Capítulo 19

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O sono foi tão pesado que demorou para acordar, também, com a semana agitada que teve, nada mais justo. Abriu os olhos lentamente, passou a mão pelo rosto despertando, se levantou, fez sua higiene e foi direto para a cozinha.

- Bom dia, sunshine!

Anahi levou as mãos ao coração assustada, depois teve uma crise de riso. Alfonso beijou sua testa lhe acalmando e a entregou uma rosa.

- Você sabe que gosto de fazer surpresas! - Beijou seu rosto ainda rindo, ela lhe acertou um tapa no braço.

- Como você é idiota, Poncho. - Respirou fundo se recuperando - Aposto que Dulce está envolvida nisso.

- Com certeza, eu precisava de uma comparsa. - Sorriu - Quis recompensar por não ter ido ontem, vai ter que me aturar o dia inteiro, já estou sabendo que não tem planos para hoje. Sua irmã é ótima x9. - Piscou.

- Vocês dois não prestam! Quais são os planos para hoje então? - Cruzou os braços cínica.

- Não sei, será surpresa tanto para você quanto para mim. - Beijou seu ombro e a conduziu para a mesa do café - Isso é para você não achar que só bebo café ou vinho. - Ela sorriu.

- E não é? - Gargalhou e ele fez uma careta.

Terminado o café, ela foi tomar banho. Alfonso resolveu a esperar no seu quarto, olhou suas coisas com carinho, ela era tão delicada. Respirou fundo captando o ar doce e leve do seu quarto, gostava tanto desse aroma tão dela. Se sentou na sua cama e varreu com os olhos algumas fotos que estavam expostas, dentre elas a de Derrick.

- Alfonso? - Entrou ao quarto percebendo os olhos dele sobre a fotografia, engoliu em seco. - É a minha foto favorita dele... Deixa eu guardar isso. - Sorriu de lado, colocando a foto numa gaveta.

- Não precisa fazer isso. - Ele a olhou com um sorriso gentil.

- Precisa sim. - Piscou. Talvez não precisasse, mas achava desrespeitoso com ambos. - Bom, preciso me vestir! - Sorriu.

- O que foi? Quer que eu saia? - Sorriu maroto. Ela negou com a cabeça e se trocou rapidamente, sorriu com o reflexo dele no espelho, gostava quando a olhava.

- Você é linda! - Seu tom de voz rouco a fez arrepiar.

- Estou pronta, vamos ou não sairemos nunca. - Esticou a mão para ele, que a segurou.

Juntos o tempo passava bem mais rápido que o normal e talvez por isso nunca parecesse o suficiente, e a saudade apertava com constância. Estava se aproximando do meio-dia e eles estavam cansados de andar, passearam a manhã inteira por Point Loma, pararam então em baixo de uma árvore com sombra fresca. Alfonso deitou sua cabeça no colo de Anahi e recebeu um cafuné.

- Olha está tendo apresentação de música ali! - Alfonso apontou na direção.

- É mesmo. - Sorriu olhando para o local citado. Continuava lhe fazendo cafuné. - Gosta de cantar? - Ele fez uma careta, lhe tirando um sorriso.

- Não me diga que você canta. - Ela sorriu cobrindo o rosto. Alfonso se sentou a olhando. - Preciso escutar, se for ruim eu finjo que gostei. - Gargalhou e ela o mirou irônica.

- Ok, deixe-me ver... - Fez uma rápida pausa pensando no que poderia ser -
"Hoy mi mente es hecha volar, y sin más te imagina a tí, todo se transforma en color un presentimiento desperta muy dentro... No importa ni cuándo, si tarde o temprano siento que vas a llegar y mi corazón te quiero entregar..." - Sorriu ao terminar enquanto Poncho a olhava boquiabierto e lhe aplaudindo.

- Caramba, Annie! Sua voz é muito boa, porque nunca tentou seguir essa carreira?

- Não sei, sempre pensei nisso como um hobby. - Sorriu.

- Se eu fosse você pensaria, é muito boa e não estou falando isso da boca para fora. - Ela franziu a sobrancelha - E a letra é sua?

- Sim, todinha e exclusiva minha. - Jogou os cabelos para trás se exibindo, ele riu. - Tenho outras, escrevia na adolescência, sempre tive facilidade para compor e gosto muito.
- Escrevia para conquistar os caras, né? - Franziu o cenho a encarando.

- Você acha que eu precisava? - Mandou beijos no ar para ele - Escrevia quando gostava de alguém, quando queria me expressar... Dependia do momento. Nunca escrevi para alguém especificamente.

- Serei o primeiro então? - Any o olhou de cima a baixo.

- Pouco modéstio, Ponchito.

- Ponchito? Isso só piora. Sabe o que você merece dona, Anahi? - A olhou seriamente, ela negou com a cabeça confusa. - Cócegas.

Alfonso atacou Anahi com cócegas em sua barriga, ela se contorcia implorando para que parasse e ele parou. Estava ofegante sem fôlego e com um sorriso bobo nos lábios. Ele beijou sua testa e se deitou ao seu lado na grama.

Os próximos dias passavam lentamente, ele havia ido viajar e o vazio que deixará incomodava Anahi. Por outro lado, agora tinha um emprego para ocupar sua cabeça. Estava dirigindo de volta para casa, com o carro da empresa, quando sentiu outro veículo se chocar contra o seu, impulsionando seu corpo para frente e fazendo com que batesse a testa no volante, a cortando levemente. 'Merda!' resmungou soltando-se do cinto de segurança e descendo para ver o outro motorista.

- Você está bem? - Bateu no vidro escuro do carro de trás. Estava com a mão sobre a testa pressionando a ferida para controlar o pequeno sangramento.

- Estou ótima! - Disse a mulher abaixando o vidro e lhe encarando - Se machucou muito? Deveria dirigir melhor. - Resmungou.

- Você bate em mim e eu que não dirijo bem? - Sorriu irônica - Como ficamos agora? Esse carro é da minha empresa.

- Pode deixar que tenho dinheiro suficiente para te comprar um carro novo. - Gargalhou alto - Toma esse cartão, resolve com meu pai. Tem nosso endereço aí e você pode ir lá. - Anahi pegou o cartão.

- Qual o seu nome? - Arqueou a sobrancelha.

- Angelique. - Colocou os óculos escuros e foi dando marcha ré. Anahi tentou dizer seu nome, mas foi interrompida com arrogância. - Não me interessa o seu, ok? Resolva com meu pai. - Arrancou com o carro, a deixando incrédula.

- Que garota mais fútil! - Xingou. Entrou no carro novamente e olhou o corte no espelho, nada profundo, respirou aliviada.

Dulce se desesperou ao ver a irmã entrar com a testa sangrando pela sala. Fez um curativo enquanto Anahi contava como ganhou a ferida. Estava tão incrédula quanto ela.

Depois que tomou banho e se deitou para dormir, tentou falar com Poncho, mas o mesmo não a atendeu. Estranhou. Com tanto trabalho ele só poderia estar ocupado. Suspirou, deixando apenas uma mensagem de boa noite e então dormiu.

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