— E foi assim que me separei de Dixon Blakwand. — anunciou Lewrence de Pontavelha. — Quando ele entrou pelo portão leste de Faraster, separado de seu mestre, ele me obrigou a não procurar mais por ele. Disse que seria perigoso para mim.
O khaishi estava desconfortável em sua cadeira.
— E quando isso aconteceu?
Lewrence deu um gole em sua caneca.
— Essa tarde.
Petrus Vallore socou a mesa.
— O quê? — gritou. — E onde está esse maldito kravani?
— Eu lhe disse, senhor, fui obrigado a me separar dele.
O homem de chapéu preto se levantou, provavelmente pretendendo ir atrás de Dixon Blakwand, mas foi então que um grupo de soldados entrou na hospedaria do velho Groon, com olhares apreensivos e severos.
— Ninguém sai daqui. — disse o comandante enquanto se virava para Groon. — Tranque essa porta e mantenha as velas apagadas.
— O que aconteceu? — perguntou um homem perto da lareira.
— Um corpo foi encontrado boiando nos canais. — anunciou o guarda. — O homem foi assassinado apenas há algumas horas, seu sangue está fresco.
— E quem é o morto? — quis saber o khaishi.
— Nosso general o reconheceu como Dixon Blakwand, um alquimista importante da Academia. — o guarda tinha o tradicional olhar de estátua que todo soldado era treinado a ter. — Ainda não sabemos o que esse homem fazia em Faraster.
— Pois eu sei. — disse o khaishi. — Ele estava aqui com o intuito de matar o Hean.
Os guardas se entreolharam desconfiados.
— Não sei quem você é, senhor — disse o comandante. — Mas se o que diz for verdade, então que bom que o homem morreu.
— Não! — Petrus Vallore gritou. — Vocês não entendem. O homem era um kravani. Não se mata um kravani. O homem está a solta, esperando o momento certo para matar Dariell Waldman. Eu preciso ir até ele para protegê-lo.
O khaishi tentou passar pelos guardas, mas foi segurado pelo comandante.
— Você não vai a lugar algum.
Foi quando Lewrence de Pontavelha foi até o homem de chapéu preto e o segurou pelo ombro numa tentativa de evitar confusão.
— Deixe esse trabalho para a Guarda Santa, Petrus. — o bardo disse.
— Quem é você para me chamar pelo nome? — o khaishi gritou enquanto se virava para encarar Lewrence. — Se não fosse por sua culpa, eu estaria ao lado do Hean agora, e ele estaria a salvo.
— Mas eu...
— Cale essa maldita boca! — o khaishi ordenou.
Em seguida, ele desembainhou sua adaga, penetrando-a no peito do bardo, possuído por uma ira assustadora. Os olhos de Lewrence de Pontavelha se arregalaram enquanto o sangue subia à sua garganta.
— Quais são suas últimas palavras, cantor?
Com o olhar brilhante, o bardo sorriu.
— Obrigado. — ele arquejou.
O olhar do khaishi mudou de raiva para confusão.
— E por que está em agradecendo?
— Porque você está me livrando deste corpo imberbe de Lewrence.
O khaishi gargalhou.
— Acho que suas histórias estão enlouquecendo você, cantor. Por que está falando assim? — ele cuspiu na cara de Lewrence. — Você é apenas um artista de merda, que vive de taverna em taverna dependendo de migalhas para viver.
— Sim. — disse Lewrence. — Mas antes disso fui Dixon Blakwand, um poderoso alquimista; — os olhos do khaishi se arregalaram. — E antes fui Harold Spenzer; Sem contar com Wicko... e, caso deseje saber meu nome de batismo, também fui Stephen Loren um dia. Agora, com sua ajuda, serei o mais novo hean.
— Não. — o khaishi soltou o corpo do cantor, o deixando cair sobre o chão de madeira da taverna. — Não pode ser... você não...
Então as trevas lhe engoliram por alguns segundos.
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O Bardo na Taverna
FantasyUma taverna, um bardo e um assassino com sede de sangue. Esse é o cenário inicial desse conto cheio de reviravoltas e personagens carismáticos. Sente, peça uma cerveja e conheça a história de Lewrence de Pontavelha, um cantor que precisa fazer de tu...