Aurora

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Depois de muito escolher , acabei cedendo a vaga de governanta a uma senhora , seu nome era Sandra , devia ter seus 52 anos ela lembrava Gracinha e a princípio havia me agradado bastante diferente da anterior.
- Sandra , você terá seu próprio quarto , aos poucos conhecera a rotina da casa mas espero que goste de todo meu coração ! . - Eu disse .
- Sim Senhora. - Ela sorriu.
- Lilian ! Apenas . - Sorri de volta.
- Se essa for mau deixe a viva .- murmurou Lucius.
- O que disse Sr. Green ?- Perguntou Sandra.
- Quis dar lhe boas vidas ! - Mentiu ele sorrindo
- Imagina ! Sua família é muito linda , parecem até saídos de um livro . - Comentou Sandra .
- Cultivamos o habito da leitura , nossa religião é a intelectualidade . - Lucius disse .
- Mas , venha Sandra vou lhe mostrar o restante da casa . - Puxei Sandra .
Dave gostou muito da nova companhia , Sandra não era uma pessoa curiosa ou falante , era reservada . Isso nos agradava bastante , também cozinhava maravilhosamente o que deixou Lucius apaixonado , já que eu não cozinhava bem .
Depois do jantar Sandra subiu com Dave para colocar lo a cama , ficamos só eu e Lucius .
Eu tomava um chá a mesa enquanto Lucius mexia em algo no porão . Logo ele subiu cheio de sacos plásticos.

- Faxina ? - Perguntei .
- Apenas me desfazendo . - Lucius Respondeu.
- Posso saber de que ? - Ousei .
Lucius pôs a mão dentro do saco e jogou algo em meu chá.
Parecia um dedo arrocheado boiando dentro de minha xícara .
- Você pode buscar outra xícara ? e dar o fim nisso antes que seu filho entenda que isso é um dedo humano e queira expulsar o jantar do meu estômago . - Falei tampando o nariz ficando de pé .
- Você perguntou o que era . - Disse Lucius jogando os sacos no incinerador.
- Isso está podre . - Resmunguei pegando velas aromáticas e óleos essenciais.
Lucius ascendia um cigarro no incinerador .
- É melhor você subir , esse cheiro e fumaça não faz bem a você e nem a ele . - Disse Lucius .
- Termine com isso e traga meu chá , vou olhar Dave e depois tomar um banho . - Avisei retirando me .

Não me importava com as atitudes de Lucius , mas me importava com meus filhos . Eu tinha meus defeitos mas também medos , e um deles era expôr meus filhos a violência daquela casa .
Dave dormia silenciosamente em seu quarto , observei aquela inocência que só uma criança carrega , beijei sua testa e fechei as janelas .
Lucius guardava um segredo e eu havia comprometido me a guarda lo. Os green tinham duas faces aliás dois lados , éramos uma família comum da sala de jantar para a rua porque um pouco mais adentro era diferente.
Tomei um banho frio , e procurei algo para ler enquanto esperava Lucius . Ele não demorou , trazia meu chá , parecia sereno.

- Obrigada . - Agradeci .
- Não coloquei açúcar , você gosta amargo . - Ele comentou .
- Tenho inclinações para amargura ! - Repondi
- Espero que seja apenas uma referencia ao seu paladar e não a vida . - Lucius rebateu.
- Nunca pensou em parar ? - Perguntei indo ao ponto.
- Parar ? Com o que ? - Ele parecia confuso.
- De matar pessoas . - Eu disse .
- Lilian , eu não vou parar . Entende isso ? - Ele suspirava com tédio.
- Gostaria que matassem sua família ? - Perguntei.
- Já mataram. - Ele respondeu .
- Eu estou me referindo a mim e seu filho. - Resmunguei.
- Alguem teria motivos pra isso ? - Lucius questionou rindo .
- Responda . - Pedi.
- Lilian não faça comparações e nem perca seu tempo pensando em " se " , não pare pra ter dó . - Lucius parecia frio
- Você é um ser humano desprezível sabia ? - Eu disse .
- Sabia , eu te amo . - Lucius desabotoava a camisa .
- Eu também amo você . - Respondi sorrindo de lado.
Ele afundou na banheira , passando uns longos segundos lá , talvez fosse bom para pensar .
- Lucius , de onde vem Lucius ? - Perguntei.
- Hoje você resolveu perguntar . - Ele disse me olhando todo molhado.
- Curiosidade. - Respondi .
- Vem de Lucio meu pai , ele era meio lunático , ele gostava de anjos eu creio e pôs um parecido em mim . Significa luz , nascido com a manhã , aurora . - Ele explicou passando os dedos entre os cabelos úmidos.
- Embora não seja um anjo querido , combina com você , seus olhos ... São luminosos realmente como aurora , quando eu os olhos não sei se estou olhando uma criança ou um assa... homem . - Eu disse interrompendo .
- Assassino ? - Lucius riu.
- Seus olhos são enganosos foi isso que quis dizer . - Reformulei .
- É mesmo ? E o que eles dizem agora ? - Lucius perguntou me olhando profundamente .
- Não é assim também. - Resmunguei .
- Errou , eles dizem que é hora de dormir . - Lucius levantou da banheira vestindo seu robe preto .

