27.Brazil

336 26 1
                                    

Enfim, uma cama!-deixo as mochilas ao lado dela e me jogo no colchão, de bruços, calculando quantas horas vou poder dormir.

-Você nem pense em dormir agora, Harold!-Louis grita e se joga em cima de mim-Não viemos aqui para dormir.

-Eu to morto,Louis!-reclamo de olhos fechados-Temos dois dias pra fazer o que quisermos, até irmos pra outro país.

-Quero vê se você vai estar morto mais tarde.-ele diz e se levanta. Eu, que estou cansado demais pra pensar numa resposta, não respondo.

Alguns minutos de silêncio e eu ouço um barulho de água caindo. Abro os olhos e Louis não está no quarto, mas a porta do banheiro está fechada, então creio que ele esteja tomando banho. É claro, Louis não vai me deixar dormir e, no fundo, eu não quero dormir, embora esteja destruído. Quero aproveitar cada momento com ele, em cada canto do mundo que visitaremos nessa semana. Saio da cama e caminho até a sacada do quarto pra espantar o sono, e vejo uma paisagem linda. A sacada tem vista pro mar, e tem muita gente na praia. A rua parece uma avenida britânica, repleta de pessoas. A diferença é que em Londres as pessoas não estariam na rua para correr, praticar atividade física ou simplesmente andar de bicicleta. Dificilmente encontramos pessoas fazendo essas atividades por lá.

Louis sai do banho apenas enrolado numa toalha, com o cabelo úmido e o corpo ainda molhado. Ele caminha até a mochila, a coloca em cima da cama e começa a tirar as peças de roupa, todas de frio.

-Harry...-ele me chama mas estou ocupado demais o admirando-Harry?

-Eu.-respondo ainda sem prestar atenção-Só temos roupas de frio aqui.-ele diz mexendo nas peças.

-Tem uma mochila com roupas de verão ai.-respondo-Mas você pode ficar assim mesmo, não me incomoda nem um pouco.-Louis solta uma gargalhada e joga a tolha que o cobria, no meu rosto.

-Vou entender isso como uma ordem pra eu tomar banho.-devolvo a toalha pra Louis, que agora veste uma boxer, pego a minha tolha e vou para o banheiro.

Quando volto pro quarto, encontro Louis sentado no meio da cama, com as pernas cruzadas no estilo índio e o notebook no seu colo, vestindo uma bermuda jeans e uma blusa vermelha.

-Podemos ir no Cristo Redentor hoje. No site eles dizem que o horário de visita é até as 18 horas.-ele diz e eu concordo, enquanto coloco uma calça preta.

-O jantar aqui é servido as 20 horas. Temos que voltar a tempo.-digo abotoando a blusa no meu corpo.

-Então vamos!-ele dá um salto da cama e para na minha frente-Como estou?-Louis gira na minha frente para que eu possa analisa-lo.

-Quando você não está lindo,Lou?-deixo um beijo na sua cabeça, ele entrelaça sua mão na minha e sorri.

As vezes eu tenho pra mim que é impossível Louis ficar mais bonito, mas ele sempre me surpreende e prova o contrário.

XX

Louis POV

Há cinco meses, se me perguntassem como eu imaginaria a minha vida meses depois, eu nunca, em hipótese alguma, diria que conheceria o homem de olhos verdes mais lindo do mundo, namoraria com ele, e viveria momentos tão bons. Conhecer Harry foi o divisor de águas na minha vida. Hoje eu vejo que uma verdadeira relação é feita a base de confiança e cumplicidade, sem sentimento de posse, até porque, não somos propriedade de ninguém, e quando pensamos assim, pode acreditar, tudo fica bem melhor. Ele me ensina tanto, aprendemos tanto juntos, e isso é incrível, porque eu sempre acreditei que uma relação saudável deveria ser assim, com ambos crescendo juntos e ajudando um ao outro. E poder realizar hoje um dos meus sonhos com ele traz um sentimento tão bom, que palavra nenhuma no vocabulário definiria.

