Capítulo 26

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- Você não vem mesmo? - Acariciava seus cabelos.

- Não agora, preciso terminar de resolver as coisas por aqui e você também tem que se resolver por lá. - Sorriu de lado - Em breve nos encontramos, prometo. - Ele concordou com a cabeça e a beijou antes de entrar no carro. - Espera... Você não me disse como me achou aqui.

- Christopher me ajudou, sua irmã não estava muito disposta... É um segredo de homem. - Piscou. Ela revirou os olhos sorrindo.

- Prometo não contar! - Sorriu se aproximando da janela e o beijando, para depois ele finalmente dirigir de volta para San Diego.

Suspirou observando o carro se afastar, seu cheiro ainda estava em seu corpo, abraçou a si mesma. Relutou bastante contra seus sentimentos, mas quando estes insistiram em ficar notou que não era passageiro, e mesmo que não quisesse acabar numa briga, estava numa. Ao aceitar tentar ser feliz Maite sairia machucada, estava consciente disso e por mais que isso a doesse, estava na hora de pensar mais em si.

Dulce continuava preocupada com toda essa situação, falou poucas vezes com Anahi por telefone nos últimos dias, e nas últimas ligações percebeu alteração na sua voz, estava mais contente... Estranhou Alfonso não procurá-la também mais. Algo estava acontecendo e tinha uma idéia do que era.

Terminava um longo banho quando a campainha tocou insistentemente. Secou-se e enrolou-se na toalha para atender a porta. Olhou pelo o olho mágico, respirou fundo antes de abrir para Maite.

- Eu gosto muito de você, mas se veio destilar mais venenos e grosserias para a minha irmã perdeu sua viagem.

- É com você que quero falar, posso? - Dulce olhou insegura, mas acabou a deixando entrar.

- Vou me vestir, espere aqui. - Maite confirmou com a cabeça e se sentou no sofá, enquanto ela fora se vestir.

Foi ao quarto, vestiu-se e retornou receosa com o que estava por vir. Encontrava-se numa situação difícil entre sua amiga e sua irmã, mas se tivesse que escolher um lado, sabia qual seria.

- Veio aqui para...? - Sentou-se.

- Te pedir desculpas. Eu estava nervosa, agi mal... Não quero ficar num clima ruim com você.

- Maite, não é a mim que você precisa pedir desculpas. - Passou a mão pelos cabelos - Eu sei que você sabe bem que Anahi nunca faria nada para te machucar, aconteceu, ela está apaixonada e não vejo como possa ficar tudo ok se você não aceita.

- Se coloca no meu lugar... Ele é o pai do meu filho, nós temos uma história, eu ainda o amo. Falhamos, mas estou disposta a reparar. Sinto que existe tempo para nós. - Seus olhos lacrimejaram.

- Você vai viver um amor não correspondido? Porque ele foi claro dizendo que o que vocês tinham acabou. - Maite desviou de seu olhar e encarou o chão. - Mai, sou sua amiga, mas sou irmã da Anahi. Não vou ficar no meio disso.

- Nunca te pediria isso. Só gostaria que entendesse meu lado também. - Levantou-se e caminhou até a porta, Dulce apenas acompanhou pelo o olhar - Espero que possamos continuar amigas. - Sorriu de lado e se retirou.

Dulce encarou a porta por um instante em silêncio, estava pensativa. Será que alguém sairia realmente feliz dessa história toda?

Quase um dia e meio depois, Alfonso chegou a cidade. Passou no estúdio que também era sua casa, tomou um banho gelado, gostaria que a água pudesse levar embora junto com a sujeira, seus problemas. Abriu uma garrafa de whisky e serviu num copo uma proporção adequada, apoiou a cabeça na mão que estava sobre sua perna.

Não fazia idéia como essa história acabaria, mas esperava que fosse ao lado de Anahi. Seria sofrido e incompreensível para Maite de início, mas tinha esperanças de que tudo acabasse bem. Afinal, antes de se relacionarem como homem e mulher foram amigos, daqueles cúmplices de dividir segredos e tudo mais. Como se enganou tanto sobre o amor?

Sabia agora o que era amar de verdade. Ser paciente, compreensivo, carinhoso, sentir saudades mesmo estando perto... Anahi o proporcionou uma infinidade de sentimentos em tão curto período. Lembrar dela o fazia sorrir sem qualquer esforço. Estava disposto a enfrentar o que fosse em nome de seu amor.

Terminou a bebida, pegou as chaves e dirigiu até a casa de Maite. Era pequena e aconchegante, ele nunca havia reparado nesses detalhes, sempre que estivera lá era para buscar seu filho ou entregá-lo. Sentia saudades da sua amizade, de quando conversavam e não existiam cobranças.

- Alfonso? - Seus olhos brilharam ao abrir a porta e se deparar com ele parado bem ali à sua frente.

- Podemos bater um papo? - Franziu os olhos. Ela não disse nada, apenas se afastou dando espaço para que entrasse. Sentaram-se no sofá em silêncio constrangedor. - Maite, eu creio que você sabe do quanto foi real o que vivemos... Nossa história foi especial, porém não deu certo. O que quero te pedir é uma chance de sermos felizes... Separados.

- Por um segundo cheguei a pensar que estivesse aqui disposto a tentar novamente... - Algumas lágrimas serenamente desciam pelo seu rosto. Alfonso desviou seu olhar. - Eu te amo, eu te quero...

- Amo a Anahi. - Interrompeu. Ela o olhou com os olhos arregalados em ódio e depois de alguns segundos de silêncio atingiu seu rosto com um tapa. Novamente um silêncio se fez e parecia ser o que restava deles. - O que ela tem? O que ela tem? - Elevou o tom.

Fria como pedra, fria como pedra
Você me vê de pé, mas eu estou morrendo no chão
Fria como pedra, fria como pedra Talvez se eu não chorar, eu não sentirei mais ♬

- Não faça isso consiga mesma, por favor não faça. Você é linda, inteligente, interessante, não falta nada em você, Maite. Um dia você vai conhecer alguém e entender o que sinto por ela. Não controlo meus sentimentos e nem o meu coração, adoraria que tivesse dado certo nossa história e deu, só que até certo ponto. Estou sendo honesto com você e espero que possamos achar uma solução favorável a todos, nós temos um filho e escolherei o melhor para ele.

- O melhor para ele é ter um pai dentro de casa. É chegar da escola e contar a você como foi seu dia. É levantar de madrugada depois de algum pesadelo e ter você para protegê-lo. - Secava lágrimas, mas novas vinham a cair.

Fria como pedra, querido
Deus sabe que eu tento me sentir feliz por você
Saiba que eu sou
Mesmo que eu não consiga entender ♬

- Não vou deixar de ser pai dele e nem quero. Eu amo meu filho. Ele pode ser feliz se fizermos dar certo. - Olhou em seus olhos sincero.

- VOCÊ É UM BABACA, ALFONSO. SE QUISER TER DIAS COM MEU FILHO, VAI TER QUE LUTAR NA JUSTIÇA CONTRA MIM. - Engoliu em seco.

- O QUE? VOCÊ NÃO SERIA CAPAZ DISSO... SABE O INFERNO QUE ESTÁ PRESTES A CRIAR? - Se levantou aborrecido. Andou de um lado para o outro controlando a sua raiva.

- ISTO FOI VOCÊ QUEM ESCOLHEU. SAIA DA MINHA CASA, SEU CANALHA . - Gritou.

- NÃO VAI FICAR ASSIM, ENTENDEU? - Apontou o dedo bem próximo a si e saiu batendo a porta com força.

Eu aguentarei a dor, me dê a verdade Eu e meu coração, nós vamos conseguir superar
Se a felicidade é ela, eu estou feliz por você... ♬

Eu era sua brasa, mas agora ela é seu tom de ouro ♬

InevitableOnde histórias criam vida. Descubra agora