Capítulo 10

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O khaishi não parecia convencido.

— Espera aí. — ele rosnou. — Não entendo o motivo disso tudo.

— E o que você não entende? — perguntou Lewrence de Pontavelha.

— Bem, é claro que não acredito que toda essa história de mudanças de corpos seja verdadeira, mas há algo que me intriga mesmo assim. Por que esse tal mestre desejaria a morte dessas pessoas?

O bardo sorriu.

— Ele não deseja a morte de ninguém — disse. — Os kravanis não agem por motivos pessoais. Há uma grande causa por trás de seus atos.

— Que causa?

— Temo que não saiba lhe dizer. — o bardo comentou. — Sou apenas um aprendiz nesse assunto. Sei apenas que o Mestre tinha uma missão ainda maior para seu pupilo. Você descobrirá ao decorrer da história.

O khaishi rosnou.

— Eu tenho um compromisso com uma pessoa. — disse. — Essa sua história está maior do que imaginava. Não posso me atrasar.

— Ah — Lewrence gesticulou. — Essa pessoa certamente pode esperar um pouco. A não ser que seja algum rei. Nesse caso, é melhor se apressar.

— Não. — disse o khaishi em um tom sarcástico. — Não é um rei. Meu compromisso é com o Hean Dariell Waldman.

Os olhos do bardo se arregalaram.

— Deuses! — gritou Lewrence. — Você tem um compromisso com o Hean? Estou tentando uma vaga para mostrar meus talentos a ele, mas não é fácil entrar no Castelo Santo. E você, um mercenário, tem acesso ao salão do homem mais importante do mundo!

O homem de chapéu preto lhe encarou.

— Você realmente não sabe quem sou, cantor? — o khaishi perguntou.

— Temo que não. — respondeu Lewrence.

— Eu sou Petrus Vallore, um filho das sombras, treinado pelos melhores assassinos do mundo. — ele chegou mais perto do bardo, sussurrando em seu ouvido. — Talvez você já tenha ouvido falar no Cavaleiro das Tumbas.

Lewrence arqueou as sobrancelhas, surpreso.

Você é o Cavaleiro das Tumbas?

O homem de chapéu preto assentiu.

— E que tipo de assunto envolve você e o Hean? — Lewrence perguntou.

— Segurança. — disse o khaishi. — Há uma vaga para guarda pessoal de Dariell, e eu pretendo preenchê-la.

— Não acho que alguém com sua fama conseguiria tal feito. — o bardo comentou. — Mesmo em Pontavelha seu nome era sempre temperado com chacinas, estupros e regicídios. Não acho que o Hean adotaria um regicida como seu guarda pessoal.

O outro sorriu.

— Possuo talentos, rapaz. — ele disse. — E não tenho intenção alguma de tirar a vida de Dariell. Preciso do dinheiro e desejo me aposentar desse trabalho cansativo.

— Tudo bem — disse Lewrence. — Mas eu estou tentando dizer que você não conseguiria chegar nem sequer perto de Nosso Soberano. A Guarda Santa é impenetrável.

— Para quem não possui talentos, sim. — disse Petrus. — Esta noite estarei discutindo meus assuntos com o Hean. Portanto, trate de apressar essa sua história. Estou começando a gostar de você. Quem sabe sua vida seja poupada.

O bardo sorriu, assentiu e continuou.

O Bardo na TavernaOnde histórias criam vida. Descubra agora