Será Que Vou Te Encontrar?

Capítulo 16 - Mariana

Esses últimos dias tem sido ótimos. Gus e eu temos vivido uma amizade meio colorida digamos. Eu deveria estar feliz, mas não eu sei que essa ilusão vai acabar daqui três dias e eu não sei quanto tempo terrei que ficar aqui.

Ontem meu pai me ligou e pediu pra mim voltar pra casa. Segundo ele o mesmo vai desistir do casamento e eu agradeço por isso, mas eu pedi mais uma semana pra pensar.

Sinto algo molhar minha costa e olho pra trás e vejo o Gus segurando meu ombro.

- Que cara é essa? – pergunto já que hoje ele levantou com uma cara meio ruim

- Temos que ter uma conversa muito importante.

- Tá bom. – digo fechando o livro que estava lendo e o deixando em cima da mesinha do guarda-sol e entro na casa atrás dele.

- Você vai me odiar por isso e eu não vou poder reclamar... – o interrompo.

- Do que você está falando?

- Você merece mais do que eu posso te dar.

- A onde você quer chegar com isso? – tento ser forte, mas tenho medo do que vou escutar.

- Eu sei que você gostaria de namorar, casar ter uma família, mas eu não posso fazer isso.

- O que você disse?

- Eu não posso te dar tudo isso, não porque eu não quero, mas sim porque eu vou me casar.

Casar? Eu ouvi bem? Casar com quem? Como? Assim do nada?

- Como? – pergunto segurando as lagrimas.

- Na verdade eu não gostaria de fazer isso, mas devido as circunstâncias eu vou ter que fazer isso. Mas eu adoraria que continuássemos amigos Mah.

- Dá o fora da minha casa agora. – é a única coisa que sai da minha boca.

- Quer mesmo que eu vá embora? – ele pergunta enquanto finge chorar.

- Na verdade eu quero que você morra.

Digo e subo pro meu quarto e corro pro banheiro e entro debaixo do chuveiro que cai uma água fria e gela todo o meu corpo. Não posso chorar por uma cara que acabou que dizer que estava me enganando na minha cara e a trouxa aqui não percebeu.

- Por que eu tinha que ser tão viciada em poemas? – veio em minha mente o poema do Vinicius de Moraes que diz assim - Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.