Ventríloquo

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- Voltou cedo . - Lucius comentou.
- Não queria que voltasse?  - Perguntei  e ele riu .
- Não.  - Ele parecia falar a verdade .
- Posso dar  meia volta.  - Eu disse .
- Claro que não.  - Respondeu me beijando outra vez .
        Entrei e tive uma surpresa nada agradável , a sala tinha sacos com pedaços humanos indefinidos.
- Lucius?  - Perguntei.
- Eu estava sem ter o que fazer sinto muito . - Seu tom era paciente.
- Há claro , você estava sem ter o que fazer... Lucius isso é?  É uma criança?  - Perguntei alto olhando os sacos .
- Você não precisa mexer ai e nem observar.  - Ele se pôs em minha frente .

-  Quando acabar com isso , sabe onde me procurar

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-  Quando acabar com isso , sabe onde me procurar . - Disse por fim em direção a porta mas ele me segurou .
- Fique . - Seu tom era doce.
- Suma com isso . - Respondi.
       Ele apenas jogou os sacos na lareira acessa , o cheiro de carne tomou conta , Lucius  atirou  punhados de alecrim , sálvia e lavanda ao fogo amenizando aquele odor  insuportável .

- Satisfeita ? - Lucius perguntou .
- Melhor . - Respondi séria.
- Decisões? - Ele perguntou ascendendo um cigarro .
- Apenas vontade de ficar perto de você , horroroso . - Murmurei e ele riu .
- Amo seu humor . - Ele ria .
- Claro que ama . - Fui irônica.
- Também quero ficar perto de você Lilian , as vezes acho que você preserva um pouco da ingenuidade.  - Lucius engolia o riso .
- Arrgh.  - Murmurei irritada .
          Lucius sorriu me puxando para si e abraçando me .
- Não fique brava e me perdoe . - Ele sussurrou.
- Perdoar seus erros é o que eu sei fazer . - Sussurrei ainda irritada .
- Errar por você é o que eu sei fazer. - Lucius respondeu irônico enquanto tragava.
- Você já costumava errar antes de me conhecer , aliás você tem um passado apenas seu . Eu não , meu passado foi você... - Eu disse sentando em uma das poltronas .
- Passados são tão insignificantes quanto este assunto . Eu ficaria grato se você concordasse em mudar para algo mais ... dinâmico.  - Ele suspirou impaciente.
- Lucius eu não sou seu ventríloquo . Eu estou do seu lado e não abaixo de você.  Sempre o perdoei , limpei sua sujeira , me privei da vida que eu sonhei ... Para viver como você quis . - Desabafei.
- Eu não lhe prometi uma vida estagnada Mary , lhe prometi uma vida sem regras e foi o que lhe dei . O que foi um erro pra ser sincero  , se fosse verdadeiramente meu ventríloquo você estaria morta . - Lucius aumentou o tom de voz .
- Está me dizendo que seria melhor se estivesse  morta ? Lucius?  Se você não percebeu eu estou morta desde o maldito dia em que lhe conheci . Não me reconheço em meu espelho , eu me tornei um mostro tenebroso como você , vazia e escura . Quer morte mais torturante que não ter escolhas?  Tudo porque você escolheu amar ? - Gritei chorando em completa histeria. Lucius segurou meu rosto me olhando fundo , seu verde me invadia.
- Vou lhe dar duas escolhas então . Você pode voltar com a sanidade e continuar como fomos nos últimos sete anos , ou você pode terminar de enlouquecer em Hale com essa vidinha entediante .  Ninguém absolutamente ninguém vai amar você como eu , ninguém vai matar e morrer por você , ninguém vai percorrer milhas , mentir , e se refazer todos os dias por você , ninguém vai conhecer você totalmente como eu ... Mas não posso lhe obrigar a nada , afinal você não é meu ventríloquo. - Seu tom era paciente e firme mas ao mesmo tempo sua voz oscilava trêmula e embargada , seus olhos brilhavam quase transbordando mas eles eram fortes .
- Escolho... Minha vida e não a sua . - Sussurrei levantando. 
     Lucius  respirou fundo e fechou os olhos marejados me soltando .
          Toquei seu rosto contornando seus lábios com o dedo , ele ficou imóvel olhando para o nada mantendo se forte . Apenas me afastei saindo sem olhar para o que estava deixando. 
            Queria socar qualquer coisa a minha frente,  apenas suspirei e montei o cavalo. 
              Entrei como um furacão em casa estraçalhando o espelho e os móveis de meu quarto .   Susan imediatamente surgiu me contendo em seus braços nos quais  desabei em pranto.
- Estou exausta , exausta ... desejo a morte . - Confessei chorando em descontrole junto a Susan .
- Lilian se acalme , veja está machucada , querida o que houve?  - Susan estava atordoada.
- O meu limite mamãe , meu limite.  - Gemi entre lágrimas.
- Precisa se conter,  vou pedir uma água com açúcar pra você.  - Susan me abraçou forte . - Não tem porque ficar abalada , amo você minha filha . - Ela dizia.
- Me amaria mesmo se eu fosse um monstro?  - Sussurrei.
- Sim . - Ela apenas disse sem impedimento. - Agora fique calma , você está transtornada precisa relaxar e cuidar deste corte . - Susan era paciente.
          Não sei em que momento da minha vida perdi ou recuperei minha sanidade, o limite havia chegado , meus sentimentos eram confusos e intensos . O pânico havia me tomado junto com o ódio ,  o desespero e talvez amor .
        Susan me trouxe um chá de camomila , preferi o isolamento do meu quarto e meu próprio silêncio. Eu queria sumir , e descansar em paz , talvez descansar minha mente e minha alma que estavam perturbadas. Adormeci sem me dar conta .
            Acordei com a claridade do sol sem noção de tempo , minha cabeça girava e latejava , meu coração estava aflito . Desci as escadas vagarosamente e pude ouvir vozes .
- Então , estou preocupado com a saúde de Lilian , está debilitada . - Peter dizia.
- Prometo fazer tudo ao alcance para que ela tenha melhoras Sr. Brandon.  - Era a voz de Jack.
- Estão falando de mim ? - Perguntei.
- Querida , você está aí... Como se sente?  - Susan perguntou.
- Bem . - Menti .
- Lilian ! - Jack sorriu .
- Você dormiu por mais de 15 horas querida ... amanheceu. - Peter era sereno .
- Quero meus filhos . - Murmurei.
- Estão no jardim , contentes. - Susan disse .
- Lilian o que acha de se alimentar?  - Jack perguntou.
- Estou bem Jackson.  - Fui rígida. - Pode me fazer companhia a mesa . - Disse por fim .
- É uma boa ideia. - Susan comentou.
         Jack e eu ficamos a sós enquanto eu tomava café da manhã.
- Temo por você.  - Ele disse .
- Não.  Eu estou bem . - Menti .
- Lilian você precisa de cuidado , está definhando quero ve lá contente. - Jack explicou.
- Eu sei que quer . - Respondi tomando suco .
- Deixe me fazer isso , cuidar de você.  Você merece. - Seu tom era amanteigado.
- Escute Jack , não quero que me tratem como uma criança imatura incapaz de resolver a própria vida . Eu sei o que estou fazendo.  - Falei sem cerimônia .
- Lilian sem armações sem defesa , acalme se , não vou fazer mal a você.  - Jack suplicava.
- Vamos remarcar a data para do noivado para a próxima sexta feira. - Avisei séria .
- Como quiser ... Será maravilhoso. - Jack acariciou minha mão.
          

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