Frio

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A cada semana que se passava seis ou sete pessoas morriam nas mãos de Lucius , ele estava no apse de loucura . Depois das 22 : 00 ninguém descia , eu mesma não dormia , ficava cuidando de Dave e Valerie para que não acordassem , colocava sonífero na bebida de Sandra no jantar para que ela também não acordasse . Estava poupando a todos menos a mim mesma , eu estava ficando louca com todos aqueles gritos , aquele cheiro de sangue e todo o horror que cercava aquela casa .
Lembro me de estar limpando o chão ensanguentado da cozinha durante a madrugada quando Dave apareceu a minha frente.
- Mamãe? - Ele perguntou.
- Sim meu amor ? - Respondi largando o esfregão.
- Não consigo dormir tive um pesadelo ouvi gritos . - Dave era inocente.
- Venha meu amor vou cantar pra você! - O segurei pela mão.
- O que é isso em seu vestido ? - Perguntou Novamente.
- Suco de groselha. Vamos subir irei deitar com você. - O puxei dali .
Coloquei Dave na cama e cantarolei músicas de ninar para ele com os olhos marejados . Enfim consegui faze lo adormecer , voltei terminei de limpar a cozinha , tomei um banho e deitei com insônia. Levantei ascendi um cigarro , fiz um chá e tomei com o sonífero de Sandra .
- Ainda acordada? - Lucius sussurrou enquanto eu balançava na cadeira da varanda .
- Sim . - Respondi.
- O que houve meu amor ? - Ele virou se para mim ao perceber meu tom .
- Você. Lucius eu não aguento mais . Dave hoje viu a cozinha suja de sangue, ouviu gritos . Eu não quero criar meus filhos assim . - Chorei .
- Minta pra ele . - Lucius era sereno .
- Não posso viver uma vida de mentiras Lucius quando minha verdade é um horror , me perturba . Estou cansada de fingir sermos uma família perfeita. - Disse .
- Achei que não se importasse. - Lucius parecia furioso .
- Não grite comigo quando o errado aqui é você. Passei a me importar desde o dia em que me tornei mãe. - Agora tudo que eu sentia era raiva.
- Dave foi uma escolha sua . - Ele respondeu duramente.
- Eu não escolhi ter uma filha com você Lucius. - Rebati .
- Não lhe obriguei a nada Lilian Brandon. - Continuou.
- Não mesmo . Me manipulou. - Respondi.
- Escute aqui eu nunca menti pra você sobre o que eu era e sou , nunca fiz nada contra sua vontade sempre lhe dei escolhas essa foi a vida que você escolheu , milhares de mulheres se matariam para ter sua vida . - Lucius era arrogante.
- Ninguém precisa se matar . Você faz isso muito bem . ASSASSINO .- Gritei .
O semblante de Lucius mudou parecia surpreso , ele respirou fundo e fechou os olhos .
- Essa não é a minha Lilian ... - Seu tom era baixo .
Fiquei em silêncio e continuei a tomar meu chá com lágrimas salgadas e amargas .
Deitei enquanto ouvia o som de água caindo , ainda chorava mas pude sentir braços frios me puxando para si , lágrimas que não eram minhas molhavam meu rosto .
Na manhã seguinte não só o dia estava frio mas eu e Lucius também. O café da manhã foi estupidamente silencioso de nossas partes com palavras monossilábicas e sorrisos forçados.
O dia arrastou se assim , com frieza . Depois do jantar não esperei por ele apenas subi em silêncio , tirei o vestido logo ligando a água quente . Tomei um banho demorado, enrolei me com o roupão preto de Lucius por engano , sentir aquele cheiro me fez repensar no que lhe falei na noite passada . Talvez tenha sido dura mas eu estava furiosa .
Lucius entrou no quarto sem dizer nenhuma palavra , seus olhos focaram nos meus com uma certa intensidade.
- Lilian por favor não deixe esse vazio entre nós durar mais um dia . - Seu tom era angustiado.
- Eu não estou fazendo nada . - Respondi.
- Justamente. Diga alguma coisa , faça alguma algo mesmo que contra mim . - Lucius estava paranóico.
- O você quer ? - Perguntei.
- Que me perdoe. - Ele disse .
- Está perdoado. - Fui fria .
- Por favor não seja malvada - Pediu .
- Lucius vamos esquecer isso , está tudo bem . - Respondi.
- Tem certeza ? - Lucius perguntou .
Me aproximei dele , tocando seu peito e encostando minha cabeça cansada . Seu abraço foi feroz contra seu corpo , havia um calor viciante entre nós naquele frio todo .
- Pode devolver meu roupão? - Ele pediu .
Soltei o laço tirando e devolvendo em suas mãos mas ele o jogou no chão me tomando em seus braços outra vez , sua boca era um pedido de desculpas docemente frio que me causava arrepios e oscilações . Minha vida ao lado de Lucius foi inteira assim oscilante , em uma hora estávamos brigados outra estávamos amando um ao outro .
Em menos de uma hora o meu corpo frio estava suado envolto em outro corpo . Mas bem mais que aquilo uma alma estava em paz e harmonia com a outra.
- Lucius ? - Sussurrei .
- Sim ? - Ele respondeu com o rosto escondido em meus cabelos .
- Promete parar ? - Pedi .
- Lilian ... Eu não posso . - Seu tom era confuso.
- Essa é sua escolha? - Respirei fundo.
- Sim . - Disse Lucius.
- Tudo bem então. - Virei me para beija lo .
Suspirei enquanto o beijava com todo meu amor e desejo . Suas mãos eram habilidosas e sutis . Embora eu não tenha dito nada seu corpo parecia sentir o que meu coração gritava , para ser sincera aquela noite foi uma das melhores da minha vida foi intensa eu diria que mais espiritual que carnal , nada além do que pudesse se esperar de uma última vez , uma despedida.











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