Inconstantes

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Era manhã de sol , resolvi levar as crianças para brincarem no jardim depois de muita bagunça as levei para dentro .
- Só mais um pouco mamãe ? - Implorou Dave .
- Não ! Hora de tomar banho e estudar , prometo que em outro dia eu deixarei , mas chega por hoje. Sandra dê um banho neles , lave o cabelo de Valerie , tem terra em todo lugar ! - Disse abraçando os dois , ou como se diz Lucius " as raposinhas " .
Subi ao meu quarto , Lucius estava na varanda tomando vinho ás nove da manhã .
- Achei que estivesse em seu gabinete , Sr.Green . - Murmurei.
- Eu sou meu próprio chefe . - Ele respondeu .
- Desculpe . - Falei encostando no parapeito .
- Seu aniversário é semana que vem . - Lembrou me Lucius.
- Verdade . - Respondi .
- Já decidiu o que vai querer ? - Ele perguntou.
- O coração de uma virgem e um balde de sangue jovem e fresco . - Brinquei sorrindo .
- Hum , sabe que eu poderia dar lhe isso , mas sei que não tem um gosto tão refinado. - Ele riu.
- Eu tenho tudo , não preciso de mais nada. - Disse.
- Diamantes ou Pérolas ? - Ele perguntou.
- Ouro e rubi , estou enjoada de diamantes e pérolas estão fora de moda . - Respondi retórica .
Lucius me abraçou forte rindo , eu não tinha todos os diamantes do mundo , porém todos os meus aniversários , natal , e comemoração de " juntos " Lucius me presenteava com alguma jóia .
- Está na hora ! - Disse Lucius soltando me.
- De que ? - Perguntei .
- Dardos ! Faz um tempo que não jogo , tirei um dia de folga , quer ir ? - Ele estralava os dedos .
- Dispenso seus jogos Lucius. - Respondi.
Os dardos de Lucius não eram dardos normais , eram mais afiados por ele mesmo e o alvo era sempre a cabeça de alguém , quem acertasse os dois olhos primeiro ganhava . Confesso que já joguei mas estava bêbada como justificativa , era um dos passatempos preferidos dele .
Durante a tarde fui ao orfanato , era algo que me distraia e me fazia bem . Eu ensinava piano as crianças e brincava com elas.

- Sra.Green ! Que bom ter sua presença conosco ! - Disse a reverenda Rosália .
- Onde estão todos madre ? Trouxe doces ! - Sorri .
- Venha , estão todos no jardin ! - Ela era convidativa.
Eu amava crianças , estar ali era uma forma de fugir da minha realidade . Estavam todas no jardin aprendendo a cultivar flores acabei fazendo bagunça com os pequenos , corri , escavei , e sujei me de terra.
Ganhei um buquê de rosas brancas feito pelas doces crianças daquele lugar .
- Reverenda Rosália , preciso ir afinal tenho duas bênçãos ! Mas deixarei isso , sabe que ajudo com o que posso ...- Deixei um envelope na mesa .
- Sra.Green a senhora é uma santa , nem sei como agradece lá por tudo que tem feito e faz por este lugar ! - A reverenda sorria.
- Ajudar é uma forma de amenizar meus pecados . - Respondi distante .
- Deus é amor e justiça Sra. sei que és uma mulher de bom coração . - Ela comentou .
Apenas sorri e fui embora com meu buquê , o dia já estava indo embora pelo horizonte , lembro me de ter visto um lindo bolinho em uma confeitaria . Nas horas em que eu estava sozinha eu me permitia a não ser Lilian Green mãe e esposa . Muito daquela garota de Hale ainda suapirava em mim , comprei o bolinho , sentei em um balanço de um parque publico onde crianças brincavam e fiquei observando . Uma garotinha sentou no balanço ao lado , ela devia ser seus oito anos .
- O que houve ? - Perguntei .
- Meu pai está desaparecido . - Ela respondeu chorosa , mostrando a fotografia do jornal.
Observei bem e consegui reconhecer , a cabeça que Lucius brincava de dardos .
- Nossa eu sinto muito , nunca perdi alguem que amo mas acredito que seja horrível. - Consolei.
- Você acha que ele volta ? - Ela perguntou.
- Eu não sei querida , mas se não voltar , siga sua vida com felicidade , bondade e amor , tenho certeza que era isso que ele lhe desejaria ! - Contei .
- Eu o amo. - A garota dizia triste .
- Tome coma , era meu mas perdi a vontade . - Dei o bolinho a criança e ela deu um meio sorriso.
- Obrigada moça ! - Sorri e levantei pegando minhas rosas
- Pegue mais isso , é um símbolo de esperança ! - Tirei uma rosa do buquê .
A garotinha pareceu ganhar um brilho nos olhos , apenas sorri e fui embora meio aborrecida.

- Onde esteve ? - Lucius perguntou ao me ver chegar .
- Aliviar um pouco disto. - Respondi dura.
- O que aconteceu ? - Ele perguntou .
- Lucius , você gostaria de ver seus filhos sofrendo ? - Perguntei .
- Não .- Respondeu.
- Então porque faz com o que os filhos dos outros sofram ? Hoje encontrei a filha do seu brinquedo , ela estava a procura do pai , tadinha... - Murmurei .
- Quer adota lá também ? - Ele era irônico.
- Vá para o inferno. - Gritei , ouvi batidas na porta , era Sandra.
- Sra . Green o jantar está servido .- Ela disse meio sem jeito por atrapalhar .
- Estou sem fome ...
Lucius desceu para o jantar sozinho , ficou a mesa com as crianças e Sandra .
Depois de um tempo , quando as crianças dormiram , desci até a sala e ascendi um cigarro , observei o piano e sentei para tocar.
Inspirei fundo e deixei meus dedos falarem por mim , as lágrimas escorriam pelo rosto sem parar .
Eu me sentia vazia de sentimentos mas cheia de emoções , sequer ouvi outros sons se não os da minha alma chorando através do piano .
Terminei de tocar mas meus olhos se recusavam a abrir , ouvi apenas um sussurrar .
- Trouxe seu jantar . - Disse Lucius colocando a bandeja em cima do piano.
- Estou sem fome ...- Respondi.
- Lilian você é linda chorando , mas não é a minha beleza preferida de você , me desculpe , apenas não trate me com frieza isso me enlouquece e dói. - Ele era sereno e sincero .
- Eu precisava colocar isso para fora ... - Sussurei.
- Eu prometo tentar melhorar ...- Luciu era doce .
- Confio em você . - Respondi .
- Eu te amo não define o que sinto , ne perdoe ... - Ele murmurou.
Apenas me rendi ao silencio e voltei a tocar com a alma , sua cabeça pousou sobre meu ombro , dei um beijo em seu cabelo e voltei a dedilhar as notas .

- Eu amo você ... - Sussurei .

Minha relação com Lucius era inconstante e cheia de mudanças , era como fogo e pólvora , bastava uma faísca para que a calmaria se tornasse em discussão . Não minto quando digo que o amo , porque essa é a verdade da minha vida . Porém havia amarras que distanciava nosso amor , como as suas atitudes .

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