Falta apenas um ano e meio para eu me formar. Até lá, tenho que me manter firme e forte; e passar todo esse tempo de maneira pacífica. Esse era meu único desejo, e mesmo assim...
. . .
-O quê? De novo, a tarja vermelha? Esse John, o que ele fez?-pergunta a curiosa Valentine, minha melhor amiga, que trabalha junto comigo na loja de doces da Sra. Marie. Sempre desabafo com ela sobre essa escola terrível.
-Ele estava chupando uma laranja no café.-digo, comendo um pedaço de pudim que sobrou.
-Como? -ela parecia confusa.
-O suco da laranja espirrou no olho do Murray.
-Hã?-pergunta ela sem entender nada.
-F4 significa "um grupo tão precioso como as flores". Droga, ninguém tem coragem de dizer nada!-esbravejo, indo ajeitar a vitrine de doces.
-E você tem?-ela pergunta, irônica.
-É diferente. Sabe que ele é o meu patrão. Aquele metido, idiota...
-Ei, se você disser isso na Newark, pode ser linchada.
-Hum. Valen, se você não for comer isso, dá pra mim.-ela estava segurando um muffin de frutas vermelhas que me parecia delicioso.
-Mas já tá vencido.
-Tudo bem.
-Você parece aguentar bem. -ela muda seu tom de voz.
-Já passei mal uma vez comendo coisas vencidas. Mas não ligo, são deliciosos do mesmo jeito.
-Eu não estou falando disso.
-Hã?
-Não sei como você consegue deixar que eles se comportem dessa maneira. Você sempre me protegeria se me maltratassem. Mesmo no jardim de infância, na escola primária, no ensino fundamental... Mas ninguém em Newark conhece esse seu lado. -isso é verdade. Algumas garotas mais velhas queriam bater na Valem, mas eu não deixava. Era durona. Foi assim que nos tornamos amigas.
-Deu vontade de dar um soco no meio das bolas deles, e sair da Newark. Mas...
-Mas o que? -Mas eu não posso sair da Newark, por mais que eu quisesse. Meus pais e eu damos duro pra pagar a mensalidade do colégio. Por mais que seja a metade, ainda é muito.
-Nada. Bom, já que você não vai comer isso, eu vou. Tchau Valen, até amanhã. -digo, arrumando minhas coisas para ir embora.
-Tchau amiga.
Chegando em casa...
-MÃE! TEM OVOS NA PANELA DE ARROZ!-exclamo, meio surpresa.
-Se eu fervesse separado, ia desperdiçar gás. Aqui!-ela responde rápido, e leva um prato com comida pro meu pai, que está lendo jornal na mesa , que agradece. -Ah, Amy, de amanhã em diante, vou colocar seu almoço aqui.-ela mostra alegremente um tupperware cor-de-rosa. -Eu achei enquanto limpava o armário.
-Mas... Por que usar essa coisa enorme na escola... Vai ser um pouco...
-Esse faz parte de um conjunto que usei quando era pequena, que ganhei da minha avó. É muito boa.
-Esse conjunto é tão bonito!-diz meu pai.
-Não é, não é? E vou colocar os bifes que você tanto gosta.
-Já falei, não precisa ficar gastando dinheiro assim, mãe!
-Blake! Vem comer!-chama minha mãe, ignorando o que eu disse.
-Já vou mãe!
-Vou fazer essa garrafa durar dez dias!-diz meu pai alegremente, levantando a garrafa de whisky nas mãos. Duvido bastante, mas pelo menos ele está tentando. O jantar tem filés de frango, que são raros pela nossa mesa, salada da nossa hortinha do jardim pequeno e arroz com ovos.
-Pai, já disse que uma garrafa por semana está bom.-digo, mastigando o frango.
-Não, não! Vou bater um recorde! Faço essa garrafa durar 15 dias!-e todos aplaudem. Menos eu. Minha família é um tanto... Excêntrica.
-Então, eu quero passar no colégio com as mensalidades mais baratas dos Estados Unidos!-diz meu irmão também alegre. É um fofo, 15 anos, a mesma idade que eu também tive esses sonhos. Porém, é um pentelho.
-Esforce-se para isso meu filho!-cantarola meu pai, também batendo palminhas.
-Bem, vocês não tem que ir tão longe para que eu frequente a Newark.-comento, pegando mais frango.
-Não. Ser econômico assim é divertido.-diz minha mãe, e todos riem. Toda a minha família fica feliz no fundo do coração por eu frequentar a Newark. Por mim, eles estão se esforçando com seus sorrisos. Eu simplesmente não posso dizer a eles que quero sair do colégio. Na verdade, não era pra eu ter entrado nesse colégio. Ano passado, ouvi uma conversa entre minha mãe e a sra. Murray, em que ela a repreendia por alguma coisa. Algum tempo depois, entendi tudo. Minha mãe fez de tudo, tudo mesmo, para que eu ganhasse uma bolsa numa boa escola como a Newark. Até enfrentar sua patroa com o risco de ser demitida.
* * *
Dois anos atrás, Newark High School, numa palestra...
-Eu sou Eleanor Carpenter e meu graduei em 2012. Bem-vindos à Newark High School.-diz a bela, não, linda Eleanor Carpenter. Ela é simplesmente a mulher mais linda que já vi em toda a face da terra. Está palestrando na escola, no meu primeiro ano. Todos sussurram.
-Que linda! Parece uma modelo!
-Parece que vai ser ela que vai herdar a empresa Carpenter, e está atualmente estudando na França. Que pessoa incrível!-diz aquela garota do trio de patricinhas fúteis, que vive no pé do F4.
-Silêncio!-digo mais alto do que deveria, e parece que isso chamou a atenção de Eleanor. Ela olha para mim e dá um sorriso encantador. Retribuo meio constrangida, e ela continua graciosamente:
-Eu gostaria de dizer algumas palavras a todos que desejam se formar aqui. Sejam sempre vocês mesmos. Assim, vocês nunca terão arrependimentos na sua vida escolar.- com o desejo de me tornar uma grande pessoa como ela, eu entrei na Newark High School. E pensei que teria uma vida mais feliz no colégio. Mas na verdade, eu o odeio. Odeio esses arrogantes do F4, especialmente Zack. Eu não suporto meus cruéis colegas de classe. Mas o que mais odeio sou eu, que não consegue dizer nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A filha da empregada- EM REVISÃO
Teen FictionAmelia Connors, ou simplesmente Amy, é a filha da empregada da família mais rica do condado de Delaware, os Murray. Como uma promoção, a família lhe dera uma grande chance de estudar na escola mais respeitada do condado, a Newark High School, onde s...