Capítulo 5

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Sentia uma raiva enorme percorrer todo seu corpo, conhecia e odiava esse tipo de homem. 'Conquistador barato', gritou ao cruzar a porta de casa. Ele conseguiu destruir seu dia em poucos minutos. Deixou a foto sobre a mesa de centro da sala junto às suas chaves. Soltou seus cabelos e penteou-os com os dedos para trás. Foi até o banheiro tomar um novo banho e se acalmar com a água fria. Deixou que a água caísse como cascata, contornando seu corpo, enquanto se mantia parada em baixo do chuveiro.

"Não precisa, estou indo. Aliás, adorei seu nome, 'Não interessa'." - E depois aquele sorriso debochado em seu rosto, respirou fundo e descontou na parede o tapa que gostaria de ter lhe acertado, 'ai' resmungou. Inclinou o rosto para cima, deixando que a água o acertasse, e ficou assim por quase meia-hora.

- Anahi, que foto é essa aqui? - Dulce gritou da sala.

- Me dá isso! - Puxou da mão dela, Dul assentiu. - Foi um idiota na rua, San Diego tem tarado demais para o meu gosto.

- Que história é essa? - Ela riu. Anahi continuou a olhando séria e com os braços cruzados. - Ok, não vou mais rir, mas agora conta. - Ela contou, explicou como tudo tinha acontecido. Dulce só ria.

- Não foi você quem disse que não iria rir? - Arqueou a sobrancelha.

- Você está zangada a toa, ele não fez nada demais. - Sorriu e lhe tocou o ombro. - Você não acha que está estressada demais?

- Acho... - Suspirou - Mas também, desempregada e presa nessa casa o dia todo, vou ficar como?!

- Prometo que assim que eu tiver uma folga, vou te ajudar a achar alguma coisa. Não desanima, Any. - Colocou uma mecha da loira para trás.

- Se até um ano eu não conseguir nada aqui... Volto para Annapolis. - Dulce assentiu com um sorriso triste no rosto.

******

Uma semana se passou, Anahi estava agora mais motivada, fazia novos croquis quase todos os dias. Dulce e Christopher eram seus críticos e davam as opiniões, o que era engraçado porque na maioria das vezes discordavam. Christian jantou com eles noite passada e se propôs a conseguir um emprego temporário para a loira em uma das exposições de arte que promovia.

A semana estava sendo mais calma, já conseguia sorrir mais e seu choro deixou de ser todos os dias. Começara a se acostumar com a idéia de que Derrick não estava mais ali fisicamente, em carne e osso, mas que emocionalmente sim. Ele ainda vivia em seu coração e sua memória, isso a confortava. Não tanto quanto gostaria, mas o bastante para mantê-la de pé. Rezava todos os dias ao acordar e todas as noites antes de dormir, era uma das formas de se sentir mais próxima dele. Conversava também com Joana, desde a morte as duas criaram uma relação maior do que tinham antes do fato, apoiavam uma a outra. Se telefonavam pelo menos uma vez por semana, não queriam perder essa ligação, Derrick as uniu e ficaria feliz em vê-las honrando esse laço. Dulce fazia de tudo para sempre deixar a irmã o mais a vontade possível, queria fazê-la se sentir realmente em casa e dar o apoio sincero para que retomasse todos os sonhos.

Era ainda início de tarde e elas estavam como duas adolescentes sem preocupações sentadas no sofá dividindo uma tigela de brigadeiro. Aprenderam a receita quando viajaram uma vez para o Brasil, era um dos destinos preferido delas.

- É tão bom ficar assim, me lembra a nossa infância. - Lambeu a colher que continha restos do doce.

- Nossa infância foi incrível, tinha tudo para ser horrível, mas nos encontramos e fizemos dela maravilhosa. - Dulce sorriu enquanto se recordava.

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