A "Tarja Vermelha" (revisado)

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Não creio. Ai meu Deus do Céu, eu vou estudar na Newark! Newark é uma das melhores escolas do Estados Unidos. É, estou pulando, fazendo a minha dança do snoopy feliz, que é tão estúpida quanto sair dançando pelos corredores da cozinha. Georgia, uma senhora de meia idade com seus 60 e poucos anos e meio durona, a governanta da família, me repreende por pegar uma maçã.

-Amelia! Não deve ficar...-ela começa.

-Relaxa Ge! Ai eu vou estudar na Newark! NEWARK GEORGIA!-digo agarrando seu pescoço. Normalmente não faço isso por que normalmente ela me daria um tapa, mas estou tão feliz que nem ligo.

-Meus parabéns, Amy. -diz ela dando tapinhas em minhas costas enquanto a abraço. Não me parece nem um pouco surpresa, pelo contrário.

-Obrigada! Preciso contar á minha mãe! Sabe onde ela está?

-Amy, minha querida, não quero estragar sua felicidade, mas... sua mãe já sabe. Eu também.

-Como assim, ela já sabia?-pergunto, confusa. -Ah, obrigada mesmo assim, Ge. Posso ficar com a maçã?

-Tudo bem, mas só desta vez. Não vá se acostumando.-diz ela, dando as costas pra mim, indo em direção á sala. Vou procurar minha mãe, que provavelmente está fazendo a limpeza dos rodapés do quarto da velha. Quer dizer, da minha patroa. Ah, da sra. Murray. Informalmente, Jasmine Murray. 

-Mãe?-chamo, entrando no enorme quarto da patroa. Ela está agachada, molhando o pano, voltando a limpar o rodapé, agora branco como a neve. -Mãe?-agora ela parece ouvir.

-Ah, você está aí querida. O que foi?

-Por que a senhora não me contou sobre eu estudar na Newark?

-Quem te contou isso, Amelia?

-Ninguém. Eu mesma descobri. Responda, mãe.

-Queria fazer essa surpresa para você. 

-Mas foi a velha que...

-Sra. Murray. -ela repreende. -Ela... Nos deu essa oportunidade. Não está feliz?

-Claro que estou, só tô meio surpresa. 

-Não quer comemorar? Posso fazer algo para nós, um peixe assado com limão que eu sei que você adora, e fazer também aquela torta de...

-Mãe. Para. Não precisa gastar suas economias com comida para mim. Eu não preciso de tudo isso para comemorar, apenas um abraço da senhora.-digo, e a minha mãe vai até mim me dando um abraço apertado. Minha mãe é uma guerreira. Sou capaz de tudo para protegê-la de tudo e de todos. Ela não diz mais nada, e depois desce as escadas. Teimosa demais.

* * *

Primeiro dia de aula. Recebi todos os livros e materiais, inclusive esse uniforme brega, um terninho vermelho com uns adereços totalmente desnecessários para um uniforme. Eca. Mas é necessário para mim. A escola não é muito longe da casa, então vou com a minha bicicleta azul de bolinhas brancas mesmo, e logo percebo que sou a única que vai com esse tipo de transporte. Todos os alunos têm seus próprios carros e chofers. Caramba! Usam jóias, bolsas, tudo de marca. Acho que vou ter que me acostumar com isso.

2 anos depois...

Engraçado. Há dois anos eu estava super feliz por que ganhei uma bolsa de estudos na Newark e agora estou odiando-a. Estou cheia de Dior, Chanel, Louis Vuitton, Omega, de tantas coisas de marca me rodeando nesse colégio infernal. Bem, estávamos no meio de uma aula preparatória. Todos quietos, copiando a lição do quadro digital, até que um garoto sai correndo pelos corredores, abrindo a porta de todas as salas com muita brutalidade, dizendo com um sorriso:

A filha da empregada- EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora