Depois que eu mandei a mensagem ao Alex em nenhum momento eu obtive retorno. Pensei em várias possibilidades para que ele não me respondesse: o e-mail teria parado na lixeira, ou ele não havia recebido, ou estava sem internet, quem sabe mudado de e-mail, ou não conseguiu me ligar. Até mesmo o contrário, ele me mandou uma mensagem, mas não consegui abrir. No entanto, a única que se fazia mais certa na minha mente, era a de que ele me odiava. Eu não o culparia, até porque a única culpada nessa história toda seria eu.
Parecia uma adolescente apaixonada, ou melhor, a boa e velha Liza apaixonada. Sempre achei bobagem esse desespero todo das garotas por esperar loucamente uma ligação no dia seguinte e nesse momento eu estava exercendo esse papel perfeitamente. Andava de um lado para o outro pensando no que poderia ter acontecido e no que eu deveria fazer. Estava uma verdadeira boba imaginando se tudo desse certo e sorria por estar confiante e por desesperadamente desejar tê-lo por perto. Mas me angustiava a cada segundo, minuto, dia, em que uma mensagem não fora recebida.
A cada toque do meu celular meu coração vibrava, cada toque do meu notebook era como correr uma maratona faltando poucos segundos para a linha de chegada. Olhava a nossa foto pela tela do telefone e ficava contemplando todos aqueles cachos, os quais formavam um conjunto perfeito de seus cabelos, ou encarava aqueles olhos verdes tão intensos, os quais me deixavam hipnotizadas, tudo isso até conseguir pegar no sono, ou pelo menos tentar, já que não parava de pensar nele um segundo sequer.
Andava com todos os aparelhos eletrônicos possíveis comigo a todo lugar que eu ia esperando ansiosamente por uma resposta. Peguei-me chorando algumas vezes desesperada e com medo achando que era melhor que ele não respondesse, mas era só o celular apitar que uma esperança surgia. Estava uma verdadeira idiota por agir assim, mas eu não estava ligando.
Todas as horas em que eu estava no estágio pareciam eternidades e a minha concentração estava corrompida. Cada processo em minhas mãos, cada caso que batesse a porta, por mais que eu fazia com toda a dedicação do mundo o meu trabalho, a ansiedade era a minha companhia.
Meus colegas de trabalho em inúmeras ocasiões me pegaram mordendo a caneta e encarar o teto. Às vezes diziam que eu estava sorrindo feito uma boba, e em outras que falavam comigo e eu nem sequer me mexia.
- Ei liza, aconteceu alguma coisa? - um deles estala os dedos a minha frente quando eu digito apenas a primeira palavra da minha petição.
- Oi? - pergunto sem muito interesse.
- Está com cara de boba apaixonada, preciso desses processos encaminhados para amanhã, lembre-se, prazo é algo muitíssimo importante. - meu chefe chamava a minha atenção e eu toda constrangida terminava de escrevê-la. Minha sorte o doutor ser bem tolerante. Ficava a noite andando pelas ruas de Heidelberg olhando todas luzes. Muitas vezes eu escutava os alemães cantando e se eu soubesse a letra eu poderia acompanhá-los sem me preocupar se eu iria ou não desafinar, ou se alguém estivesse me olhando. Apenas sorria e sentia estar flutuando. Abraçava-me para tentar aquecer o frio, e imaginava sentir os braços de Alex. Meus dias estavam sendo assim, um sorriso bobo, uma música aleatória e a mente divagando.
Eveline veio em casa todo esse tempo me visitar. Ficávamos horas conversando coisas aleatórias e ela me perguntava sobre o Brasil. Expliquei toda a minha história para ela e Eve ficava abobada pelas informações que recebia.
- Liza, como assim você deixou um homem doidinho por você no Brasil? Sua louca.
- Eu sei. Isso é um arrependimento que eu vou carregar por um bom tempo. Mas de todo jeito, agora eu posso dar a ele o que ele tanto queria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No tempo certo - A distância LIVRO1
Romance(Revisado) Se você tivesse sua vida inteira planejada, o que te faria abrir mão de seus sonhos? Após um longo histórico de decepções amorosas, Liza decide fechar seu coração por completo. Sendo assim, ela dedica a sua vida a uma carreira profissiona...