Domingo à tarde.
Com tudo o que houve não consegui manter meus olhos abertos até o almoço. Precisava descansar. Meu corpo necessitava de repouso urgente. Até mesmo meu cérebro gritava desesperado tentando de todas as formas desligar-se de todas as preocupações.
Quando acordei notei que a casa estava silenciosa. Procurei pelo meu celular que logo quando encontrei, acendi a tela. Duas da tarde. Respirei pesado tentando me levantar e peguei minhas muletas. Meu estômago roncava. Parecia uma manada de elefantes brincando de pular corda.
Foi então, que decidi ir à cozinha comer algo. Não me preocupei em procurar o povo da casa, sabia que estavam na delegacia resolvendo o resto do assunto. Flávio disse aos meus pais que Érick planejava encontrar minha mãe e isso fez meu pai ficar uma arara.
Essa reação me encheu de alegria. Se meu pai estava com ciúmes, era sinal de que o que vi mais cedo era apenas a preocupação deles vindo à tona de forma impetulante. Ainda assim, estava decidida em ter uma conversa com minha mãe sobre isso. Sobre o que estaria acontecendo com ela e meu pai. Porque estava claro que eles tinham um problema.
Arrastei a cadeira. Sentei e segurei na alça da xícara. Sim, eu estava tomando chá. Precisava acalmar meus nervos e sustentar meu estômago com alguma coisa.
Todo o ar à minha volta parecia estar parado. Infelizmente, me lembrei do que havia acontecido. Daquela arma sendo apontada em minha cara. Do olhar de medo que Nash demonstrou ao me ver. Meu Deus! Eu estava pensando nele. Meu coração já não estava machucado, já não queria ignorá-lo. Meu coração estava tranquilo, feliz. Parecia ter encontrado a paz que sempre busquei.
Nunca entendi direito o que aconteceu entre Nash e eu. Tá, ele pensou que eu o havia enganado. Que eu o havia traído. Depois, me desprezou de todas as formas possíveis. Arrebentou meu coração em várias partes. Seguiu firme em seu propósito de se tornar o melhor cafajeste e, conseguiu.
Os anos passaram e acho que ele se arrependeu de ter me tratado daquela forma. Não estou tentando livrá-lo da culpa mas, sei que tudo o que ele fez, de alguma forma, foi para descontar a raiva que sentia por mim. Porque ele achava que eu realmente o tinha enganado. Seu erro foi não ter me dado a oportunidade de explicar.
Isso encadiou outro sentimento em mim. O ódio. Seu desprezo e a nova vida que ele levava me fizeram o repudiar. Mas no fundo eu o amava. Sair com outros homens só fez isso ficar cada vez mais claro. Eu tentei. Todos sabem que tentei esquecê-lo. Tentei amar outro homem que, também acreditou em algo. Mas dessa vez foi verdade.
Beijei o Nash enquanto namorava Richard. Mas eu estava bêbada e fora de mim. Ainda que essa não seja uma desculpa, mas é a verdade. O álcool apenas me deu a coragem que quando estava sã eu não tinha. Claro, coloquei a culpa na bebida. John Green não colocou nas estrelas? Então eu posso colocar no que eu quiser. E eu coloquei na maldita bebida.
Ainda assim, Richard não precisava ter terminado comigo. Ele foi infantil. Sim, foi infantil. Poderia ter arrastado uma cadeira e conversado comigo. Poderia ter perguntando se eu ainda amava Nash. Poderia até ter relevado por eu estar bêbada. Mas, não! Ele quis assim. Preferiu assim. Desculpe, mas não sou de correr atrás de homem.
Meus lábios estavam encostados na borda da xícara quando ouvi a porta de entrada abrir. Ainda que eu quisesse me levantar, não o faria. Esperei pacientemente pela pessoa que entrou, apontar na cozinha. Minha respiração estava pesada. Mesmo eu me sentindo calma, minha respiração parecia não querer se ajustar.
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|| Confissões da Paty - Livro 2 ||
Genç KurguO colégio ficou para trás e junto dele, ficou os passeios bobos, brigas tolas e romances frustrantes. Contas! Faculdade! Dividir o apê com a amiga! A boa fase acabou. Patrícia descobriu que sua vida não era tão difrente ao da sua mãe, que ter dois...