Harold Spenzer despertou na manhã seguinte sentindo a cabeça pesada. Vai passar, pensou. O Mestre havia dito que era normal sentir aqueles incômodos. É um preço aceitável para morrer.
Sentou-se na cama, alongando a coluna. Ainda estava se acostumando com as roupas de um barão, as comidas, os costumes...
E o corpo.
O corpo de um homem mais velho funcionava de maneira diferente, isso ele logo percebeu. Não tinha a mesma agilidade que tinha como Stephen ou como Wicko. A coluna doía e os cabelos grisalhos o faziam sentir vontade de gritar. Devo esperar. Não é tão ruim ser um velho. Mas era. Levantar da cama o fez sentir uma pontada na espinha, e ele teve que engolir o grito.
— Senhor — disse a voz de um soldado após fortes batidas na porta. — Braken Hulliger está aqui.
Harold levantou da cama em um pulo, ignorando as dores nos ossos e vestindo rapidamente sua roupa de barão. Espero que tenha dado certo, pensou enquanto abria a porta de seu quarto e pedia os resumos ao soldado.
— O homem chegou com uma tropa enorme — disse Varg Langford, acompanhando-o em passos largos. — Mais de cinco mil homens, creio eu.
— Bom... — Harold sorriu.
O soldado lançou um olhar duvidoso ao seu suserano, mas, qual fosse sua pergunta, ele a engoliu e retribuiu um sorriso amarelo.
Foi encontrar Braken Hulliger na sala comum de seu castelo. O homem estava robusto por baixo de sua cota de malha e seu couro, bebendo uma taça de vinho e mastigando um pêssego. Três de seus soldados faziam sua guarda, seus olhares estáticos.
— Saiam. — O barão de Pontavelha disse aos seus homens quando viu Harold. Os soldados bateram continência e saíram em seus passos metálicos.
Apenas quando a porta se fechou e os barões ficaram a sós, Braken Hulliger abriu a boca para falar.
— Fiquei sabendo de um inconveniente com meu enviado, Wicko. — disse. — Posso saber onde ele está?
— Creio que saiba exatamente onde ele está.
Braken Hulliger se aproximou, olhando insanamente para os olhos de Harold. Respirou fundo e abriu um sorriso inconfundível.
— Missão cumprida? — O barão de Pontavelha perguntou.
— Sim, Mestre. — Harold respondeu, sentindo um alívio enorme. — Como está se saindo com seu novo corpo? Parece ser mais velho que o meu.
O outro sorriu.
— Sim. Mais velho. Porém mais poderoso. — deitou a mão sobre o ombro de Harold. — Fico feliz que tenha conseguido.
— Eu também, senhor. E agora, qual será nosso próximo passo?
— Meus passos não importam para você. — Braken sentou-se e cruzou as pernas. — O seu passo a seguir será ir até a Academia. O próximo da lista é Dixon Blakwand.
— O Alquimista?
— Sim, esse mesmo. O desgraçado está causando muitos atrasos à nossa causa. Devemos descobrir os segredos de suas poções. — jogou uma bolsa de moedas para seu pupilo. — Você parte em dois dias.
— Mas — Harold hesitou. — A Academia fica a uma semana de viagem. Meus homens desconfiarão a me ver indo tão longe.
— Você é um barão. Pode fazer o que quiser.
— Sim, senhor, mas... — respirou fundo. — Um alquimista é algo complicado demais para mim. E se o homem me reconhecer? E se ele souber que sou um kravani?
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O Bardo na Taverna
FantasyUma taverna, um bardo e um assassino com sede de sangue. Esse é o cenário inicial desse conto cheio de reviravoltas e personagens carismáticos. Sente, peça uma cerveja e conheça a história de Lewrence de Pontavelha, um cantor que precisa fazer de tu...