He Plays the Violin

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As pessoas gostam de falar que eu sou exagerada, que Liam obviamente gosta de mim, e que eu deveria ser mais segura com relação a isso. Poliana é uma dessas pessoas. Eu sei que elas estão tentando ajudar, mas não tenho certeza se elas já pararam para olhar Liam do jeito que eu estou fazendo agora, no bar daquele hotel, com várias pessoas nos cercando.

E por olhar eu quero dizer muito mais do que apreciar a beleza dele. Liam é bonito, todo mundo sabe disso e só esse detalhe já deixa muito difícil ser uma mulher segura. Mas para piorar, Liam é educado, cuidadoso, carinhoso e, como já está claro para mim, é romântico. Ele tem defeitos sim, como qualquer outra pessoa, mas Liam faz com que eu me pergunte diariamente: como ele pode estar comigo?

Eu sempre fui uma mulher completamente a favor da segurança e confiança feminina. Sei que eu tenho o meu valor, mas eu sei também que tenho as minhas limitações e é pedir demais que eu não olhe para Liam e veja uma pessoa que poderia a qualquer momento encontrar alguém que combine mais com ele. Alguém como aquela mulher que continua no bar, só a alguns centímetros de nós.

— Como você chegou aqui? Quando? Onde está Felicity?

Liam pergunta tudo de uma vez só e eu fico olhando para o rosto dele e para o movimento dos seus lábios. Eu quero abraçá-lo, enfiar o rosto no pescoço dele e beijá-lo, mas não me movo.

— Ela está aqui, dormindo em um quarto com Polly.

Ele está estático. Não chegou a ter um infarto como Sasha disse que aconteceria, mas eu o peguei de surpresa.

— Poliana? — Ele diz. — Sua prima?

Confirmo com um aceno. O ar no salão está quente e me deixando mais ansiosa. Liam está surpreso, mas não está dando pulos de alegria por me ver.

— Nós acabamos de chegar — digo. Há várias coisas que eu poderia falar agora. Poderia dizer que eu o amo e que eu sentia muito por tudo o que está acontecendo. Poderia dizer que eu aceito casar de novo com ele e qualquer outra coisa que ele quiser. Poderia não dizer nada e só agarrá-lo e matar minha saudade. Mas o que sai de mim é a única coisa que eu não deveria falar. — Aquela é a mulher das fotos.

Ele vira discretamente para trás, acompanhando o meu aceno. Eu já estou arrependida de ter falado isso e me xingando de burra. Sou impulsa sempre nas horas mais desnecessárias.

— É ela. — Liam volta a me olhar e eu entendo que acabei de matar o indício de felicidade que nasceu dentro dele ao me encontrar  quando ele achava que eu estava na Inglaterra cuidando da nossa filha. — Nathalie.

Meus lábios estão secos e eu daria tudo para dar um gole em qualquer coisa com álcool daquele bar. Serviria para acalmar meus nervos e para me distrair dos olhos de Liam que fitam quase sem emoção.

— Qual o quarto que elas estão? Quero falar com Lissie.

Ele quer ir embora, sair da minha frente e eu não sei que dia que eu fiz Liam chegar ao ponto de não querer nem olhar para mim por mais que cinco minutos. Meus olhos marejam e eu solto o ar pela boca.

— Ela está exausta, Liam. Não sabe que você está aqui e se ela te ver não vai querer dormir.

Quando Felicity Payne coloca na cabeça que não vai dormir, tudo o que ela vê pela frente vem abaixo. Ela precisa dormir antes que exploda e isso é um bom motivo para que Liam fique exatamente onde ele está.

— Você quer alguma coisa? — Liam se aproxima mais do bar e se apoia em um banquinho alto. Eu o sigo e me sento, colocando as mãos no colo.

— Quero que você me olhe de verdade. — Ele me olha, sério demais para o meu gosto. A música que eu não faço ideia de qual seja está me irritando, e as pessoas também. — Você estava me ignorando o dia todo?

Com amor, Liam [L. P.]Onde histórias criam vida. Descubra agora