De certo mordo, estávamos sobrevivendo ao fuso horário, pois tínhamos dormido apenas algumas horas.
Naquela manhã tudo ocorreu perfeitamente, a não ser quando vi de relance Eduh saindo do quarto com uma mochila. Ele disfarçou muito bem, pois até Abady e Logan — que tinha acabado de acordar — não perceberam sua saída imediata. Fui até ele, mesmo com roupas de dormir. Ele estava pronto, com uma jaqueta escura, arrumado para dar uma saída. Mas, a essa hora da manhã?
— Ei! — gritei e ele paralisou no meio do corredor. — Aonde vai?
Ele virou de mansinho e vi que seu rosto estava vermelho e cheio de lágrimas. Estava chorando.
De repente, ele corre e aperta o botão do elevador, que não dá sinal. Corro até ele e ele entra na porta das escadas.
— Eduh! O que houve?
Ele não me respondeu. Porque estava chorando? Algo tinha acontecido com ele.
Corri escada abaixo o mais rápido que pude atrás dele.
— Me deixa Damien! — ele respondeu, com a voz embargada.
— Te deixar por quê? O que houve Eduh?
Ele não me respondeu e nem parou de correr.
— Eduh, por favor, pare!
Quando havíamos corrido meio prédio, consegui alcançá-lo e derrubá-lo no chão. Ele chorava muito.
— O que houve amigo?
Pensei que ele ia se debater ou algo do tipo, mas apenas deixou sua mochila que estava em sua mão tombar no chão e começou a chorar mais, quase soluçando.
Sentei no chão, encostado na parede e o abracei.
Não queria perguntar o que houve agora, só queria acalmá-lo, deixar — qualquer que fosse a sua dor — ir embora.
— Shiii — falei, fazendo cafuné enquanto ele chorava.
— Desculpa Damien, Desculpa... — ele falou, depois de cinco minutos de choro intenso.
— O que houve amigo? — perguntei.
Ele se virou para mim.
— Eu não sei se consigo continuar Damien... Eu... Não sou forte o suficiente para continuar nessa missão... Devo estar só atrapalhando, não é?
— Claro que não Eduh! Porque esse pensamento já? Pode tirar isso de sua cabeça.
— Eu sei que estou atrapalhando. Não sirvo pra nada. Não acrescento na...
— Cala a sua boa. Agora. Amigo, ei, você é forte o suficiente sim. E não estou falando dos músculos que você malha todo santo dia — ele riu. — Mas da sua experiência de vida. Seu desempenho é o melhor entre nós. Vê sua história? Você consegue sim.
Só eu sabia a história completa de Eduh. Ele passou por muita coisa na vida, ainda garoto. Assim como eu, passou uma barra pesada de depressão, levando-o a ser internado. Eu ia visitá-lo toda semana para dizê-lo que eu estava nessa junto com ele e que eu iria ser seu novo pai.
Ele havia perdido o pai aos 12 anos.
A primeira coisa que ele fez, naquele 15 de setembro, foi me ligar para falar o que houve com sua vida. Corri para acalmá-lo e ele fez a mesma coisa que fez agora, no hospital, quando recebeu a notícia.
Passou meses e meses internado tentando superar essa falta. Ele era mais apegado a ele do que todos de sua família.
Ele foi melhorando aos poucos, mas claro, nunca superou a morte de seu ente querido.
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Andy Silva e a Chave de Ouro
Teen FictionApós presenciar uma conversa nada normal no mundo dos humanos, Andy Silva se vê obrigado a aceitar uma missão pelo mundo a fim de encontrar os quatro símbolos da natureza: Água, Ar, Terra, e Fogo, que controlam o mundo. Esses elementos estão dentro...