Inevitable

Capítulo 43

Quatro semanas em Paris, já estava bem instalada, tinha seu próprio apartamento e começava a criação da sua primeira linha de roupas. Mesmo eufórica com tudo que acontecia, ainda se pegava com os pensamentos distantes em alguns momentos quando estava só. Sentia saudades absurdas de todos, desde Dulce a Maite. Com pouco tempo livre na sua agenda, não tinha mais tempo de conversar com eles como no início, quem mais se comunicava era sua irmã, a ajudava nas escolhas do casamento e se propôs a fazer seu vestido de noiva.

- Pela sua cara está pensando em algum boy... - Vicent entrou no seu escritório com um punhado de pastas e a entregou.

- Não só no boy como também na vida que deixei para trás. - Apoiou a cabeça na mesa.

- Pensa que está realizando seu sonho e depois que conseguir será livre para retomar sua vida. - Afagou seus cabelos espalhados pela mesa de madeira rústica.

- É o que me faz sentir melhor, mas não tenho certeza que será igual... - Levantou o rosto e suspirou.

- Vai ser melhor! - Acariciou seu braço - Te trouxe esses catálogos para que decida o que vai entrar no desfile.

- Ok, vou dar uma olhada, mas não tenho pressa... Só quero apresentar a marca depois do casamento da minha irmã. Sabe se as costureiras começaram o vestido?

- Não, mas ainda essa semana elas farão.

- Acho que vou dar uma passada na fábrica amanhã, quero participar de cada detalhe. Será que ela vai gostar do design?

- Meu amor, você é a nova rainha da moda, sua irmã vai ser a primeira a usar uma peça sua, ou seja, lacre puro! - Riu.

- Vicent, você é meu amorzinho! - Mandou beijos no ar - Se quiser está dispensado, vou trabalhar nisso mais um pouco.

- Ok, tenho um encontro e amanhã nos falamos. Boa noite, darling!

- Quero saber dos detalhes desse encontro depois ein... - Sorriu.

Suspirou olhando para a quantidade de pastas em cima da mesa, se levantou e serviu um pouco de vinho tinto para si. Caminhou para a janela retangular e grande do escritório, a maior parte da luz vinha do lado de fora. Bebeu um gole com os olhos paralisados na torre, que mesmo sendo longe da onde morava, dava para vê-la muito bem. As luzes da cidade refletidas nos seus olhos azuis traziam tanta esperança e conforto.

#San Diego

Alfonso aceitou sair com Eddy e Zoraida para um bar naquela quarta-feira depois do expediente de trabalho. Foram a um bar de música ao vivo, inclusive encontraram com Dulce e Christopher que acabaram se juntando a eles na mesa.

- Ela é irmã de Anahi? Com todo respeito, a família de vocês é muito bonita! - Zoraida tocou o ombro de Eddy o recriminando.

- Obrigada. - Sorriu sem jeito.

- Eles vão se casar em alguns meses, não é mesmo? - Poncho interferiu.

- Isso mesmo, estou ansioso e nervoso, é um passo muito grande que apesar de assustador me sinto pronto e seguro. - Ucker sorriu acariciando o braço da noiva.

- Nós preferimos pular o casamento, moramos juntos, mas nunca pensamos nessa hipótese. Devem estar muito felizes. - Zoraida bebeu um gole de cerveja.

- Estamos, é uma sensação incrível!

- Já comprou o vestido de noiva?

- Não, na verdade minha irmã quem vai fazê-lo, mas pelo que ela me deixa ver dele está ficando perfeito. - Seus olhos brilhavam só em citar o grande dia.

- Você vai né, Poncho? Conto com você lá cara, e sei que outra pessoa também. - Christopher piscou com um sorriso malicioso nos lábios.

Alfonso sorriu e balançou a cabeça negativamente, disfarçou bebendo mais um pouco da bebida.

- Posso dizer que ele também está doido para ver essa pessoa, sabe, essa mulher mudou sua vida, não é mais o mesmo. - Eddy gargalhou.

- Não duvido, comigo foi igual, existe algo nessa família que nos faz perder a cabeça. - Riu baixinho. - Mas você não me disse, vai ou não?

- Óbvio que sim, você já é meu parceiro cara!

Continuou com eles por mais um tempo e depois que todos já estavam se entendendo bem, e percebeu que estava sobrando, se despediu e voltou caminhando para casa.

- Espera aí. - Olhou para trás procurando quem era.

- O que você quer? - Cruzou os braços e olhou sério para Velasco.

- Só me oferecer para te fazer um favor, amanhã estou indo para Paris, encontrar a Any, você sabe... - Alfonso continuava com o maxilar trincado o olhando sorrir - Quer que a leve algum recado?

- Você está brincando comigo? Veio aqui para me provocar, só que acabou perdendo seu tempo. Se eu precisar falar com ela falo por mim mesmo. Babaca! - Virou-se de volta e continuou andando. Sentiu sua mão tocar seu ombro e respirou fundo virando-se de volta.

- Ainda está cheio de esperanças não é? - Gargalhou - Aceita que acabou, ela preferiu viajar do que ficar com você, pelo amor de Deus!

- Não, ela escolheu o sonho dela e estou feliz que tenha feito isso. Acontece que não preciso ficar me rastejando pelo o amor dela como você, ordinário.

- Vamos ver se não. Depois de amanhã eu te conto como foi a nossa noite, tchau. - Acenou sorrindo debochado. Alfonso fechou o punho com força e acertou um soco em seu rosto. Velasco cambaleou para trás quase caindo no chão. Sorriu com a mão sobre o ferimento e logo em seguida o atingido com outro soco, dando início a uma luta corporal aparada por alguns caras que passavam na rua.

Alfonso esperou que entrasse no carro para continuar seu caminho de volta para casa. Estava com um corte na boca e outro na mão, além de alguns ralamentos, porém estava com tanta raiva e o sangue fervendo que nada disso importava. Arremessou um copo de vidro contra a parede da sala de estar. Apoiou as mãos na mesa e abaixou a cabeça suspirando.

- O que aconteceu com você? - Maite entrou de mãos dadas com Samuel.

- Papai, está dodói? - Ele olhou para Maite com os olhinhos preocupados.

- Não foi nada filho, papai caiu brincando. - Sorriu de lado e foi para o quarto.

- Fica aqui, meu amor, já volto. - Beijou sua cabeça e foi atrás de Alfonso no quarto. - Deixa eu ver isso, onde está o kit de primeiros socorros? - Ele apontou com o queixo para o local e ela buscou fazendo o curativo. - Não sabia que costumava brigar na rua.

- Só quando sou provocado. - Deu os ombros - O que veio fazer aqui, não é seu dia?

- Sim, queria saber se podia ficar com ele para eu sair, mas deixa para lá, você já tem problemas demais.

- Eu fico, ele não é um problema na minha vida e você merece se divertir um pouco, vai sair com seu namorado?

- Quê? - Arregalou os olhos o encarando.

- Não precisa ficar assustada, isso é normal. Torço pela sua felicidade, Mai.

- Ele não é meu namorado, mesmo assim, obrigada. - Sorriu de lado - Prometo que não demoro.

- Não se preocupe, pode buscá-lo amanhã. Agora faça um favor e se divirta. - Piscou.

- E você se cuida, por favor. - Beijou sua cabeça. Se despediu de Sam na sala e saiu.

Ele se trocou para depois juntar-se ao filho na sala, assistiram desenho animado até altas horas da noite. Sam dormiu, mas Alfonso mal conseguia fechar os olhos, lembrava-se com nojo cada palavra dita pelo maldito Velasco. Não foi a toa que não foi com a cara dele desde o início, seu olhar soava tão falso.