27. Tirando as vendas

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     Bati na porta em um gesto desesperado. Minha cabeça doeu e latejou de forma perturbadora, uma enfermeira ía atrás de mim gritando e pedindo para que eu parasse. E eu parei? Não! Invadi o quarto onde Lucas estava hospitalizado e parei diante da cama com os olhos cheios de lágrimas. Respirei fundo engolindo o choro.

—  Lucas, seu filho da ...

— É tão bom te ver bem, prima!

— Que merda hein, Lucas! — andei depressa e me joguei em seus braços. Meu coração doía por diversos motivos.

Acho que nunca estive tão angustiada e desesperada na vida. Tudo acontecia de forma rápida e desenfreada que quase me fez crer que uma uma maldição pairava sobre a família Olivares. Meu peito estava agitado e meu coração sorria de forma triste ao vê-lo daquele jeito.

— Está tudo bem, Paty. Não chore! — ele sorriu carinhoso. Colocou meus cabelos atrás da orelha e beijou minha testa. — Bom, eu estou bem... Já você... — brincou.

Eu ri e acabei o apertando em meus braços. Acho que eu não aguentaria perder mais ninguém em minha vida. Maike escolheu seu próprio destino mas, eu jamais iria querer esse fim para ele. Nunca iria querer esse fim para alguém.

— Vai com calma aí, querida. As costelas doem. — fingiu gemer de dor.

— Desculpa! — me afastei para olhá-lo e sorri de canto. — Não sei o que faria se te perdesse, Lucas.

— É... Sempre soube que sem mim você não é nada! — gabou-se. Fiquei o olhando por alguns segundos, acabei deixando uma lágrima escapar. Meu coração já estava calmo e fiquei emocionada em saber que meu primo daria sua vida por mim. — Por quê está com essa cara? Tá me assustando...

— Obrigada por tudo! Por tudo mesmo, Lucas. — falei ao notar seu cenho enrugado.

Ele sorriu para mim. Eu sorri para ele.

— Às vezes, nós precisamos perder para dar valor... Não é mesmo? — disse com aquela voz de velho sábio.

— Eu não te perdi. — acabei rebatendo seu comentário. Minha testa franziu em modo confuso ao não entender do que ele falava.

— Pois é. Mas eu não falava de mim. — segurou em minhas mãos e deixou um suspiro escapar. — Passamos por altos momentos nesses últimos anos, não é mesmo?

Sorri afirmando.

— Acabei tendo que esperar um acidente quase me tirar a vida para entender que... Não podemos guardar para nós mesmos o sentimento de rancor e orgulho. Acabei percebendo que eu passei muitos momentos lindos com Janis, você, Bianca, com a nossa família... Mas nunca deixei que soubessem como eu realmente amo vocês e no quanto são importantes para mim...

Chorei baixinho tentando controlar os soluços, não queria atrapalhar o lindo discurso que meu primo dava por que no fundo... Tudo aquilo servia para mim. As palavras chegavam ao meus ouvidos e metralhavam meu coração.

— Lucas...

—Não, me deixe terminar. — pediu e eu me calei. — Às vezes, a monotonia do dia a dia nos faz achar que não precisamos mostrar para a pessoa que amamos o quanto ela é valiosa em nossas vidas... Pensamos que ela já sabe e por isso não precisamos dizer nada ou demonstrar... Só que precisamos, Paty. Precisamos lembrá-las todos os dias o quanto são importantes, valiosas, o quanto significam para nós e o quanto a amamos... porque a morte não nos dá uma segunda chance para isso.

Havia pequenos burburinhos vindo detrás de mim. Acabei secando as lágrimas com as costas das mãos e puxei o ar tentando controlar a dor que invadiu meu peito. Todas aquelas palavras jogadas ao vento de forma carinhosa e natural, acabaram vindo até mim e esbofetearam meu rosto.

— Foi tão lindo, filho!

Acabei virando assustada ao ouvir a voz da tia Mari preencher o lugar. Ela estava tão bonita e formosa que quase não a reconheci. Logo atrás dela vinha Aisha com seu jeitinho tímido e quieto. Sorri para a pequena que retribuiu de imediato.

— Mãe? — Lucas não estava apenas confuso, também estava feliz. — Pai?

— Tio? — também questionei porque foi muito estranho vê-los juntos.

Ambos trocaram olhares cúmplices enquanto se aproximavam de nós, tio Fábio deixou em minha testa um de seus beijos carinhosos e sorriu abertamente.

— Você está bem?

— Estou viva. Acabei de crer que vaso ruim não quebra. — sorri ao responder. Percebi que eles queriam ficar com Lucas e eu já havia passado tempo demais em seu quarto. — Vou voltar para o meu lugar antes que venham me dopar.

— Ainda estou tentando entender como você se livrou dos aparelhos... — Lucas refletiu confuso.

— Mistérios da vida, primo. — sorri travessa e andei em direção a porta. — Nos falamos em breve.

— Paty? — me chamou. Virei para ele antes que eu conseguisse alcançar a maçaneta. — Você deveria dizer ao Nash o que ainda sente por ele...

— Mas...

— Mas, se quiser esperar perder para poder enxergar seus sentimentos e engolir seu orgulho, isso já é escolha sua!

As palavras foram entregues com sucesso.

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Isso .
Estou ciente de que esse capítulo ficou curto se comparado com os que costumo postar mas, é necessário que ele fique assim.
Como sabem CDP está chegando ao fim e eu estou tendo surtos psicóticos com isso... Então, os capítulos curtos me ajudam a prolongar essa história.

Ah, a partir do próximo capítulo vai haver mudanças decisivas por aqui... Fiquem comigo até o fim e descubram o que estou reservando para vocês.

Beijos.

|| Confissões da Paty - Livro 2 ||Onde histórias criam vida. Descubra agora