Estava voltando do colégio, e já era de noite, passando pela movimentada Wall Street, quando encontro uma figura descendo de um carro super chique, que vem correndo até mim. Julie Smith.
-Eu sinto muito. Você me salvou, mas...
-Não se preocupe. Olhe, se eles virem você junto comigo, você estará mais do que encrencada.
-Mas...
-Você não precisa se sacrificar tanto assim pra se mostrar minha amiga no colégio. Se quiser conversar, é só me ligar; afinal, eles não devem grampear nossos celulares, não é?
-Me desculpe, de verdade.
-Sem problemas. Ah, veja! Ela é uma formanda pela Newark, Eleanor Carpenter, herdeira da corporação Carpenter. E também é uma modelo muito famosa no exterior; diz que seu sonho é ser uma advogada internacional.
-Você sabe bastante dela.
-Foi por isso que eu decidi aceitar a bolsa para estudar na Newark.
-Ah, foi isso.
-Uhum.
-AH!-ela dá um gritinho e eu me assusto.
-O que foi?
-F4!
Era ele. Estava sentado no banco da praça, apreciando a beleza de Eleanor nas paredes do centro.
-Derek Saunders.-digo, dando um sorriso. -Ah, espere um pouco.-digo á ela, correndo até onde Derek estava. Só que dei uma paradinha antes, para conferir como estava no espelhinho de bolso, soltei os cabelos e os ajeitei. Não estava tão ruim assim.
-Hum, o que você está fazendo aqui?
-Ah, é você de novo?
-Eu sei o fuso horário, são 6 horas! Tem algum conhecido na França, ou pretende ir lá nas férias?
-6 horas...'
-Ah, falando nisso, essa modelo era veterana no colégio. Já a viu pessoalmente? Admiro muito ela.-suspiro, e quando olho para o lado, levo um susto. Lá estava ele, meio inclinado, chegando mais perto... Olhando no fundo dos meus olhos... Alguém me ajude, ele vai me beijar! Ou não. Com um dedo, limpa alguma coisa no canto da minha boca.
-Você tem alguma coisa na boca. Parece... recheio de doce.-ai, era o recheio de chocolate dos cupcakes que comi no trabalho! Ai, que vergonha! Limpo o canto da boca com a manga da blusa, e ele dá uma risadinha.
-Deve ter sido o cupcake que eu comi hoje.
-Cupcake?
-Ah... não, esquece, não é nada. Hum, até!-digo, e saio correndo feito uma idiota, agarrando o braço de Julie. -Vamos!-ela começa a rir de mim. Estava me observando o tempo todo, mas ela não pergunta nada. Ai meu Deus, que coisa mais vergonhosa!
. . .
Acordo no dia seguinte meio atrasada, com a mínima vontade de ir ao colégio. Estou com medo de a Tarja Vermelha ainda estar lá no meu armário, mas quando abro, felizmente não há nada. Dou um suspiro de alívio, e vejo Julie chegando. Como combinado, ela dá apenas um aceno de cabeça e um sorriso tímido, que retribuo. Vou para a primeira aula, Japonês, e a primeira coisa que fazem é gritar.
-A TARJA VERMELHA APARECEU DE NOVO! DESSA VEZ É PARA JULIE SMITH DA TURMA 2C QUE RECEBEU!-Ah não. Julie não. Desgraçado. Corro pela escola inteira até achar o quartinho de limpeza. Pode ser patético, mas é a única arma com a qual consigo me defender. Estão no Refeitório, e a multidão aumentava cada vez mais, para humilhar Julie. Não posso deixar que isso aconteça com minha amiga. Mas antes disso, ela já levou uma escaldada de água e muita farinha. Agachada, no chão, e coberta de sujeira, verifico se ela se machucou de verdade. Seus braços estão marcados veementemente.
-Tudo bem?
-D-Dói.-ela crocita, arregaçando as mangas da blusa.
-Quanta tragédia! Que nojo!-brandam as três fúteis em uníssono. Julie começa a chorar baixinho, mas mesmo assim todos ouvem.
-Ora, tenha pelo menos um pouco de bom senso. Seu alvo sou eu, não é?
-Não se faça de boazinha, Connors. Todos sabem que você é pobre, afinal.-desenha um aluno.
-E daí, se você é rico e é tão idiota? Julie não tem nada haver com isso!-exclamo.
-Você... Não está enganada? Quem declarou guerra a mim foi você.-diz uma voz fria.
-Uma pessoa feito você deve sofrer!-brada um outro aluno.
-Desgraçada!-alguém berra, e joga alguma coisa da mesa de comida, mas com meus rápidos instintos, pego a vassoura que peguei para me defender e a rebato como uma bola de beisebol. Posso me orgulhar, afinal de contas as aulas de beisebol da Newark valeram a pena. Satisfeita, posso dizer, ou não, se não fosse por essa maldita garrafinha de molho de salada que rebati, que espirrou nos belos sapatos brancos do líder. Todos sotam um gritinho de medo, e a até eu fico com uma pontada de medo.
-Tudo bem Sr. Murray?-alguém pergunta.
-Sua erva daninha!-alguém grita e os alunos começam a tacar os sacos de farinha que antes eram para Julie. Agacho-me na tentativa de me proteger. Depois começam a atacar os sacos em Julie, então protejo-a ficando em cima dela, suplicando para que parassem com aquilo.
-PAREM!-Ordena o líder, com uma voz afiada. Todos obedecem, e ficam á espera de uma nova ordem. Porém, ele se aproxima a passos lentos, e eu me levanto, encarando-o em seus olhos frios e foscos.
-Lamba.
-O quê?
-Lamba. E acabarei com esse jogo.- fico paralisada. Meu orgulho diz para mim não lamber seu sapato sujo de molho. Por outro lado, minha consciência manda eu me agachar e lamber seu maldito sapato, para que acabe de uma vez por todas.
-Lamba! Lamba!-todos dizem juntos, batendo palmas irritantes. Agacho-me, escolhendo a consciência, mas faço isso lentamente. Encaro-o com repulsa, e com todo o ódio reunido dentro de mim, abaixo a cabeça, prestes a lamber a desgraça do sapato com apenas um espirro de molho.
-Você errou.-diz uma voz calma, tranquila, que acaba de chegar, de modo que todos voltam sua atenção em Derek.-O fuso horário. Na verdade são 5 horas, por causa do horário de verão em outubro.
-Me desculpe.-é tudo o que consigo dizer á ele. Não fico nem um pouco surpresa pelo fato de ele não dizer uma palavra contra tudo aquilo.
-Parei.-desdenha tediosamente a voz grossa de Zack, e passa direto em mim, e vai embora, levando junto seu bando, que mandam todos irem embora. O Refeitório se esvazia rapidamente, e Derek ainda está ali. Com um breve aceno de cabeça e um sorriso misterioso, vai embora, deixando a mim e a Julie a sós. Ela para de chorar, e afirmo com a cabeça que acabou. Mas algo dentro de mim diz que isso está apenas começando.
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A filha da empregada- EM REVISÃO
Fiksi RemajaAmelia Connors, ou simplesmente Amy, é a filha da empregada da família mais rica do condado de Delaware, os Murray. Como uma promoção, a família lhe dera uma grande chance de estudar na escola mais respeitada do condado, a Newark High School, onde s...