Capítulo 10 - Ladrão de mapas

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De certo mordo, estávamos sobrevivendo ao fuso horário, pois tínhamos dormido apenas algumas horas.

Naquela manhã tudo ocorreu perfeitamente, a não ser quando vi de relance Eduh saindo do quarto com uma mochila. Ele disfarçou muito bem, pois até Abady e Logan — que tinha acabado de acordar — não perceberam sua saída imediata. Fui até ele, mesmo com roupas de dormir. Ele estava pronto, com uma jaqueta escura, arrumado para dar uma saída. Mas, a essa hora da manhã?

— Ei! — gritei e ele paralisou no meio do corredor. — Aonde vai?

Ele virou de mansinho e vi que seu rosto estava vermelho e cheio de lágrimas. Estava chorando.

De repente, ele corre e aperta o botão do elevador, que não dá sinal. Corro até ele e ele entra na porta das escadas.

— Eduh! O que houve?

Ele não me respondeu. Porque estava chorando? Algo tinha acontecido com ele.

Corri escada abaixo o mais rápido que pude atrás dele.

— Me deixa Damien! — ele respondeu, com a voz embargada.

— Te deixar por quê? O que houve Eduh?

Ele não me respondeu e nem parou de correr.

— Eduh, por favor, pare!

Quando havíamos corrido meio prédio, consegui alcançá-lo e derrubá-lo no chão. Ele chorava muito.

— O que houve amigo?

Pensei que ele ia se debater ou algo do tipo, mas apenas deixou sua mochila que estava em sua mão tombar no chão e começou a chorar mais, quase soluçando.

Sentei no chão, encostado na parede e o abracei.

Não queria perguntar o que houve agora, só queria acalmá-lo, deixar — qualquer que fosse a sua dor — ir embora.

— Shiii — falei, fazendo cafuné enquanto ele chorava.

— Desculpa Damien, Desculpa... — ele falou, depois de cinco minutos de choro intenso.

— O que houve amigo? — perguntei.

Ele se virou para mim.

— Eu não sei se consigo continuar Damien... Eu... Não sou forte o suficiente para continuar nessa missão... Devo estar só atrapalhando, não é?

— Claro que não Eduh! Porque esse pensamento já? Pode tirar isso de sua cabeça.

— Eu sei que estou atrapalhando. Não sirvo pra nada. Não acrescento na...

— Cala a sua boa. Agora. Amigo, ei, você é forte o suficiente sim. E não estou falando dos músculos que você malha todo santo dia — ele riu. — Mas da sua experiência de vida. Seu desempenho é o melhor entre nós. Vê sua história? Você consegue sim.

Só eu sabia a história completa de Eduh. Ele passou por muita coisa na vida, ainda garoto. Assim como eu, passou uma barra pesada de depressão, levando-o a ser internado. Eu ia visitá-lo toda semana para dizê-lo que eu estava nessa junto com ele e que eu iria ser seu novo pai.

Ele havia perdido o pai aos 12 anos.

A primeira coisa que ele fez, naquele 15 de setembro, foi me ligar para falar o que houve com sua vida. Corri para acalmá-lo e ele fez a mesma coisa que fez agora, no hospital, quando recebeu a notícia.

Passou meses e meses internado tentando superar essa falta. Ele era mais apegado a ele do que todos de sua família.

Ele foi melhorando aos poucos, mas claro, nunca superou a morte de seu ente querido.

Andy Silva e a Chave de OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora