A Primavera Do Inverno

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O tempo seguiu por sí e evitamos tocar em certos assuntos . No dia a dia Lucius era uma pessoa comum com seu humor negro . Éramos pessoas normais , ele conseguiu um emprego como professor de uma escola para garotos para passar o tempo livre , eu ficava em casa lendo , estudando , e cuidando do jardim . Certos dias Lucius pedia para que eu não descesse do quarto depois do jantar , no fundo eu sabia o motivo mas preferia tentar não pensar que enquanto eu estava tentando dormir alguem era esquartejado no porão .
Já era fim de Novembro , e estávamos tomando chá e conversando sobre uma possível viagem ao litoral .
- Seria agradável ver o mar e respirar a maresia um pouco. - Eu disse
- Também gosto do mar , mas o que acha que irmos a um lugar hoje ? - Ele perguntou balançando se na cadeira de madeira .
- Que lugar ? - Perguntei curiosa.
- Um bem escuro que eu possa matar você. - Seu tom era sarcástico .
- De preferência que possam achar meus restos depois . - Respondi .
- Não se preocupe mon cher seu pedido é uma ordem ! - Ele sorriu de lado
- Je l'espère - Respondi Sorrindo
- Apenas arrume se e iremos as 21:00 . - Lucius disse por fim.
Fiz um frango recheado para o jantar , Lucius não comia carne vermelha , eu estava ficando sem ideia para salada , frango , peixe e sopa. Não me importava em cuidar da casa já que me sobrava tempo livre , o jardim estava outro , um verde vivo , cheio de flores que eu mesma plantei e cultivei .
Não sabia o que vestir já que não sabia onde eu iria naquela noite , então vesti um vestido de tule e renda preto , a Sr.Dolson sempre acertava nos meus modelitos . Prendi o cabelo em um coque alto e desci com ânimo .
- Você está linda , mais do que habitualmente . - Comentou Lucius ao me ver.
- Obrigada ! - Agradeci
Ele usava uma calça preta com uma blusa branca , um sobretudo cinza e um cachecol cinza claro com preto .
- Vamos ?! - Ele deu o braço.
Parece óbvio mas nós fomos jantar em um restaurante lindo cheio de obras de arte e música ao piano .
- Resolvi dar uma folga a cozinheira , tadinha está ficando sem receitas . - Lucius Brincou enquanto esperávamos o pedido.
- Eu levo jeito para copeira ? - Perguntei
- Você cuida da casa porque quer , a hora que quiser pode chamar alguém para ajuda lá . - Ele disse .
- Um dia quem sabe ... - Supus .
Nós até dançamos um pouco , tomamos vinho e licor . Na saída achei que iríamos para casa mas Lucius desviou o caminho .
- Nós vamos a lugar especial . - Ele disse enquanto dirigia
- Espero que não seja uma funerária .- comentei
Ele parou em frente a um bosque escuro de mata fechada .
- É isso ? - Perguntei com receio .
- Não tenha medo Lilian , vamos ! Eu prometo que vai valer a pena. - Lucius me puxou mata a dentro .
Seus passos eram rápidos em meio a mata escura que parecia conhecer muito bem , meus sapatos afundavam na terra úmida .
- Calma Lucius . - Falei enquanto tropeçava .
Caminhamos durante uns quinze minutos . Quando meus olhos se acostumaram com a escuridão , vi uma linda clareira.
- Chegamos ! - Disse Lucius puxando me para o centro.
Era uma clareira pequena mas que parecia ter sido feita por homens , a lua brilhante estava no centro , a grama era macia , o cheiro de grama molhada e flores tomava conta podia se ouvir o som de água devia ter um rio ali perto e vagalumes passeavam por ali. Parecia uma imagem dos livros de conto de fadas.
- Lucius , é lindo ! - Disse em choque .
- Eu descobri esse lugar a algum tempo , algumas pessoas sentem a paz em igrejas , eu sinto aqui .- Ele confessou .
Nós sentamos na grama úmida , e Lucius encostou sua cabeça em meu colo.
- Eu passaria o resto da minha vida aqui , é tão lindo ! - Disse , acariciando seus cabelos lisos.
- Tudo pra você é Lindo Lilian ? - Perguntou ele.
- Eu procuro ver o lado bom das coisas , o lado bonito , foi assim com você ...- Respondi .
- Eu admiro isso , é raro , geralmente as pessoas apenas julgam sem ver a raiz do problema .- Seu tom era de desabafo.
- Isso não me faz uma santa , Lucius eu quero crê que existe bondade em você , um lado bonito nisso tudo , por favor não me decepcione . - Pedi
- Eu prometo nunca lhe decepcionar minha Lili , se em troca , prometer seu coração ... - Ele propôs.
- Meu coração e todo o resto. - Respondi .
Me curvei para beija lo , o vento frio batia em nós com violência , segurei o rosto de Lucius para olha lo , seu cabelo preto caia em seus olhos brilhantes e verdes que combinavam com os vagalumes que rodeavam seu cabelo preto e sua pele translúcida , um sorriso profundo se abriu para mim e naquele momento eu me senti em paz , embora Lucius não fosse o sinônimo de paz era isso que ele passava a mim .
- Eu amo você , nunca se esqueça . - Sussurrei
Ele sorriu outra vez e me aninhou em seus braços. Olhei para o céu e a lua já estava coberta por nuvens .
- Temos que voltar ! Acho que vai chover . - Lucius disse ao perceber as nuvens.
- Precisamos voltar ! - Resmunguei.
- Sempre voltaremos a nossa igreja ! - Ele prometeu.
Dessa vez tirei os sapatos , saímos correndo em meio a mata mas mesmo assim fomos pegos pela chuva fria , chegamos ensopados pela chuva em casa , nos secava mos no andar de cima quando todas as luzes apagaram se .
- Deve ser por conta da chuva . - Disse Lucius .
- Tenho medo de escuro , sabe disso. - Choraminguei
- Irei ascender a lareira na sala. - Lucius se afastou
Peguei os travesseiros e cobertores e desci as escadas vagarosamente , Lucius estava descalço com o botões da camisa branca abetos e mangas arregaçadas , ascendendo a lareira .
- Trouxe cobertores , não quero ficar sozinha lá em cima. - Eu disse .
- Tudo bem , o fogo já está aceso. - Seu tom era calmo ao sentar na poltrona preguiçosamente .

Seu olhar era sereno , e para ser sincera sua camisa desabotoada estava tirando me a atenção . A chuva parecia estar raivosa do lado de fora .

- O que nós somos ? - Perguntei de uma vez .
- Seres Humanos ? - Ele foi retórico .
- Não nesse sentido , eu não quero lhe cobrar nada mas nós não somos casados nem namorados nem nada .- Eu desabafei e ele riu.
- Tem certeza que quer discutir isso essa hora ? - Perguntou Lucius .
- Sim. - Respondi
- Tá bem . - Ele disse.
- Tá bem ? Lucius eu não sou essas prostitutas de bordel que você teve .- Reclamei .
- Tem razão , eu não sentia nada por elas era apenas diversão , por você eu sinto , quero fazer tudo certo - Ele explicou.
- Mas eu não quero tudo certo do seu jeito. - Disse com raiva .
- Você é tão impaciente , são os hormônios da mocidade ? - Ele riu .
Virei de costas para ele ignorando seu sarcasmo.
Senti seus braços em volta de mim , e seu corpo tocar o meu .
- Não sou de esperar pelo futuro .- Eu disse
- Lilian , tudo no seu tempo , agora é inverno mas depois as flores nasceram , tudo de acordo com o TEMPO . - Suas palavras estavam ao meu ouvido .
Virei me para ele grudando as mãos em sua blusa e o chacoalhado.
- EU NÃO QUERO SABER SOBRE METÁFORAS OU TEMPO .
- E O QUE VOCÊ QUER ? - ele perguntou alto .
- VOCÊ. - respondi .
Suas mãos agarraram me com delicadeza porém com firmeza . Ele me beijou com carinho , me mantendo colada ao seu corpo . Seus olhos brilhavam , mas sua expressão era séria e serena. Eu não queria parecer libidinosa mas não havia nada que impedisse aquele momento. Desci sua camisa já aberta pelos seus braços enquanto seus lábios percorriam minha mandíbula até o pescoço . O som da chuva e respirações aceleradas era o que se podia ouvir .
Suas mãos desciam o feche de meu vestido tão devagar que a agonia tomava conta de mim . Naquele momento eu apenas o queria.
- Você é a mulher mais linda que eu já vi - Ele sussurrou me olhando e eu corei
O toque de Lucius era suave , meu vestido não estava mais preso ao meu corpo. Sua mão direita subiu ao alto da minha cabeça soltando meu coque , o beijei vorazmente , encontrando o feche de sua calça , meu coração estava acelerado .
Lucius me levou ao chão com suavidade , seu corpo estava acima do meu , seus lábios desciam por pelo meu corpo devagar com devoção .
Era uma sensação diferente de todas as que senti na vida , cada toque gerava algo que eu nunca havia sentido , talvez esse seja o segredo " sentir " .
Minha pele estava quente e arrepiada , Lucius parecia ter um manual sobre mim , tudo era exato sem mais nem menos . O abraçei forte enquanto ele me beijava . Sua língua tinha gosto de hortelã .
- Eu te amo. - Disse baixinho.
- Então olhe pra mim meu amor . - Ele pediu.
Suas mãos passeavam nas minhas pernas , mergulhei naqueles olhos brilhantes verde esmeralda que transbordavam carinho .
Quando se permite sentir o outro , nenhuma dor é intensa passa despercebida , quando se ama toda a sensação é um universo a ser explorado . Eu amava e me sentia amada , seus movimentos eram leves e logo me acostumei a ter aquele homem e seu coração junto a mim .
E naquele momento também entendi o desabrochar das flores na Primavera com a chegada do sol. Lucius era o meu sol.

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