O impacto contra o chão molhado e lamacento foi inevitável. Caímos em um local de mata fechada, onde eu só sentia cheiro de musgo e areia molhada, quando o barro encostou aos meus cotovelos e joelhos. Mais à frente, avistei uma velha casa, uma cabana de madeira, onde altas árvores a circundavam, mergulhando-a numa sombra densa e escura. O cintilar dos vagalumes indicava a velha cabana, que brilhava ao fraco iluminar do luar que se filtrava entre as folhas das árvores. Vanessa apertava o braço de Eduh todo tempo.
— Onde estamos? — ela perguntou.
Ele não respondeu, apenas andou em direção a casa.
Nós o seguimos, pois não sabíamos em qual local a gente estava. Nem sabia como havíamos chegado ali, mas tenho certeza de que não foi no modo convencional humano de transporte. As primeiras folhas de outono farfalhavam no chão enquanto pisávamos nela. O único som seguinte foi de um ulular de uma coruja em plena caça.
Ele estalou os dedos e a lâmpada da velha cabana revelou um lugar sujo e abandonado. Estalou—os novamente e tudo foi se organizando nos devidos lugares, e juro que vi até minúsculos grãos de areia saindo do casebre. Até um rato voou para fora na rajada do vento.
Era uma cabana com apenas um cômodo, dividindo quarto, cozinha e sala na mesma área. Na verdade, era uma tentativa de ser um quarto, cozinha e sala, já que não havia colchões, e sim lençóis velhos no chão. Na cozinha, apenas uma mesa com talheres acima e alguns pratos velhos cheios de teias de aranhas faziam a decoração, e na sala apenas um sofá amarelo e velho.
— Porque você nos trouxe pra cá? Quem é você? — Eduh gritou, atordoado.
O jovem saiu da cabana, o seguimos novamente. Lá fora, ele fazia movimentos em círculos com os braços, projetando uma barreira azul em volta da casa. Aquilo era real, pois um mosquito que voou de encontro à bolha evaporou ao tocar na luz.
— Damien o que esse cara quer com a gente? — Vanessa sussurrou no meu ouvido.
— Não sei, mas se não fosse por ele aquele monstro teria nos devorado.
— Estou com medo — ela falou.
— Eu também.
— Mas porque ele nos tratou daquela forma? Tipo, raivoso? — Eduh sussurrou.
— Não sei... Talvez ele...
— Para dentro. Os três — ele me interrompeu, ultrapassando a gente em uma fração de segundos.
Entramos novamente na casa, que agora estava totalmente arrumada.
— O que você quer conosco? — quando olhei para Vanessa, ela estava com um pedaço de pau em suas mãos, em defesa.
— Vanessa larga isso — falei
O menino olhou pra gente e andou calmamente até tocar no pedaço de pau, fazendo com ele voasse porta afora.
Ok. Meu único plano futuro — e que era o plano presente de Vanessa — estava arruinado.
— Não tente mais fazer. Nenhum de vocês. Entendido? — Assentimos. — Agora, o que vocês fizeram a eles? — sua voz era rude.
Eles? Quem? De quem ele estava falando?
— De quem você está falando? — perguntei.
— Não se finja de inocente, por favor. Está bem, se você não fez, o que você viu? — ele olhou diretamente para mim.
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Andy Silva e a Chave de Ouro
JugendliteraturApós presenciar uma conversa nada normal no mundo dos humanos, Andy Silva se vê obrigado a aceitar uma missão pelo mundo a fim de encontrar os quatro símbolos da natureza: Água, Ar, Terra, e Fogo, que controlam o mundo. Esses elementos estão dentro...