, isso quando tinha algum tipo de comemoração. Papai era o filho mais velho, tendo dois irmãos. Tio Henri era o do meio, casado com Emily, uma simpatia em pessoa, eles eram pais de Emma, minha prima advogada. Eram os únicos da família que ainda tinham um relacionamento mais sólido. Tio Ian era o mais novo e devido a sua aparência de garotão, nunca casou. Eu não me dava muito bem com ele. O mesmo não perdia a oportunidade de me zoar quando eu era mais nova e fazia questão de enfatizar que seu não parasse de comer ninguém iria gostar de mim. O resultado disso era um enorme culpa e a solução mais plausível é eliminar aquilo que te faz mal.

Entretanto, o dia dos pais deste ano seria diferente. O dia estava maravilhoso, céu claro, poucas nuvens e um sol radiante. Um dia que não combinava nem um pouco com o ambiente de um hospital. Estacionei meu carro, respirei fundo, e sai, entrando e indo direto a recepção.

- Liza! - alguém me chama.

Viro-me para trás e vejo um Alex com os olhos trêmulos e um semblante não muito agradável. Sem pensar muito eu o abraço. Abraço com toda a vontade e sinceridade do mundo. Como eu sentia falta do seu colo. Porém, ele não corresponde com a mesma intensidade. Afasto-me e o encaro com o cenho franzido me perguntando o que aconteceu.

- Achei que iria ignorar mais uma mensagem minha. - ele morde o maxilar.

- Alex, desculpa. Foi uma correria essa semana, eu acordei todos os dias super cedo pra passear com o Lucky, chegava em casa tarde e quando não caia de sono eu aproveitava pra estudar. Desculpa.

- Tudo bem. Já me acostumei com o fato de seus estudos, trabalhos e outras coisas relacionadas a isso, virem primeiro. Eu é que sou um idiota.

- Ei! Estou aqui não estou? Prometi que viria. - tento convencê-lo.

No tempo certo - A distância LIVRO1Onde histórias criam vida. Descubra agora