Capítulo 3 - Cão

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Entrei na loja e encontrei Eduh e Vanessa catalogando os doces para a festa sem a minha permissão. Como sempre, eles tomavam a iniciativa de tudo. Encomendamos alguns doces feitos para festas de Halloween e compramos alguns para hoje à noite.

— Damien, você está bem? — Eduh me perguntou, com a boca cheia de goma de mascar.

— Ah... Sim... Sim, estou bem... — falei, ainda pasmo com a cena que vi.

Os doces eram bons para uma festa de Halloween.

Passamos a tarde resolvendo formas de fazer uma boa festa, indo a lojas e mais lojas perto de casa.

A conversa daqueles homens não saía da minha mente. Enquanto anotávamos o que iríamos fazer para a festa no parque do bairro, meus pensamentos estavam se esvaindo...

Está bem, tentei esquecer por alguns minutos, mas o silêncio de Vanessa comendo os doces sem me oferecer me trouxe a memória de volta.

Tá. Melhor eu esquecer de vez aquela cena e pedir um doce pra Vanessa.

— Ei Eduh, você está sabendo que haverá uma palestra amanhã no centro de convenções sobre 'A Arte do cinema'? — Vanessa perguntou a Eduh.

— É claro que sim. Não posso deixar de ir. Se eu quiser ser um bom ator, tenho que aprimorar ao máximo. Esse curso vai me ensinar muitas coisas.

Eduh amava cinema, assim como eu. Seu sonho era se tornar um famoso ator de filme, não importava o gênero. Tudo o que era relacionado a isso ele acatava. Quando soube dessa oficina, quase morreu do coração, pois atores nacionais e internacionais iriam palestrar.

— Acho que vai ser bom mesmo, já que Mauricio Destri estará lá — os olhos de Vanessa brilharam ao falar isso. Ela adorava esse ator de novela.

— É claro que não vou por causa dele e sim por causa de tudo. Vai ser um sonho estar lá. Ah, em falar nisso, eu já peguei o comprovante das nossas inscrições. Se preparem, é amanhã — os olhos do futuro ator de cinema brilharam.

— Eduh, existem escolas de teatro perto da Doces ou Travessuras? — perguntei, lembrando-me novamente da conversa no beco.

Eduh me olhou estranhamente.

— Claro que não. Só para o centro. Por quê?

Hesitei.

— Nada não.

— Então tá — ele deu de ombros.

E eles continuaram a falar sobre o assunto.

Quando o sol já estava se pondo, seguimos rua abaixo até chegarmos à casa de Eduh. O meu celular deu um bipe. Quem mandaria um torpedo a essa hora da noite? Peguei o celular e verifiquei que era. Minha mãe.

"Amor, fomos jantar mais cedo, pois antes temos que passar na cada da sua tia Maria. Vamos dormir fora, mas não se preocupe, pois tem a casa inteira pra você se divertir na madrugada. Não se esqueça de alimentar Toby antes que ele arranque a minha margarida novamente. Seu pai está falando para ter cuidado com a TV. Bjs, sua mãe."

Minha mãe era tão atenciosa... Com sua planta, é claro. Da última vez em que eles trocaram a carga horária eu havia me esquecido de dar comida a Toby e ele arrancou a planta da minha mãe. Ela ficou uma fera. Meu cachorro tinha essa mania de morder plantas à noite. Mas a pipoca e o filme estavam mais interessantes do que dar atenção a uma margarida.

Andy Silva e a Chave de OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora