Errantes

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Lucius imediatamente correu para o meu lado segurando me em seus braços.
- Fique calma , talvez seja apenas uma dor . - Ele disse tentando manter a calma .
- NÃO , LUCIUS EU NÃO ESTOU O SENTIDO MAIS , SALVA ELE . - gritei chorando .
Lucius me levou até o quarto me colocando na cama.
- Logo o Dr. Edmund estará aqui , não se preocupe , você é forte vai aguentar . - Lucius beijou minha testa .
Em tais 20 minutos o Dr. Edmund chegou , ele sentou a beirada da cama enquanto eu me contorcia e chorava de dor .
- Lilian respire fundo. - Pediu o Dr. Edmund.
- Antes meu filho que eu , faça tudo por ele . - Sussurrei
O Dr. Edmund apertava minha barriga dolorida enquanto eu me contorcia.
- Ele está fora do lugar , está atravessado , Lilian preciso que você fique quieta para ajudarmos seu bebê . - O Dr. Edmund era sereno .
Ele virou se para pegar algo então senti uma picada em meu braço e tudo apagou de uma forma calmante .
Quando tornei , a dor havia passado mas minha cabeça e meu corpo estavam pesados , meu primeiro impulso foi tocar minha barriga .
- Ele está bem agora Lilian . - Disse Lucius sentado a minha frente em uma poltrona , seus olhos estavam avermelhados .
- O que aconteceu ? - Perguntei atordoada.
- Ele estava sufocando . Agora está bem , está na posição certa . - Lucius estava com a voz rouca e embargada .
- Eu achei que iria perdê lo . - Comentei .
- Eu achei que iria perder os dois , não sou adepto a orações mas , pedi que Deus não os levasse. - Seu tom estava abafado por lágrimas .
Lucius não era uma pessoa que chorava com facilidade e muito menos com dificuldade , ele jamais derramava lágrimas mas aquela foi uma das raras vezes que o vi chorando .
- Tá tudo bem agora . - Reconfortei .
- Isso não é tudo . - Ele disse respirando fundo.
- Diga. - Pedi .
- Isso aconteceu por algo que você ingeriu , não foi um aborto espontâneo .- Ele explicou .
- Lucius eu não sou louca de fazer mal ao meu próprio filho. - Disse nervosa .
- A ultima coisa que você ingeriu foi chá , e Brune o fez , achei um pó verde nas coisas dela . Se você tivesse terminado de tomar o chá , estaríamos com um filho morto . - Lucius chorava.
- Aquela vadia dos infernos tentou matar meu filho ? O que você fez com ela Lucius ? Vou pica lá e dar de comer aos porcos . - Enfureci .
- Eu queimei , escondi o corpo no porão enquanto o Dr.Edmund estava aqui depois incinerei e as cinzas joguei no lixo e no rio . - Lucius disse .
- Onde está Dave ? - Perguntei .
- Dei a mamadeira a alguns minutos enquando dormia , ele foi comigo até o rio , Dave gosta de ver a lua mas estava na hora de dormir , ainda é madrugada . - Falou ele .
- Não fique triste , está tudo bem agora . Eu estou aqui , bem e viva . - Segurei sua mão acariciando .
Lucius me olhou com ternura e inclinou se beijando minha testa . Retribui seu olhar , limpando suas lagrimas e beijando seu rosto .
- Eu te amo . - Sussurrei .
- Eu te amo Lilian mais do que posso . - Ele também sussurava .
Lucius me aninhou em seus braços e eu adormeci outra vez . Na manhã seguinte eu estava acamada outra vez , recomendações médicas juntamente com alguns remédios .
Na manhã seguinte , Lucius tirou o dia para me fazer companhia , tomávamos café da manhã quando ele me fez a seguinte pergunta .
- Sua consciência não pesa em ter matado alguém ? - Ele parecia curioso .
- Pesaria se ela fosse inocente . - Respondi.
- Não sente nada ? - Lucius voltou a perguntar.
- Quanto a ela não , sinto apenas pelo tapete que eu vou ter que limpar já que não temos uma empregada . - Comentei .
- Pode contratar outra . - Ele supôs .
- Dessa vez eu escolho com mais critérios . - Tomei a frente .
- Tudo bem .- Concordou.
- Mas já que tocou no assunto ... A sua consciência não pesa ? Nunca falamos abertamente sobre isso . - Perguntei .
- No começo sim , mas o costume chega e o sentimento de pena vai embora . - Lucius tomava seu café com paciência .
- Você já procurou ajuda ... Médica ? - Perguntei .
- Você sabe o que fazem com assassinos ? E como funciona um hospital psiquiátrico ? - Agora seu tom era sarcástico .
- Sim , morte e tratamento de choque .- Respondi .
- Quer isso ? - Lucius perguntou .
- Não . - A resposta era retórica .
- Nem eu. - Ele sorriu .
- Você é louco. - Falei sorrindo em resposta .
- Você também é louca , pior que um louco é alguém que aceite sua loucura ! - Ele disse me olhando fundo.
Eu poderia levar esse assunto adiante mas preferi o silêncio , eu amava Lucius por isso suportava seus defeitos , ele poderia ser mal para algumas pessoas mas pra mim não , então tudo estava bem .
Depois do café , cuidei de Dave que estava na fase de querer correr pelos cantos , ficava quieto apenas com histórias e sinceramente meu acervo infantil já estava acabando e eu precisava fazer uso da imaginação .
- Eu te amo . - Sussurei para ele enquanto o olhava brincar .
O dia correu com rapidez , eu havia acabado de pôr Dave na cama quando ouvi notas vindas do piano .
Desci devagar para não atrapalhar aquele momento épico de paz que ecoava pela casa .

- Bravo , Mozart ! - Aplaudi brincando .
- Ovações e elogios apenas em meu camarim . - Lucius riu.
- Não me atreverei a tocar para não humilha lo ! - Comentei e ele afastou para que eu sentasse ao seu lado .
- Isso merece um vinho ! - Ele comentou.
- Eu estou grávida . - Lembrei .
- E não morta . - Rebateu e eu sorri .
Estalei os dedos enquanto Lucius buscava o vinho . Comecei a tocar uma música que meu pai havia me ensinado quando mais nova , era suave e me fez lembrar do verão em Hale e de minha família .
Lucius sentou ao meu lado com duas taças , enquanto tocava .
- Foi impressionante ! - Ele elogiou quando terminei .
- Você deveria ouvir meu pai ...- Comentei e meus olhos se encheram de lágrimas.
- E sinto muito ter afastado você de seus pais. - Lucius disse percebendo meu abalo .
- Eu escolhi isso ! - Limpei as lágrimas .
- Seu pai lhe amava muito , nunca duvide disso . - Ele disse afagando me .
- Eu também o amo ! Mas afinal como o conheceu ? - Perguntei dedilhando algumas notas .
- Eu estava vindo da Espanha quando por algum motivo resolvi ir a Hale . Havia acabado de chegar quando ouvi boatos de uma vaga para tutor de início não era algo interessante para mim , Hale era um lugar bom porém pequeno os dias eram tediosos por falta de algo pra fazer resolvi ir a delegacia de seu pai . Peter pareceu gostar , me deixou ser seu tutor mas lembro me bem de suas palavras " Lilian é apenas uma menina então não ultrapasse nada . " eu ri e disse " Não sou adepto a fraldário Sr.Brandon , ela terá meu completo respeito " . Não quero parecer clichê , quando a vi , não vi uma menina . Vi uma mulher absurdamente linda com alguma coisa que eu não via e nem sentia desde que entendo de amor . O resto você sabe , eu deveria ter ido embora mas prolonguei a estadia por você. - Lucius contou me enquanto meus dedos passeavam em notas .
- Sempre articulando e planejando as coisas não é ? - Eu sorri olhando seu rosto pálido.
Lucius riu segurando meu rosto com as duas mãos olhando me nos olhos . Algo naquele verde me fazia esquecer do mundo e querer morrer mergulhada naquele olhar brilhoso e profundo .
Seus lábios gelados e macios encostaram os meus , eu sei bem das minhas escolhas e talvez seja julgada por isso mas em nenhum momento me sentia arrependida . Lucius era um erro que eu acertei , éramos dois errantes cheios de defeitos e pecados , e mesmo assim eu me sentia no lugar certo , completa e amada . Para o mundo ele era alguem maldoso em quem não deveríamos confiar mas eu confiava meu coração e minha alma aquele ser , quando se ama os defeitos viram detalhes escondidos pelo próprio amor .

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