Capítulo 14

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— E foi assim que me separei de Dixon Blakwand. — anunciou Lewrence de Pontavelha. — Quando ele entrou pelo portão leste de Faraster, separado de seu mestre, ele me obrigou a não procurar mais por ele. Disse que seria perigoso para mim.

O khaishi estava desconfortável em sua cadeira.

— E quando isso aconteceu?

Lewrence deu um gole em sua caneca.

— Essa tarde.

Petrus Vallore socou a mesa.

— O quê? — gritou. — E onde está esse maldito kravani?

— Eu lhe disse, senhor, fui obrigado a me separar dele.

O homem de chapéu preto se levantou, provavelmente pretendendo ir atrás de Dixon Blakwand, mas foi então que um grupo de soldados entrou na hospedaria do velho Groon, com olhares apreensivos e severos.

— Ninguém sai daqui. — disse o comandante enquanto se virava para Groon. — Tranque essa porta e mantenha as velas apagadas.

— O que aconteceu? — perguntou um homem perto da lareira.

— Um corpo foi encontrado boiando nos canais. — anunciou o guarda. — O homem foi assassinado apenas há algumas horas, seu sangue está fresco.

— E quem é o morto? — quis saber o khaishi.

— Nosso general o reconheceu como Dixon Blakwand, um alquimista importante da Academia. — o guarda tinha o tradicional olhar de estátua que todo soldado era treinado a ter. — Ainda não sabemos o que esse homem fazia em Faraster.

— Pois eu sei. — disse o khaishi. — Ele estava aqui com o intuito de matar o Hean.

Os guardas se entreolharam desconfiados.

— Não sei quem você é, senhor — disse o comandante. — Mas se o que diz for verdade, então que bom que o homem morreu.

— Não! — Petrus Vallore gritou. — Vocês não entendem. O homem era um kravani. Não se mata um kravani. O homem está a solta, esperando o momento certo para matar Dariell Waldman. Eu preciso ir até ele para protegê-lo.

O khaishi tentou passar pelos guardas, mas foi segurado pelo comandante.

— Você não vai a lugar algum.

Foi quando Lewrence de Pontavelha foi até o homem de chapéu preto e o segurou pelo ombro numa tentativa de evitar confusão.

— Deixe esse trabalho para a Guarda Santa, Petrus. — o bardo disse.

— Quem é você para me chamar pelo nome? — o khaishi gritou enquanto se virava para encarar Lewrence. — Se não fosse por sua culpa, eu estaria ao lado do Hean agora, e ele estaria a salvo.

— Mas eu...

— Cale essa maldita boca! — o khaishi ordenou.

Em seguida, ele desembainhou sua adaga, penetrando-a no peito do bardo, possuído por uma ira assustadora. Os olhos de Lewrence de Pontavelha se arregalaram enquanto o sangue subia à sua garganta.

— Quais são suas últimas palavras, cantor?

Com o olhar brilhante, o bardo sorriu.

— Obrigado. — ele arquejou.

O olhar do khaishi mudou de raiva para confusão.

— E por que está em agradecendo?

— Porque você está me livrando deste corpo imberbe de Lewrence.

O khaishi gargalhou.

— Acho que suas histórias estão enlouquecendo você, cantor. Por que está falando assim? — ele cuspiu na cara de Lewrence. — Você é apenas um artista de merda, que vive de taverna em taverna dependendo de migalhas para viver.

— Sim. — disse Lewrence. — Mas antes disso fui Dixon Blakwand, um poderoso alquimista; — os olhos do khaishi se arregalaram. — E antes fui Harold Spenzer; Sem contar com Wicko... e, caso deseje saber meu nome de batismo, também fui Stephen Loren um dia. Agora, com sua ajuda, serei o mais novo hean.

— Não. — o khaishi soltou o corpo do cantor, o deixando cair sobre o chão de madeira da taverna. — Não pode ser... você não...

Então as trevas lhe engoliram por alguns segundos.

O Bardo na TavernaOnde histórias criam vida. Descubra agora