Tem como viver depois disso? (revisado)

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Dia seguinte...

Toca o sinal da primeira aula, e como de costume, vou abrir meu armário pegar meus livros. Só que estou com receio de abri-lo, pois vai saber o que tem lá.

É, tem cobras.

Mas que merda. Dou um berro estridente e todos saem correndo, rindo. Várias cobras, pequenas e muitas. Estou de bunda no chão, com livros espalhados, e percebo que há três garotos atrás de mim, que me pegam por trás e me levam até um lugar.

-Alguém cobre a boca dessa garota!-um deles diz. Não sei o que faço. Eles me levaram até o laboratório, onde não havia ninguém, me colocaram no chão. Estou com medo. Me fazem deitar no chão gélido, e um deles sobe em cima de mim e começa a rasgar meu uniforme, começando pelo casaco vermelho, com um canivete afiado. Cobrem minha boca com as mãos, mas eu as mordo, e eles ficam bravos. Um deles fica com raiva, e ameaça a fazer cortes em meu rosto, quando ouço uma voz.

-O que é que vocês estão fazendo?-Derek de novo! Desta vez, ele está deitado em cima de três cadeiras de laboratório enfileiradas, para que ele pudesse se deitar, com uma revista cobrindo o rosto. Os garotos ficam estáticos, sem dizer nada. E Derek continua calmo, tranquilo. Isso chega a dar raiva, sua calma.

-Bem... Deixam-na ir. -ele não diz. Manda.

-Mas não, eu tenho que... -um garoto feio refuta-o.

-Eu já disse.-ele respondeu, parecendo impaciente.-Eu disse para deixarem-na ir. -e os garotos sem dizer nada saem correndo, fazendo questão de pisarem em mim. Começo a chorar mais ainda, agradecida, e ele tira a cadeira que estava em cima de mim. Ele não pergunta nada, não diz nada, e depois vai embora. E fico lá, procurando uma forma de agradecê-lo. Se bem que parte disso é culpa dele.

No fundo, isso não me aterrorizou, não é algo que vou ter pesadelos ou algo do tipo, fiquei horrorizada na hora. Podem fazer o que quiserem comigo, mas vou continuar agindo como me chamam. Por que eu, Amelia Connors, sou uma erva-daninha.

Chega a hora do almoço, e os alunos estão ocupados demais para me atazanar.

Até agora.

-Pobre. Me enfrentar? Só de olhar dá para perceber. Odeio marmita de pobre feito por uma velha!-berra Zack, do nada, com um sorriso maléfico no rosto, entrando na minha frente. Boinha, um dia vou fazer você se arrepender por tudo o que você fez comigo e com minha família. Ah se vou. Mas por enquanto, vou aturar. Se eu conseguir. Ele pisa na comida, jogando tudo o que tem dentro. -Você é uma pobre coitada que nunca...

-E você é um pirralho que nunca ganhou direito por conta própria! Não seja tão convencido!-avanço, e dou um soco na sua cara. Minha mão lateja, mas não me importo. Ele cai, e fico satisfeita. Que sensação boa. Afrontá-lo era o que eu mais queria. -Eu não vou mais fugir. Isso é uma declaração de guerra! Se você tiver coragem, me enfrente!

Fico pensando no que disse à ele depois do almoço. Nunca senti tanto ódio de alguém em toda a minha vida. Odeio-o mais do que tudo nessa vida, e ah, como um desfecho farei você se arrepender muito, muito caro e com muitos juros por tudo o que você faz a mim. Ele me olhava com uma expressão assustada, como se nunca alguém tivesse feito isso. Após essa cena, todos os alunos me olham com uma  cara extremamente assustada, mas não fazem mais nada comigo até o final das aulas.

Ando tranquilamente na rua, a caminho do serviço. Por puro instinto, viro a cabeça, mas é tarde demais para correr. Mesmo se corresse, eles iam me pegar. Um carro, um pouco atrás de mim, perto da calçada. No início, não sabia quem era, mas é só um carro preto luxuoso parar na minha frente, abrir a janela e revelar quem é que descubro a façanha. Me dopam rapidamente, e acordo muito tempo depois. Que inferno, não tenho nem um pingo de paz nesta vida. Acordo com uma luz ofuscando meu rosto, e protejo meu rosto com as mãos. Logo percebo que tem uma joias em meu dedo. Minhas mãos estão lindas! Uma não, várias. A luz automaticamente apaga, e há um espelho na minha frente, e me assusto com o reflexo. Essa daí não sou eu não. Caramba, estou vestida com um vestido deslumbrante, brincos de um valor que nem posso imaginar, cravejados de pequenos e delicados diamantes brancos; um bracelete incrustado com frágeis pérolas brilhantes e branquíssimas, um colar pequeno e discreto com um contorno de arabescos feito de algum tipo de riqueza que desconheço. Estou maquiada suavemente, minha pele está limpa, coberta com uma suave camada de pó no rosto. Meu olhos foram contornados e esfumaçados, realçando a cor dos meus olhos naturais, que são âmbar. Meus lábios estão claros, mas com um brilho incandescente. Meus cabelos estão... Brilhosos, meio ondulados, com ondas naturais, soltos, compridos e com um corte diferente, que adorei. Resumindo; estou estonteante.

A filha da empregada- EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora