Capítulo 1

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Stephen Loren foi encontrar seu Mestre em um lugar inesperado: o porão de uma igreja. O homem encapuzado dizia não possuir um nome, mas sim milhares, e que havia passado tanto tempo desde seu corpo de batismo, que ele não saberia dizer nem mesmo a cor dos cabelos de sua mãe.

— É isso que deseja? — o Mestre perguntou a Stephen.

— Sim. — respondeu o garoto de apenas quatorze anos. — Desejo me tornar o melhor kravani. Desejo ter a morte em minhas mãos. Desejo viver para todo o sempre.

O Mestre estapeou o rosto do pequeno lorde.

— Sabe o que significa viver para sempre? — questionou. — Acha que a vida de um kravani é simplesmente caminhar pelas eras, sem sofrimento algum?

Stephen não sabia o que responder, por isso manteve-se em silêncio como havia sido instruído antes de ir ter com o Mestre.

O homem abaixou o capuz e mostrou um rosto jovem, sem rugas e de traços finos. Não era um homem em corpo, Stephen percebeu, mas era um ancião em espírito.

— Eu amei dezenas de donzelas e enterrei centenas de filhos. — disse o Mestre, retirando uma erva vermelha do bolso de seu manto. Colocou-a em um cachimbo preto e acendeu. Uma fumaça pesada infestou o porão da igreja, tinha vários cheiros misturados, mas Stephen Loren não reconheceu nenhum. — Tirei a vida de inocentes e deixei culpados vivos. Isso, criança, não é fácil. Nem mesmo para um homem como eu.

O homem estendeu o cachimbo, seus olhos frios vigiavam Stephen, e seu rosto era uma estátua sem expressões. O pequeno lorde pegou o cachimbo e o levou à boca. Sentiu um calor descer por sua garganta, uma sensação que jamais experimentara lhe veio ao peito. Sua respiração começou a falhar, e seu olhar embaralhava.

— Deseja conhecer a morte, rapaz? — a voz do mestre estava torpe no ar, como em um sonho.

— Sim. — ele sussurrou.

— Então você deve morrer. — disse seu mentor. E essa foi a última coisa que Stephen ouviu antes de ser engolido pela escuridão.

O Bardo na TavernaOnde histórias criam vida. Descubra agora