Os ensaios de Newsies não acontecem às quartas-feiras. A folga foi colocada bem no meio da semana para que nosso corpo descansasse e não entrasse em colapso devido aos exercícios. Repassar a peça era cansativo e esgotava as minhas energias, além de me deixar preocupada por achar que não estou preparada fisicamente para sapatear e cantar ao mesmo tempo.
Tendo a tarde livre eu me encontro com Poliana na hora do almoço já que ela só teria que ir para o restaurante hoje na parte da noite. Polly anda precisando de companhia. Ela continua sendo a garota, agora mulher, espevitada de sempre, mas se separar fez com que ela se esquecesse de como ela gosta de viver.
Eu dirijo até o apartamento dela, falando com a minha mãe no viva voz do celular. Ela quer saber da neta e não sobre mim, como de costume. Só no final que ela pergunta se estou bem e se preciso de alguma coisa, como por exemplo, que ela voe até Londres para me dar um abraço. Claro que eu digo que sim, mas ela não pode. Ela começou a dar aulas de Biologia em duas escolas de Itupeva e dependia das férias e feriados que apareciam.
A ligação não dura muito porque usar a internet do celular é horrível, e acabo desligando antes de chegar ao prédio de Poliana;
— Juan está em casa? — pergunto depois que ela já está devidamente acomodada.
— Não. — Polly ri sarcasticamente. — Ele quase nunca está de manhã, a não ser aos finais de semana que ele chega tarde e dorme o dia todo.
— Para de implicar com ele — o defendo, começando a dirigir. Ainda odiava dirigir do lado direito do carro em Londres. A sensação de estar em um fliperama nunca iria passar.
— Não estou implicando. — Polly coloca o cinto. O cabelo vermelho está preso em uma trança e os olhos verdes bem marcados por uma sombra preta. — Acho que eu só estou com inveja.
— Inveja?
— Por que ele sai, se diverte e parece que eu não sei mais fazer isso. Eu virei uma mulher amargurada.
— Você só precisa de um incentivo. — Eu tento consolá-la. — E eu sou o seu incentivo.
Poliana ri se olhando no espelho do retrovisor.
— E eu vou ser o seu. Te conheço muito bem e essa sua cara de bunda é de quem está morrendo em silêncio então você também precisa de um incentivo. Está com saudades de ser acordada com beijo e café na cama, né?
Estou mesmo com saudades disso.
— Falar o dia inteiro por mensagem não está sendo o suficiente — eu murmuro.
— É, eu sei. Mas daqui a pouco passa. Pensa que ele está ficando um pouco mais milionário, garantindo a herança da Felicity.
Eu a olha irritada e ela sorri. Poliana sabe que o assunto dinheiro me irrita. Passei os últimos anos ouvindo o mundo dizer que eu era só uma interesseira que provavelmente tinha engravidado de propósito para obrigar Liam a ficar comigo e garantir o meu "sustento" pelo resto da vida. Também já li muito por aí que eu só conseguia papeis em peças devido ao meu sobrenome, mesmo que eu não usasse o Payne para absolutamente nada e continuasse com o "Lua Martinez" no meio artístico. O que as pessoas não sabiam é que eu não sou milionária apesar de parecer viver como uma (o que é uma ilusão). O verdadeiro dinheiro é do Liam e, obviamente, de Lissie. Minha mãe diz que eu sou um pouco orgulhosa, já o meu pai diz que eu estou certa em separar as coisas. Eu só acho que estou sendo sensata e não é como se eu não usufruísse do estilo de vida que Liam tem.
— Falando em dinheiro, você que vai pagar o nosso almoço hoje, lembra? É a sua vez — digo.
Poliana resmunga.
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Com amor, Liam [L. P.]
FanfictionEm um mundo ideal, toda história tem um final feliz. No mundo real, no entanto, nem todas são assim. Isso não é algo necessariamente ruim. Algumas histórias, por exemplo, vivem de pausas e recomeços, outras terminam de um jeito triste ou apenas expl...