29. Ainda há algo de amor?

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*Cenas do capítulo anterior*

De repente, a voz que invadiu o lugar me pegou de surpresa fazendo-me dar um salto. O coração chacoalhou no peito em protesto com o que aconteceu, respirei fundo e segurei a garota forte. Mas, assim que ela viu quem entrou desceu do meu colo às pressas. Correu em direção do homem e estendeu seus pequenos braços. Estendeu os braços enquanto falava papai, papai... Foi pega pelo o homem que, ao reparar bem, fez toda a cor se esvair de meu rosto.

- Nash?

O rosto dele também pareceu perder a cor, estava assutado e talvez, não estivesse acreditando no que seus olhos viam. O fato era que meu coração simplesmente parou de bater, engoli a saliva rapidamente enquanto molhava meus lábios com a língua. Meus olhos se encheram de lágrimas, de um forma que me fez respirar fundo. Muito fundo.

E para o meu total desespero, Nash estava terrivelmente Lindo!

— Patrícia?

Como assim Patricia, Nash? Por quê essa formalidade? O que houve com aquela intimidade que nos uniu no inicio da minha Adolescência?

— Oi. — respondi. Me segurei forte na cadeira, caso contrário, eu beijaria o chão.

Patrícia? — repetiu.

Ele parecia bem atordoado, me encarava com aqueles olhos verdes penetrantes e nem por um minuto ousada desviar. A pequena garota em seus braços, deitou a cabeça em seu ombro e esfregou seus olhos. Chegava a ser retardado o modo como não havia assimilado os olhos da garota aos do Nash. Eram exatamente iguais. Vibrantes. Intensos.

— Só um minuto. — ele pediu, mas, para ele eu daria até mil.

Ali, diante do homem que sempre mandou em meu coração, eu percebi o quanto fui burra em deixar tanto tempo passar. Deixar ele partir sem saber o quanto me importava com ele. O quanto eu sentiria sua falta. O quanto eu sofreria se ele se casasse com outra.

Outra!

Meu Deus, eu ali maravilhada em reencontrar com ele que nem ao menos me toquei que ele poderia estar com a esposa. Claro que estava. Sua filha parecia passar mal com algo, na certa estavam juntos.

Foi infantil da minha parte ter aproveitado o exato momento em que ele se abaixava para colocar a garotinha no chão, para passar por ele sem nem ao menos parar para escutar o que ele queria dizer.

Porque ele queria dizer algo, ou não estaria gritando meu nome quando adentrei o corredor e apertei meus passos até o consultório do Lucas. Minha respiração estava desajustada, assim como meus batimentos cardíacos.

Nash havia amadurecido fisicamente e eu poderia supôr, que isso fosse por causa da dádiva de ser pai... Pai de uma filha que não era minha, mas, que poderia ser.

Que eu desejava que fosse.

Mas não era.

Aquela linda garotinha pertencia à outra mulher e eu não poderia lutar contra isso nunca. No entanto, a forma como aqueles olhos me encararam quase me fizeram derreter. Nash transmitia uma mistura de surpresa com confusão e felicidade que eu não saberia explicar.

Infelizmente, bastou esse olhar para despertar em mim aquele fio de esperança. Aquela luz no fim do túnel parecia cada vez mais perto. Havia algo à mais em seus olhos. Pareciam manter o mesmo brilho de quando nos conhecemos. De quando nos apaixonamos. Quase acreditei que ainda havia um amor escondido ali, bem lá no fundo do coração.

— O que aconteceu? — Janis, que até então estava alheia ao que acontecia ao redor, virou a cadeira e me olhou intrigada. — Parece que viu um fantasma.

— Estou bem. — Fechei a porta logo atrás de mim.

— Não está não! — rebateu, saiu de seu lugar e caminhou ao meu encontro. — Vai, desembucha!

— Ele está aqui! — foi o que eu consegui responder. Janis arqueou a sobrancelha como quem ameaça dizer que sua melhor amiga poderia estar louca, e balançou a cabeça.

— Explique-se. — pediu.

— Nash. — não precisei repetir ou dizer mais alguma coisa. Ela entendeu meu desespero, só não entendeu minha reação.

— E porque está soltando os Bofes pra fora, amiga? Não era isso o que queria? Encontrar ele?

— Sim. Mas não aqui, não agora. Não assim... Sem me preparar! — passei a mão na nuca sentindo um calafrio.

— Paty, pode ir parando ou dou na sua cara! — ameaçou sem sentir um pingo de dó por mim. — Você esteve se preparando durante um ano inteiro para esse momento, o que deu em você agora?

— Conheci a filha dele. — respirei fundo e me calei. Não queria dizer mais nada, queria apenas pensar se fiz o certo em sair da sala daquele jeito.

— OK. O que tem demais nisso? — cruzou os braços esperando por minha resposta.

— Se ele está aqui com ela, a esposa não deve estar longe. Não estou preparada psicologicamente para bater de frente com a mulher que deu ao Nash uma filha. — respondi calmamente.

— Olha, Paty, acho que você precisa saber que...

Janis fora interrompida por Lucas, ele estava encostado no batente da porta e pigarreava para chamar nossa atenção. Sorriu ao ganhá-la e andou até nós. Beijou Janis de forma carinhosa, a mesma forma na qual eu gostaria de beijar Nash e não podia. Depois, sem mais delongas, me abraçou.

— Não sabia que te veria hoje, Paty. Quase nunca vem ao hospital.

— Por quê será? — mandei uma pergunta retórica pra cima dele, o mesmo riu e beijou minha bochecha.

— Aqui está a chave de casa, mocinha. — ele dirigiu as palavras para Janis. — Tenham um bom jantar!

Ele estava prestes a sair da sala quando o fiz parar, coloquei meu corpo entre ele e a porta, e pousei minhas mãos sobre seu tórax.

— Lucas...

— Paty! Preciso ir trabalhar, tem uma menininha passando mal e tenho que atendê-la.

Ai Meu Bom Jesus!

Era a filha do Nash, eu tinha certeza disso.

— Hum, Qual o nome da menina?

— Por quê isso te interessa? — arqueou as sobrancelhas suspeito e cruzou os braços. O jaleco branco deixava meu primo terrivelmente sexy.

— Não me interessa, mas quero saber.

— Olha, eu não deveria contar porque isso definitivamente não é da sua conta, mas, sou uma pessoa muito boa e um ótimo primo...

— Fala logo, Lucas! — Janis e eu exclamamos juntas.

— OK. Credo! O que deu em vocês? — enrugou o cenho confuso e soltou o ar. — Ela se chama...

— REBECCA!

A voz grossa que cortou o ar da sala era conhecida, assim como a pequena que invadiu o lugar e grudou em minhas pernas de forma desesperada. Seus olhos verdes profundos me encararam como se implorassem por ajuda, acabei me abaixando rápido demais para abraçá-la e isso fez meu coração saltar.

Nash entrou na sala respirando fundo, parecia estar em uma maratona e com certeza, estava perdendo. Seu rosto vermelho e respiração desajustada demonstrava isso. Nossos olhos se cruzaram e aquele arrepio percorreu meu corpo. Ele estava me olhando com atenção enquanto sua respiração voltava ao normal.

— Vishi! — Janis exclamou mais ao fundo.

Eu não poderia prestar atenção em nada do que estava ao meu redor porquê, mais uma vez, Nash estava roubando meu coração.

|| Confissões da Paty - Livro 2 ||Onde histórias criam vida. Descubra agora