Chegamos ao Cristo Redentor e agradeço à Deus por termos conseguido isso sem nos perder. O taxista não tinha fluência em inglês e nós não somos fluentes em português, embora consigamos entender algumas palavras. Resultado: usamos um aplicativo de tradução e tudo deu certo. Exceto na parte em que o homem achou que estávamos xingando ele. Demorou um pouco até ele entender o que estávamos falando e no minuto seguinte conversávamos sobre futebol como se fossemos velhos amigos.

A sensação de paz que esse lugar transmite é inexplicável, e a vista daqui de cima é mais linda do que nas fotos. Harry parece que a qualquer momento vai atacar a Felícia, mas ao invés de me abraçar e apertar quase esmagando (ele as vezes faz isso,mas eu também não posso reclamar porque sempre retribuo), ele vai deslanchar a falar como se eu fosse capaz de absorver tudo em cinco minutos. É o que acontece quando ele está feliz demais ou nervoso demais.

-Isso aqui nem é alto né?-seguro no seu braço enquanto olho para baixo, devagar, como se fosse ter uma vertigem e despencar-Seria mais divertido ainda se saltássemos daquele penhasco ali.-aponto pro horizonte.

-Você está falando sério?-Harry arregala os olhos.

-Por que não?-respondo e solto uma gargalhada quando vejo a sua cara de espanto.

-Mas nem se me pagarem.-ele responde.

-Cadê aquele homem que estava quase meditando no meio da turbulência há poucas horas?

-Aquele homem estava dentro de um avião, com cinto de segurança e colete.Não adianta, não existe a possibilidade de pular disso ai.-ele cruza os braços e balança a cabeça em negação.

-Então eu vou sozinho.-respondo-Alguém tem que ser corajoso nessa relação.

-Que pessoa normal tem medo de avião mas não tem medo de saltar de para-quedas?-ele pergunta-Não faz sentido.

-Sabe o que não faz sentido?-me aproximo dele-Louis sem Harry.-fico na ponta dos pés para que possa alcançar seu nariz, deixo um beijo ali e ele sorri.-Assim como o barco sem a bússola.-beijo sua testa-Como a âncora sem a corda-deixo pequenos selinhos nos seus lábios e Harry sorri entre eles.

Meus olhos encontram o cordão pendurado no seu pescoço, que representa a nossa união, o par de esmeraldas verdes de Harry encontram o meu cordão, e um sorriso também se forma nos meus lábios. E foi assim, aproveitando a presença um do outro e o pôr do sol, que nós ficamos durante um bom  tempo.Tempo esse que eu não calculei pois estava ocupado com coisas melhores.

Harry POV

Voltamos para o hotel faltando meia-hora para servirem o jantar. Louis inventou de parar no meio do hall de entrada pra conversar com um homem de terno preto que, acredito eu, seja o gerente do hotel, enquanto subi para me arrumar.

Quando terminei o banho, Louis já havia voltado e estava sentado na poltrona do quarto, vestindo a mesma roupa, com uma tolha no ombro, lendo alguma revista que não identifiquei o nome.

-Harry, o gerente pediu pra você descer porque houve algum problema com as reservas.-Louis diz enquanto eu visto uma calça de moletom-Ele não quis dizer exatamente o que era.

Não tenho ideia do que pode ter dado errado, mas apenas concordo e visto uma blusa e um tenis, preocupado com o que pode ter acontecido. Nada pode dar errado agora.Dei um selinho rápido em Louis e disse que logo voltaria.

Desço pelo elevador e quando chego na entrada, o gerente me vê e acena. Me aproximo dele e o homem estende um papel dobrado para que eu o pegasse. Ele sorri, sem dizer uma palavra e sem me dar a chance de perguntar algo. Desdobro o papel, e quando leio do que se trata, começo a entender no que me meti.


My life for yours (L.S.)Onde histórias criam vida. Descubra agora