Três Meses Depois ...

Lembro me bem daquele dia , parece que foi ontem. Eu já havia posto toda comida do dia para fora , tudo enjoava até o cheiro do chá. Meu ventre estava absurdamente crescido , passava várias madrugadas chorando com sono , a criança não me deixava dormir , eu ficava de lado , reta , em pé e até tentava a cadeira de balanço mas nada fazia aquele ser pequeno ficar quieto . Algumas vezes Lucius cantarolava uma música de ninar , só não sabia se era para mim ou o bebê , no final das coisas ele ficava quieto e eu dormia por meia hora.
Era noite , eu estava tomando meu chá do cotidiano . Quando algo em mim rompeu me fazendo derrubar a xícara .
- Sra. O que houve ? - Perguntou Sandra correndo até a sala .
- Ele está chegando . - Avisei respirando fundo .
- Calma , respire fundo eu vou chamar o Sr.Green . - Ela disse correndo assustada .
Imediatamente Lucius desceu as escadas como um vulto preto .
- LILIAN ? - Ele gritou.
- Chame o Dr.Edmund . - Pedi baixo suspirando de dor.
Sandra me acompanhou até o quarto debaixo , parecia que meu quadril iria romper em dois.

- Lucius vai embora você não precisa ver isso . - Resmunguei me contorcendo .
- O filho é meu . - Ele disse mais nervoso que eu.
- Sr. É melhor ir atrás do Dr.Edmund e cuidar de Dave , eu ajudo ela . - Sandra disse com serenidade .
Lucius beijou minha testa já úmida de suor e segurou minha mão .
- Tem certeza que quer que eu vá ? - Ele sussurrou em meio aos meus gemidos de dor.
- Sim. - eu sussurei.
- Você vai ficar bem , não se esqueça que eu não amo você , é bem mais que amor , amor não define tudo . - Ele disse beijando minha mão fria , lágrimas começaram a escorrer de meus olhos .
Lucius saiu e Sandra fechou a porta . Parecia que eu estava empurrando uma pedra de 300 quilos que não saia do lugar .
Os gritos saiam sem o meu controle tamanha dor .

- Menina calma , respira fundo .- Sandra pedia.
- Me ajuda por favor . - Gritei .
- Ele está chegando , respire e continue. - Sandra sorria .
A dor é insuportável e naquele momento eu só queria terminar aquele momento ver o rosto do meu filho e tocar . Eu respirava com todas minhas forças mas a dor só aumentava , eu estava molhada de suor , meus gemidos de dor e gritos ecovavam .
Fechei meus olhos respirando fundo o máximo que meu corpo aguentava . Quando tudo silenciou e ouviu se apenas um choro agudo e fino pelo quarto .
Era meu filho , suspirei de alivio com os olhos encharcados de lágrimas. Sandra pegou aquele ser pequeno e escandaloso nos braços o enrolando com uma manta branca , me entregando no colo .

- Meu amor , minha menina. - Chorei olhando aquela coisinha que me encarava com os olhos vivos , os olhos lindos de seu pai.
Sandra abriu a porta e logo Lucius entrou com rapidez , sua expressão era de nervosismo e medo.
- Você está bem ? - Ele perguntou sentando na beirada da cama .
- Sim , veja o que chegou ! - Sorri chorando.
Lucius suspirou , e eu entreguei a pequena em seus braços , ele observou por uns segundos com os olhos brilhantes e marejados .
- Lilian ! É uma menina ! Nossa filha , é a coisa mais linda que eu já vi na minha vida . - Lucius sussurrou maravilhado como se estivesse falando de Deus.
- Ela é você , Valerie . - Sorri cansada .
- Valerie ! Lilian eu amo você , amo desesperadamente , não sei como agradecer , não via sentindo na vida até conhecer você e agora você me deu um motivo pra ver as coisas de outra forma , para ser melhor . - Lucius disse beijando a testa de Valerie .
- Eu te amo , amo com minha alma , não me agradeça , ela é nossa ! - Chorei mais.
Lucius me beijou toda suada e descabelada . Eu disse que ele não precisava me ver assim mas segundo o mesmo eu estava linda . A minha Valerie tinha uma camada fina de cabelos pretos lisos , a pele de porcelana com bochechas rosadas , os lábios pequenos e avermelhados , e os olhos de Lucius , verdes esmeralda , brilhosos e vivos .
O Dr.Edmund chegou um pouco atrasado , mas me examinou e examinou Valerie , segundo ele todas saudáveis e fortes.
Sandra trouxe Dave para conhecer a irmã , Dave pareceu gostar da nova companhia . Lucius estava radiante como eu nunca havia visto , mas não o culpo é muito intenso o amor de uma mãe e um pai a um filho .
- Que ela seja uma boa garota . - Lucius sussurrou.
- Valerie quer dizer forte e corajosa . Que ela faça juz ao seu nome.
- Que honre seu nome Valerie Green . - Lucius deu aquele sorriso travesso maligno .
- Lucius .- Repreendi .







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