Written in the Stars

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Acordo e olho o meu celular. Não tem nada. Arrumo Felicity, a levo para a escola e tento me animar para acompanhar o ritmo dela que, apesar do horário, já está falando sem parar. Falho miseravelmente e na hora de me dar tchau, Lissie me dá vários beijos. Acho que ela notou que eu não estou bem.

Volto para casa antes das oito e me enfio embaixo das cobertas. De vez em quando eu gosto de pensar que eu tenho 18 anos e que posso me esconder dos meus problemas na cama. Não ter que ensaiar hoje por ser quarta-feira não me tira as outras responsabilidades que envolvem a casa e a produtora. Só que a parte boa de ser casada com um homem milionário é que se eu estiver triste demais para viver eu posso me dar ao luxo de ficar no meu quarto e realmente agir como uma garota de 18 anos. Não é algo que eu faça com frequência, até porque nunca deixei que dinheiro subisse na minha cabeça, mas hoje é um dia excepcional.

Achei que as coisas entre Liam e eu estivessem melhorando, mas a briga de ontem por telefone me mostrou que tudo continua ladeira abaixo. Liam exagerou e ao mesmo tempo me fez pensar que talvez eu tivesse exagerado com ele também com toda aquela história de fotos, almoço, outra mulher. Agora é tarde demais, tudo deu errado.

Durmo de novo e só abro os olhos quando o meu telefone apita. Pego-o correndo achando que é Liam, mas é Poliana me procurando.

"Dormindo"

Escrevo a mensagem com uma mão só e solto o celular para esconder a cabeça embaixo do travesseiro de novo. Não tenho nem um minuto de paz e o aparelho vibra novamente.

"São nove da manhã, garota! Levanta essa bunda da cama!"

"Não"

Sei que Poliana não vai parar de me bombardear com mensagens então desligo o celular. Não sei direito se eu chego a dormir ou se só fico cambaleando entre o sono e a vontade de chorar, mas o tempo passa e eu ainda estou deitada quando uma pessoa invade o meu quarto.

— Que coisa mais deprimente!

Escuto primeiro a voz da minha prima para depois vê-la de relance se aproximando da minha cama.

— Por que você está invadindo o meu quarto?

Não me mexo nem um centímetro, apenas forço os olhos para que o rosto de Poliana foque na minha visão e deixe de ser um borrão em volto por uma nuvem vermelha.

— A pergunta é: por que você está dormindo em plena quarta-feira a essa hora?

— Por que eu posso — resmungo.

Poliana ergue uma sobrancelha, mas não se abate com o meu mau-humor.

— O que aconteceu?

— Nada. Só estou cansada.

Fecho os olhos de novo e aproveito o silêncio que se faz no quarto por dois segundos. Uma movimentação do lado vazio da cama me avisa que Poliana está agora invadindo o meu esconderijo. Viro de lado e ela está deitada me olhando.

— Essa cama é gigante — ela avalia ao esticar os braços para os lados. — Cabe você, seu marido, sua filha e todos os brinquedos dela.

— Mas ultimamente eu estou usufruindo disso tudo sozinha. Não trago Lissie para dormir comigo para ela não acostumar.

Poliana olha para o teto, mas se senta com um movimento brusco.

— Eu deitei no lado da cama que pertence ao seu marido?

Olho para o travesseiro amassado que ela acaba de deixar.

— Não, esse lado aí é o meu.

Ela sorri.

Com amor, Liam [L. P.]Onde histórias criam vida. Descubra agora