18 - Eu realmente não deveria ter ouvido o Adam.

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UM DIA DEPOIS da conversa agradável e esperançosa com o Adam e a promessa a mim feita, me sentir na obrigação de fazer o que ele tanto me pediu

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UM DIA DEPOIS da conversa agradável e esperançosa com o Adam e a promessa a mim feita, me sentir na obrigação de fazer o que ele tanto me pediu. Procurar meus pais. Não foi algo fácil ou rápido de aceitar, com todavia era o mínimo que eu podia fazer naquele momento. 

Crio coragem e vou para a casa que a tão pouco tempo também era minha. Ainda tenho a chave da porta, porém não me sinto mas no direito de entrar sem bater. Toco a campainha três vezes e na quarta meu pai finalmente abre.

— Filha! — exclama com um aberto sorriso para mim — Eu não acredito que você esta aqui... — abre a porta dando-me passagem para entrar — Emily, é a Megan! — grita por trás da porta. — Entre, entre.

Adentro  a sala que costumava a passar horas assistindo filmes antigos e jogando conversa fora com a família. Sinto uma parte do meu corpo se soltar de mim. Como se naquele momento um carro invisível passasse por cima da minha cabeça. Os quadros ainda se encontravam na parede de cor beje. As fotos de Emma espalhadas em cada móvel ali presente. No meio de tantas fotografias, uma única minha era posta na mesinha de centro. Talvez eu não devesse me importar, mas ao ver aquilo a dor no meu corpo só fez piorar. 

Me segura em meus ombros e pede para eu me sentar, mas me recuso com ligeiro sorriso. 

— Sentimos tanto a sua falta querida, por que fez isso com a gente? —  pergunta-me  envolvendo-me em um abraço caloroso.

— Não vim aqui porque quis, mas porque devia. — me desvencilho de suas mãos fazendo-o me olhar confuso — Eu sei que vocês mentiram para mim esse tempo todo. — vejo minha mãe descendo as escadas e meu pai fixando o olhar em sua direção — Eu nunca vou perdoar vocês por isso, nunca!

— Megan eu não contei porquê achei que ia mudar a vida de vocês... — diz ele.

— Olha a nossa vida agora pai! Olha o que a gente se tornou!

— A culpa não foi do seu pai, foi minha. Eu não deixei ele falar. — diz minha mãe se aproximando.

— Ele sabia a anos mãe, mentiu para você também e ainda assim a senhora aceitou. — meus olhos se encontram com os seus que estavam visivelmente abalados. Olhos caídos e inchados. A pele flácida esbranquiçada, cabelos desgrenhados. O semblante distante. Parecia não querer mais tentar.

— Cheguei em um momento da vida em que uma mentira a mais e uma a menos não faria diferença. Perdi uma filha e agora você. Não sei se a Emma está viva ou morta, se está bem ou não. Se ela estivesse sido sequestrada teriam pedido resgate. — respira pesadamente — Talvez o corpo da minha filha esteja se decompondo em algum lugar por ai.

Meu pai a envolve em seu braços em sinal de proteção. Sinto uma forte necessidade de abraça-lá também, porém não o faço. Talvez eu esteja sendo egoísta, mas não consigo ignorar a tamanha mentira que me cercou por dezoito anos. Sua voz trémula preenche novamente o vazio da casa enquanto mantenho meu olhar sereno como se aquilo não estivesse me afetado. 

— Sinto muito Megan, não fui uma boa mãe para vocês.

— Calma Emily, tenha fé. Tudo vai dar certo, sei que vai. Meu coração diz que nossa Emma está viva. Ela sempre foi durona, esqueceu? — diz meu pai fazendo minha mãe secar uma única lágrima e sorrir levemente.

— Sempre durona... Sempre. — diz ela.

— Já acabou o momento família unida? — pergunto friamente sentindo-me trêmula por isso. O fio de cabeço grudado na boca, as mãos soadas em um misto de raiva e dor. Os dois pares de olhares me encaravam em total surpresa. A boca levemente aberta da minha mãe na intenção de dizer algo e a testa franzida do pai em total sinal de raiva.

— Não fale assim conosco Megan! — grita ainda com a testa enrugada — Você tem todo o direito de sentir raiva da gente, mas ainda assim somos seus pais! Te criamos com tanto amor e carinho e é assim que você nos agradece? Não seja ingrata! — seus olhos vacilam em minha direção. Mordo o lábio tentando acalmar-me enquanto serro os punhos. Encaro seus olhos perdidos no meu.

— Se vocês tivessem contado a verdade sobre o Alex talvez tivéssemos criados uma união entre nós, se você tivesse contado, naquele maldito dia eles não teriam discutido e a Emma não teria subido para o quarto. Talvez pai, somente talvez se você tivesse sido um pai de verdade estaríamos agora rindo e assistindo a um filme antigo na TV, mas não! Você mentiu, vocês mentiram! — meus punhos se fecham fortemente e sinto o forte ador no lado direito da minha face. A mão pesada do meu pai havia me desferido. Um fio de sangue escorreu imediatamente pela minha boca. Passo o dedo limpando-o e encaro seu olhar ainda sério e sem arrependimento ali presente.

— Robert! Você está louco? Ela é sua filha! — grita minha mãe vindo a minha direção enquanto me afasto bruscamente. Olho uma última vez na direção de ambos e ergo o olhar tentando não mostrar fraqueza. — Vocês não tem a noção de como uma mentira pode afetar a vida de alguém. — digo, passando pelas silhuetas a minha frente e saindo porta a fora deixando-os de lado. 

Eu realmente não deveria ter ouvido o Adam.

Eu realmente não deveria ter ouvido o Adam

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