Capítulo 7 - Voando de graça

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Não estava em minha sã consciência quando aceitei essa missão. Não podia estar. Como é que um jovem mortal aceitaria passar por cima do mundo sobrenatural - que há pouco tempo eu não sabia que existia - e salvar o mundo? Ainda mais com meus melhores amigos que não tinham nada a ver? Ah sim, a vontade de ser alguém especial, de mostrar que passava de uma pessoa inteligente. E essa aventura da qual eu estava participando iria mostrar, no final, quem realmente eu era. Assim esperava.

Apesar de ser tranquilo na escola e na frente dos outros, eu gostava de aventuras. Gostava do extremo. Lembro que meus amigos e eu fomos a uma casa abandonada em um parque, a fim de brincarmos com um jogo espírita chamado Ouija. Claro que não aconteceu nada do que queríamos, mas que o clima estava estranho, isso eu poderia afirmar.

Todas as pessoas já haviam saído do parque, eram 7:00 da noite, havíamos nos escondido na mata até os guardas irem para o batalhão. Acendemos uma vela e rezamos aos espíritos. Juro que vi um vulto atrás de Eduh, mas nenhum se manifestou diretamente pra gente. Então, por medo, decidimos sair. Pena que um guarda chamou uma guarita da polícia para nos levar a dar depoimentos na delegacia por termos infringido a lei do parque de ficarmos até tarde.

Isso era uma boa aventura radical, e não lutar contra protetores/monstros de água. E saber que o mundo está prestes a ser dominado por Anjos Caídos rebeldes se não pegarmos a chave a tempo me incomodava a medida que o tempo passava.

De uma coisa eu sabia: eles estavam atrás de mim, pois sabiam que eu os havia visto. Havia escutado algo que, com certeza, atraiu a fúria dos Anjos Caídos. O suficiente para mandar um cão infernal me matar e expor meus amigos ao mundo Celestial.

E também sabia que eu tinha 99,9% de chance de morrer.

Fomos beber água que tinha em um bebedouro próximo.

— Logan, os Anjos estão atrás da gente. A qualquer momento podem aparecer — falei, na tentativa de puxar conversa com ele.

— Sim. Temos que eles estejam por perto. Eles possuem um faro muito apurado, e quando querem descobrir algo, eles sempre obtêm seus objetivos.

— Não consigo entender o porquê de tamanho ódio para com seus criadores, os Anjos Celestiais — disse Eduh, bebendo água logo em seguida.

Logan pensou um tempo, e depois falou:

— Os Anjos Caídos são imprevisíveis. Construíram o ego interior sem que ninguém os fizesse mal. Primeiro, irão atrás do Mago, então, quando perceberem que ele partiu, vão continuar a caçada atrás da gente. Isso é questão de minutos. E se for para nossa sorte, pode ser questão de horas.

— Nada legal — Eduh falou, enquanto caminhávamos atrás de alguém ou de uma resposta do próximo símbolo.

— Isso não é nada, quando perceberem que o mapa não foi encontrado, vão seguir nossos rastros. Juntando a sede de matar, com a certeza que o mapa está com você, morte certa — Logan focou seus olhos em mim.

Engoli em seco.

— Nossa Logan... — Vanessa me olhou. — Não é bem assim também. Vamos conseguir se fomos melhores que o tempo.

— Prefiro nossas aventuras pela praia de Mosqueiro — Eduh revirou os olhos.

Eduh gostava de ir à praia de Mosqueiro para tomar banho de rio. Isso me incomodava, porque eu não gostava de mergulhar. Preferia ficar assistindo-os tomarem banho debaixo de um enorme guarda-chuva e um bom livro.

— Mas tem um ponto positivo. Se encontrarmos a chave e levarmos ela até a Cidade Celestial antes dos Anjos Caídos a encontrarem, teremos sorte. Sorte essa se os Anjos Celestiais nos ajudarem — ele olhou para o céu. — Não sei o que aconteceu com meus Mestres... — por um momento sua voz parecia embargada. — Mas vou descobrir.

Andy Silva e a Chave de OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora