8. Aracnídea

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Terça-feira


Hoje o dia foi uma merda. Na editora fui praticamente obrigada a fazer uma coluna para o jornal de NY, sobre o dia internacional da mulher.

- Patrícia? - senhor Paul, também conhecido como o PODEROSO CHEFÃO ou uma versão mal feita de CHRISTIAN GREY, falava cuidadosamente ajustando seus óculos.

Não posso evitar essa comparação. Ele é muito gostoso e, todo o resto do grupo editorial pensa a mesma coisa. Bem... As mulheres pensam a mesma coisa.

Para ficar um xerox perfeito, só falta ele me propor um contrato onde eu assino concordando que ele pode fazer o que quiser comigo... Ah... E ele poderia, sem dúvidas nenhuma!

- Pois não?

- A senhorita Hilston ainda não apareceu?

- Ela deixou um recado com a secretária, dizendo que o filho dela está doente e que hoje não poderá vir. - respondi mantendo meus olhos na tela do computador. Meus dedos ágeis passando pelo teclado rapidamente.

- Oras, porque você não me avisou antes?

- Porque esse é o trabalho da secretária! - exclamei. Deixei a tela do computador de lado e o encarei.

O meu trabalho é revisar todo o material que chega até mim, antes de publicá-los nas páginas de um jornal.

Tanto, que no meu crachá está escrito "revisora geral". E nada de "secretária" portanto, não sou obrigada à fazer o trabalho de outra pessoa. Ainda mais, se eu sei que essa outra pessoa não faria nada por mim.

- Bem ... - ele enrolou-se nas falas. Pode ser paranóia minha, mas acho que ele fica muito tenso em minha presença. - ... Aqui é uma empresa e trabalhamos em equipe.

- Trabalhar em equipe é uma coisa, bancar a trouxa e fazer o trabalho de outra pessoa é uma história bem diferente.

- Tudo bem. Não vou discutir com você. - disse soltando o ar. Viu? Até ele sabe que bater boca comigo não vai resultar em nada.

- Sábia decisão!

- Mas preciso de uma matéria sobre o dia internacional da mulher, para a coluna do times NY. Você vai ficar encarregada disso, já que a senhorita Hilston não veio.

Percebeu que ele me chama pelo primeiro nome? Ele parou com essa frescura de senhorita Olivares, no dia em que enfezei e derrubei "sem querer" o café em seu... ér, no meio das pernas.

Em minha defesa, eu aleguei que quando sou chamada de senhorita Olivares meu sistema nervoso explode, me deixando inquieta e tensa. E foi assim que eu consegui essa informalidade entre nós - principalmente na hora do café.

- Não posso. Tenho três matérias para revisar antes do almoço e...

- E, eu sabia que você me ajudaria. - sorriu sacástico, deixando meu queixo no chão.

Eu praticamente tive que me desdobrar em quatro para dar conta desses trabalhos, teve um determinado momento do dia em que eu tive vontade de ir até a sala dele, jogar as matérias em sua mesa e pedir demissão.

Mas então eu penso que meu sonho de ser escritora está à um passo de realizar-se e isso faz a minha raiva e frustrações passarem.

Como o jornal tinha que estar nas bancas antes do meio dia, coloquei a matéria do Dia Internacional da Mulher em primeiro lugar e me dediquei à ele. Consegui entregar a matéria à tempo e logo após fui almoçar.

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