Nunca soube cozinhar muito bem. Nada bem, para ser sincera. Até os 21 anos o meu cardápio se limitava à coisas que pudessem ser cozidas rapidamente: macarrão, legumes no geral, arroz, ovos e só. No máximo um bolo meio queimado de sobremesa e panquecas em uma emergência. Depois que vim para Londres, quase sete anos atrás, acrescentei no menu bacon e salsichas. Não tive tempo para me aprimorar na cozinha, pois minha vida virou de cabeça para baixo. Tive que me desdobrar entre estudar em uma das academias de Teatro Musical mais famosa do país, ensaiar para o meu primeiro papel principal em uma peça oficial - nada mais nada menos do que Elphaba em Wicked - e namorar um astro pop. Tive que me acostumar com a presença de fotógrafos e fãs na frente de casa - e independente de qual cidade Liam e eu estivéssemos ele sempre descobriam o endereço - e aprender a lidar com a minha vida sendo revirada por desconhecidos que não desistiam de tentar saber cada vez mais sobre a brasileira que se casou com Liam Payne.
Em meio a tudo isso também tive que aprender a trocar fralda, fazer ninar, dar banho, amamentar, brincar, fazer o Liam ser menos babão antes que nossa filha crescesse e virasse uma criança mimada, escondê-la dos paparazzi que sonhavam com uma foto da filha do ex-integrante da One Direction e continuar fazendo minhas peças. Não tive exatamente tempo para melhorar na cozinha. Por isso agora, com 27 anos, estou desesperada como uma criança olhando para panelas no fogo, desejando que a Sra. Abbey voltasse logo da sua folga para me salvar. Eu tinha uma criança de verdade para alimentar e pelo visto ela comeria de novo cereais e algumas frutas já que as torradas caseiras, ovos e salsichas não estão indo bem.
É o dia da "comida especial de criança". Lissie tinha que comer verduras, frutas e fibras durante a semana. Se comesse direitinho, aos sábados e domingos nós poderíamos comer coisas absurdas e escolher entre o típico desjejum inglês cheio de frituras ou pizza na janta, por exemplo. É o trato e ela sempre cumpre a parte dela muito bem. Claro que eu cedo quase todo dia e finjo não ver todos os chocolates e balas que Liam dá para ela depois do jantar.
— Mamãe, mamãe! — Eu a ouço gritar da sala.
Ela tem uma voz muito fofa que me fazia rir mesmo quando não falava nada demais como agora. Ria ainda mais quando ela trocava as palavras ou errava as letras, substituindo o "r" pelo "l". Lissie acabou de fazer quatro anos, com uma festa memorável que Liam fez questão de dar, então seu vocabulário ainda não é muito grande. O probleminha com as letras está menor agora que ela entrou para a escola, mas ás vezes ainda saía alguma coisa engraçada.
— Já está quase pronto, Lissie — eu grito de volta me sentindo mal ao ver as salsichas com uma crosta preta de queimado.
Desligo tudo antes que fique pior. Separo a bandeja e coloco duas torradas grandes cheias de manteiga e geleia de morango como ela gosta. Coloco também as salsichas com bacon, ovos, as frutas cortadas previamente e uma jarra com suco.
— Mamãe, vem rápido — ela repete mais alto. —Vai começar!
Com a bandeja nas mãos eu atravesso a cozinha e a sala de jantar. Chego à sala de estar e primeiro vejo o topo da sua cabeça. Ela está sentada no tapete, o cabelo castanho escorrido já está nos ombros, as perninhas estão esticadas e os pés descalços enfiados em meias grossas com estampas do seu vício mais recente: Batman. Liam suou, mas conseguiu viciá-la no seu super-herói favorito. O resto do pijama de frio é estampado pelo seu outro vício: luas.
Lissie tem olhos iguais ao de Liam - tudo nela é igual a ele, até os trejeitos - e eles estão pregados na televisão desnecessariamente enorme. Eu me sento ao lado dela logo depois de colocar a bandeja no criado mudo em frente. Ela vai direto ao prato de torradas e pega as duas. Coloca uma no guardanapo e entrega para mim.
— Pra você mamãe — ela sussurra sorrindo.
— Obrigada, estrelinha. — Beijo-a no rosto.
Ela dá uma mordida na outra torrada.
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Com amor, Liam [L. P.]
FanfictionEm um mundo ideal, toda história tem um final feliz. No mundo real, no entanto, nem todas são assim. Isso não é algo necessariamente ruim. Algumas histórias, por exemplo, vivem de pausas e recomeços, outras terminam de um jeito triste ou apenas expl...