Inevitable

Capítulo 11

Naquela semana Anahi e Alfonso não se encontraram mais, nem trocaram palavras, ele não ligou ou mandou mais mensagens. Ela o estava evitando e não iria bancar o chato que fica em cima 24hrs por dia. Preenchia seus dias com muito trabalho, ficava no estúdio na maior parte do tempo, às vezes caminhava pelo parque, tinha esperanças de que ela aparecesse, mas nada.

Any continuava confusa, estava dividida entre seu coração e sua cabeça, às vezes sentia vontade de correr até Alfonso e se entregar, em outros momentos sentia medo dos seus sentimentos, estes que nem sabia quais eram. Tinha medo do que as pessoas diriam, fazia tão pouco tempo que estava viúva e já se sentia atraída por outro homem.

Dulce continuava desconfiada de que havia algo errado com a irmã, nessa semana que esteve em casa percebeu melhor a inquietação e mudança de comportamento de Any. Ela parecia angustiada, como se quisesse lhe contar algo, mas a coragem sumisse sempre.

Em uma das tardes, Anahi conversou com Joana pelo telefone.

#telefone#on#

- Como está minha querida?

- Vou bem, e a senhora?

- Estou bem também! Já conseguiu um emprego?

- Não. Está bem difícil. - Suspirou.

- Sinto que está preocupada, o que está havendo? - Não conseguia esconder nada dela, sempre percebia quando tinha algo errado, como uma mãe.

- Não é nada, só um pouco cansada.

- Sabe, outro dia sonhei com você. - Fez uma pausa e sorriu - Você se apaixonava outra vez, Any. Era um lindo rapaz! - Anahi gelou por um momento.

- Não quero me apaixonar. - Afirmou, tentando convencer a si mesma.

- Ah, mas isso não depende de nós ou do que queremos, a paixão surge quando menos esperamos e se for tão intensa, acaba se tornando amor. Deus quem escolhe, Anahi. Não nós! - Sorriu - Talvez ainda não tenha surgido alguém, mas vai, sinto isso.

- É... Vamos deixar que o tempo diga. - Sorriu de lado.

Conversaram mais um pouco e depois desligaram. As palavras de Joana rondavam sua cabeça, parecia que sabia sobre Alfonso.

#telefone#off#

Sábado a noite aceitou sair com Christian, eles foram a uma balada. Não se sentiu confortável no início, mas aos poucos foi se soltando. Ele era uma ótima companhia sempre. Sentou-se no balcão após dançar com ele algumas músicas mais calmas, o observou dançar na pista com uma moça bonita e sorriu. Bebeu um pouco de tequila e logo depois o viu se aproximar, sentando ao seu lado.

- Que carinha é essa? - Acariciou seus longos cabelos loiros.

- Não é nada, só estou repondo as energias. - Sorriu - Ela é bonita, deveria conhecê-la melhor. - Apontou com o queixo em direção a menina com quem ele antes dançava.

- Para de querer achar o amor da minha vida, mulher! - Revirou os olhos - Porque não tenta conhecer alguém?

- Já conheci. - Sorriu de lado e desviou os olhos para a bebida.

- Entendi, esse é o problema, está apaixonada. - Anahi levantou o rosto para encará-lo, ele sorriu. - Tudo bem se apaixonar, você é nova, linda, sexy, uma mulher interessante. - Riu - Agora que somos amigos preciso dizer algo, você não pode reprimir o que sente, vai machucar, vai fazer doer, a dor do arrependimento não se cura. - Depositou um beijo em seu rosto e bebeu sua tequila.

- Essa bebida era minha! - Sorriu o olhando curiosa. - Você já se machucou assim?

- Sim, não recomendo. Faz o seguinte, mergulha de cabeça, pode se machucar em algum momento, mas vai estar vivendo e viver é o melhor! - Any concordou com a cabeça e lhe abraçou de lado em retribuição.

- Você é meu amorzinho, se as coisas derem errado para nós, casamos! Quero ter alguém para empurrar minha cadeira de rodas quando estiver velha. - Deitou a cabeça em seu ombro e ele beijou sua cabeça.

- Não sou a favor dos relacionamentos, mas empurraria sua cadeira de rodas todos os dias. - Sorriu a puxando de volta para a pista - Dança comigo.

Os dois dançaram mais algumas músicas e finalizaram a noite. Anahi chegou em casa se sentindo tão mais leve.

- Está melhor? - Dulce entrou no seu quarto.

- Sim, mais tranquila.

- Eu sei que você está enfrentando alguma coisa e que não quer dividir, só que não precisa carregar o peso sozinha. Fico contente em ver que Christian te ajudou. - Abaixou a cabeça e a ergueu novamente. - Boa noite.

- Dulce... Não estou te escondendo nada, só estou tentando me entender. - Respirou fundo e a chamou para se sentar na cama junto consigo, assim o fez. Anahi ficou em silêncio e a ruiva estava preocupada. - Estou em uma guerra entre o coração e a cabeça. - Admitiu por fim.

- Está gostando de alguém? - Any confirmou. - Oh, bebê! - Acariciou seu ombro, e a loira deitou a cabeça em suas pernas. - Quem? - Mexia em seus cabelos.

- O homem da foto, nos vimos tão poucas vezes, mas acontece algo tão estranho quando ele está perto. - Tapou o rosto com as mãos.

- Foi com ele que saiu aquele dia? - Franziu a sobrancelha.

- Sim, nos beijamos... - Dulce estava boquiaberta - O problema é que gostei, não me arrependi, não senti culpa... Não foram dos braços de Derrick que senti saudades aquela noite. Tenho medo de esquecê-lo, eu o amo, não quero nunca esquecê-lo. - Seus olhos marejaram, se esforçou para que as lágrimas não caíssem.

- Não vai esquecê-lo nunca, te prometo. Derrick foi alguém importante para sua vida e vai ser para sempre, só que ele não está mais aqui, infelizmente está morto, faz parte do seu passado. Vocês construíram memórias juntas e elas nunca irão se apagar, nem se decidir ficar com este homem.

- Eu sei... - Não segurou mais suas lágrimas, deixou que caíssem e inundassem seu rosto. Dulce as secou com os polegares.

- Meu conselho é: permita-se! - Beijou sua testa.

Any assentiu, se sentou novamente na cama e abraçou Dulce com força.

- Vou dormir um pouco.

- Está bem, descansa. Amanhã é um novo dia! - Se levantou deixando o quarto.

Tomou um banho, se trocou e dormiu um sono pesado. Acordou no dia seguinte com seu celular tocando, enrolou até atender, ainda estava sonolenta. Visualizou na tela que era Christian e finalmente atendeu.

#telefone#on#

- Como está minha garota?

- Brava por ser acordada! - Bufou.

- Então nem vou te contar das novidades. - Disse com um tom debochado.

- Espera, que novidades? - Coçou os olhos e se espreguiçou.

- Consegui um emprego para você, nada demais, é para trabalhar num evento que estou como organizador. Vai ser minha assistente, querida.

- Tá falando sério? Eu te amo Christian Chávez. - Gritou.

- E eu te odeio por acabar com meus tímpanos nesse momento. - Resmungou, a fazendo rir mais ainda. - Te ligo quando marcarem a reunião. Vê se levanta logo, Dulce está te mimando muito.

- Sorte a minha, baby! Beijos e obrigada de novo. - Sorriu desligando a ligação.

#telefone#off#

Depois dessa ligação não tinha como seu dia ser ruim, as coisas pareciam fluir de verdade agora. O universo estava finalmente conspirando...