Capítulo 2 - Vestiário

9 1 0
                                    


A aula estava tranquila, sem palhaçadas dos marmanjos, sem goma de mascar sendo jogado na mesa do professor de filosofia e sem perguntas para Andy Silva. É. Tranquila, o que me era estranho naquela manhã. Aliás, tudo estava estranho, o céu estava nublado fazendo com que o dia amanhecesse frio, o diretor estava recepcionando os alunos na entrada, o professor não fazia perguntas esquisitas aos demais e por aí ia a lista. Tudo bem que estava muito bom, mas não podia descartar a hipótese de 'dia estranho'.

— Muito bem, alguém pode me dizer qual era a ideia de belo na visão do filósofo Platão? — perguntou o professor Sérgio.

A pergunta me pegou desprevenido, pois eu ainda estava com muito sono. Fique até tarde da noite lendo Noite Eterna da série Evernight, de Cláudia Gray — uma série de livros muito boa por sinal — e não me dei conta que as horas passavam rápidas demais.

Vanessa olhou para mim, esperando alguma resposta sucinta à pergunta do professor. Eu não sabia o que fazer, então ela decidiu agir.

— O belo para Platão é um sentimento de bondade, atraindo o homem para que possa conhecer a essência de beleza, ou seja, às demais ideias. A beleza é algo único, o belo atrai olhares com sua visibilidade. As demais ideias são consequências da visão do belo.

Fiquei pasmo. Ela era muito inteligente, é claro, mas filosofia não era sua matéria predileta.

— Muito bom, Vanessa — ele sorriu. — Continuando, a objetividade não depende de obras individuais mesmo elas se aproximando desse ideal individual...

Olhei para fora, estava chovendo forte. O frio tomava conta da sala.

— Damien...

— Pois não professor — respondi.

— Você poderia ir à área de limpeza falar para o faxineiro diminuir o ar condicionado? Eu não vou conseguir dar mais um minuto de aula nesse estado de calamidade gélida.

— Claro.

Vanessa me deu um olhar penetrante, que decifrei logo de imediato.

— Não — sussurrei. — Somente no intervalo.

— Não estou falando da conversa com o diretor... Estou falando daquilo... — ela me lançou um olhar furtivo enquanto sussurrava, que me fez lembrar 'daquilo'.

— Repito a palavra 'Não'. É arriscado demais.

— Não é não. Vou com você. Professor! — ela gritou. — Eu vou ao banheiro um minutinho. Não demoro.

— Tudo bem. Não demore muito. Você também Damien. Não podem perder a explicação da ideia de 'Belo e feio'.

Assenti. Não estava nem um pouco interessado em saber desse assunto.

Ela simplesmente levantou de sua cadeira, puxou meu braço e me levou para fora da sala.

— Vanessa, não. Tenho que ir à sala de...

— Vanessa, sim. Damien! Temos que colocar aquela cola naquelas coquilhas custe o que custar! Você não vai deixar que eles brinquem novamente com você, não é? Aquele time de vôlei medíocre...

— Vanessa, eu já me esqueci desse fato... E você se lembra de que seu namorado faz parte do time?

Ela pensou somente em um milésimo de segundos antes de falar:

— Ah, Não, não esqueceu não. Vou relevar meu namorado nisso sim, já que ele e aquele seu amigo de cabelo roxo não participou. Vamos. Agora.

Andy Silva e a Chave de OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora