Eu não entendi o porque da restrição ao porão mas concordei.
- Tudo bem . - Respondi .
- Ótimo .- Disse ele por fim .
- A propósito ... Olhei sua despensa e não tem nada , quero ir ao mercado amanhã . - Disse mudando de assunto.
- Sim , mas não fale com os estranhos , e amanhã , a senhora Dolson virá aqui pela tarde , ela é costureira e modelista a melhor de Londres na minha opinião . - Contou ele
- Não há muito o que fazer não é ? - Pergunto entendiada.
- Você pode ler na biblioteca , pode ficar aqui comigo , pode fazer qualquer coisa... - Ele estava longe em pensamentos .
- Vou dormir já passa das 9 - Disse e ele riu.
- Você dorme 9 da noite ? Eu durmo 3 da manhã e mal . - Lucius disse
- Não tem muito o que fazer hoje . - Disse levantando .
- Tudo bem ! Então bons sonhos ! - Ele beijou minha testa e então eu me recolhi .
O cansaço era tamanho que logo adormeci .
Na manhã seguinte acordei com o sol através das cortinas brancas e então lembrei que tinha o dever de ir ao mercado.
- Bom Dia. - Disse Lucius seco com os antebraços na bancada de madeira .
- Bom Dia ! Você dormiu bem ? - Perguntei .
- Não eu não durmo com freqüência , sofro de insônia. - Respondeu ele viram do se para pegar algo.
- Então talvez seja essa o motivo de estar sempre com essa cara de poucos amigos. - Supus.
- Bom eu consegui fazer um café para você . - Ele fez gesto para que eu sentasse a mesa .
- Não precisava , eu havia dito que iria ao mercado e eu aprendi a cozinhar nesse tempo de vida . - Disse .
- Não fiz por favor , fiz porque você precisa comer . - Ele foi direto.
Eu ainda me perguntava como aquele homem era bom até cozinhando , o café da manhã foi em silêncio , diferente da minha antiga casa .
Tomei um banho e fui ao mercado , Lucius me disse que eu precisaria ir de trem , achou que eu não deveria ir sozinha mas eu insisti . O trem era o 19 das 10 da manhã . Não foi um caminho longo , o mercado estava abarrotado de gente pra lá e pra cá o dia era meio ensolarado. Escolhi algumas frutas , legumes e grãos tranquilamente , as pessoas me olhavam estranhamente , em Hale nunca precisei ir ao mercado , Gracinha fazia isso por nós porém minha mãe sempre me ensinou a não me importar de fazer o serviço de casa.
Quando terminei as compras deparei me com uma FLORICULTURA , sempre amei flores , então resolvi entrar.
- Bom Dia ! - Cumprimentei
- Pois Não ? - Um senhor grisalho atendeu me .
- Eu gostaria de uma duzia de rosas brancas , meia duzia de narcisos vermelhos , vinte lavandas , dezesseis margaridas brancas , e vinte lírios cor de rosa ! - Pedi e o homem sorriu.
- A senhorita gosta de flores ! - Disse ele saindo para pegar as flores .
- Sim eu amo ! - Respondi .
- Então , aqui estão ! E leve sementes para você é um presente ! Já que ama flores ! - O senhor era simpático
- Agradecida ! - Sorri
Espalhei flores por toda casa , preparei uma torta de maçã , Lucius apareceu de uma vez atrás de mim enquanto eu colocava a torta para assar.
Enquanto esperava a torta arrumando os arranjos de flores , alguem bateu a porta. Fui atender e uma moça de cabelos castanhos claros , esguia e olhos claros .
- Sim ? - Perguntei.
- Lucius está ? - Ela perguntou serena .
- ... Está - Respondi.
- E você é ? - Ela perguntou outra vez.
- Lilian - Respondi
- Lilian querida , vá embora ! - Ela disse em alarme e eu não entendi.
- E você quem é ? - Perguntei .
- Alguém que quer o seu bem , vá embora menina , fuja para bem longe .- Seu tom era de desespero .
Uma mão tocou meu ombro e de repente o olhar da moça era de horror .
- Catherine vá embora deixe Lilian em paz . - Ele foi sério.
- O QUE VOCÊ QUER COM ESSA MENINA SEU DEMÔNIO ? - Catherine gritava .
- Lilian ela é louca. - Sua voz era estável.
- LOUCO É VOCÊ , QUERIDA FUJA OU VAI TERMINAR COMO AS PESSOAS QUE ENTRAM NESSE INFERNO. - Ela foi direta.
- Catherine deixe nos em paz ! - Lucius trancou a porta a deixando lá fora .
Mas a moça gritava no jardim , Lucius parecia começar a se irritar .
- ASSASSINO - Ela gritava .
Ele saiu para fora e pareceu sussurrar algo com ela , e então ela se foi.
- Lucius ? O que foi isso ? - Perguntei quando ele entrou.
- Nada . - Ele respondeu meio irritado .
- Nada ? Eu não sou boba . Não minta para mim . - Disse por fim saindo de perto.
Algum tempo depois a senhora Dolson chegou para tirar as medidas , uma mulher de aparentemente 50 anos , morena e roliça.
Lucius nos deixou a sós em meu quarto. Ela me olhava com certa curiosidade seus olhos falavam bastante apesar de seu constate silêncio.
- Algum problema ? - Perguntei simpática.
- Não senhora .- Ela respondeu com certo receio.
- Não precisa do senhora , eu sou Lili...- Comecei mas ela interrompeu .
- Eu sei quem a senhora é , o Sr.Green pediu para que eu não dirigisse a palavra a senhora .- Contou me ela e então fiquei surpresa .
- Imagina ! Não sou um mostro , a propósito ... O que sabe sobre Lucius Green ? - Perguntei .
- Há senhora é um homem reservado .- Ela respondeu baixo .
- Sabe se ele morava com alguém aqui ? - Perguntei novamente.
- Sempre foi visto sozinho .- A mulher respondeu com naturalidade .
- Hum .- Sorri
- Seus vestidos serão prioridades , entregarei o mais rápido o possível ! - Ela disse mudando de assunto.
- Agradecida .
Minha intuição não me enganava , Lucius estava escondendo me algo , aquela mulher " Catherine " não viria por nada até aqui , eu não era boba , precisávamos conversar. As pessoas pareciam ter um certo medo de Lucius e isso estava me intrigando .
Ele passava a maior parte do dia naquele porão no qual eu não tinha autorização para entrar .
- Lilian precisamos conversar . - Disse ele parecendo adivinhar o que eu pensava enquanto colocava a mesa do jantar .
- Sim ? - Perguntei .
- Lembra que não precisa ter medo de mim ? - Ele perguntou com paciência .
- Sim. - Respondi
- Ótimo. - Ele respondeu .
- O que quer que esconda de mim , não precisa , confie em mim , mas não minta . - Indaguei.
- Não estou mentindo. - Ela disse com convicção
- Aquela mulher não veio aqui a troco de nada Lucius , ela disse para que eu fugisse de você eu quero explicações , não posso construir nada em cima de segredos com você. - Desabafei.
- Depois do jantar terminamos essa conversa. - Ele disse por fim .
O jantar foi silencioso , comemos um ensopado que eu fiz e torta de maçã , eu estava perdida em pensamentos imaginando o que aquele homem escondia de mim . Depois do jantar , limpei tudo e esperei explicações de Lucius.
- Então o que tem pra mim contar ? - Perguntei .
- Venha comigo. - Ele disse calmamente puxando me pela mão .
Levando me até o andar inferior da casa o porão que ficava nos fundos.- Então ? - Perguntei.
Lucius parou em frente a porta de madeira do porão.
- Antes de abrir ...- Ele começou.
- Sim ? - Respondi.
- Eu amo você . - Ele disse me olhando nos olhos profundamente , meu coração disparou como um alarme ou um sino do meio dia.
Lucius abriu a porta com cuidado , e entrou na minha frente acendendo as luzes enquanto descia as escadas devagar.
Desci lentamente me acostumando com a meia luz , Lucius parou no último degrau afastando para que eu pudesse ver.
O meu coração gelou mas não foi por amor , foi o medo que me assolou , eu não estava acreditando no que vira , não tinha forças para me mover .
Tudo que eu queria era sair correndo para casa a minha casa em Hale para bem longe de Lucius.
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Green Eyes
FantasyX " Eu era jovem e ingênua demais para entender a realidade , Lucius nunca me fez mal , pelo contrário me ensinou que o mundo não é lugar para inocência , as pessoas são perversas e sobrevive quem for pior . Tudo que me restava daquela Lilian eram a...