Incondicional

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Acordei no quarto de Lucius , e eu me lembro bem de ter adormecido na sala . Olhei em volta e ele estava dormindo tranquilamente e relaxado ao meu lado , ele estava de bruços com os cabelos negros caídos sobre sua testa , sua respiração era lenta e profunda . Não poderia não observar aquela cena digna de uma arte , mas temendo o acordar levantei devagar envolta em lençóis e desci .
Preparei o café , e tomei um banho quente , minha mãe dizia que o corpo de uma moça muda quando ela vira mulher , bom ... Eu ainda era uma magricela. Mesmo com o tempo que gastei , Lucius ainda não havia acordado . Resolvi tomar café sozinha e ler o jornal.
" DESAPARECIDOS " :
- Catherine Millet
- John Gein
- Stewart Rivera
- Isla Peter
O jornal dizia , então vi o retrato falado de um rosto não estranho que bateu outro dia aqui , era aquela Catherine .
" Pobre mulher " pensei comigo mesma . Lucius apareceu a frente de uma vez me tomando um susto .
- Bom Dia . - Eu disse.
- Bom Dia. - Sua voz era rouca.
- Café ? - Perguntei
- Ainda não , está bem? - Ele perguntou.
- Estou. - Respondi.
" O ORFANATO SAINT JOSEPH TEM A HONRA DE OFERECER UMA VAGA PARA PROFESSORA DE PIANO AS QUINTAS FEIRAS , COMPARECER ATÉ O FIM DA TARDE ".
O anúncio era claro , e eu estava desocupada pra ser sincera , seria bom ocupar a mente com crianças .

- Veja isso ! - Mostrei o anúncio a Lucius que tomava café a mesa vagarosamente.
- O que tem ? - Ele perguntou.
- Estão oferecendo uma vaga para professora de piano ! E eu sei tocar piano ! Pode ser uma ótima ideia ! - Eu disse animada
- Não gosto da ideia. - Lucius parecia não estar de bom humor.
- Mas eu sim ! Vou procurar los hoje mesmo ! - Respondi firmemente.
- Como sempre em Lilian , querendo contrariar. - Ele resmungou.
- Olha não venha estragar minha manhã seu insensível , as vezes acho que existem dois de você um bom e um rabugento e quer saber ? Eu odeio o rabugento , não tenho culpa do seu mau humor .- Disse levantando irritada da mesa.
- Eu estou estressado ? Você que está gritando . - Lucius falava alto.
- Vá para inferno ! - Resmunguei .
- Olha como fala Lilian .- Ele ameaçou.
- Você não é meu pai. Não me ameace. - Eu disse furiosa saindo e o deixando sozinho.
- Onde você está indo ? - Ele gritou da cozinha.
- PARA ONDE EU POSSA NÃO OLHAR PRA VOCÊ DURANTE UM TEMPO. - Gritei saindo .
Sai caminhando na rua em busca de um carro de aluguel que pudesse me levar ao orfanato . Por Sorte achei um logo , o homem me levou ao centro onde o jornal indicava o endereço . Era um casarão de tijolos avermelhados e porta de madeira , bati e esperei ser atendida , um pouco depois uma freira abriu sorrindo.
- Bom Dia ! Posso ajuda lá ? - Ela perguntou.
- Eu venho pelo anúncio do jornal ! - Respondi mostrando o noticiário.
- Claro ! Entre ! - Ela era simpática .
Eu a segui até uma sala em um corredor amplo e branco .
- Irmã Teresa ? Essa moça veio através do anúncio que fizemos ! - Ela anunciou abrindo a porta da sala .
- Claro ! - A senhora era simpática também.
- Com licença , a propósito sou Lilian Brandon , acabei chegar a cidade , vi o anúncio e achei bastante interessante !- Expliquei.
- Sente se querida ! Irmã Clair vá buscar uma água ou chá para a moça ! - A senhora disse.
- Eu esperava que iria demorar para encontrar alguém ,você sabe querida ! Nem todos gostam de crianças ! - Irmã Teresa parecia feliz comigo.
- Bem , eu gosto de crianças e toco piano desde os quatro anos de vida achei o cargo bastante rentável já que no presente estou desocupada . - Disse calma.
- Nosso lar para crianças existe a 30 anos ! Aqui abrigamos crianças de várias idades , muitas foram deixadas aqui e cresceram aqui ! É sempre bom ter alguém assim as distrai ! - Ela explicou.
- Estou a disposição Senhora Tereza se me permite claro ! - Fui sincera.
- Claro que sim querida ! Tome um chá conosco e pedirei a Irmã Clair que a leve para conhecer a casa ! - Ela disse sorrindo.
Tomamos um chá onde recebi mais perguntas sobre minha moradia e minha idade , e como aprendi piano. As irmãs pareciam simpáticas e acolhedoras , depois do chá , Clair me levou para conhecer as alas.
Eram crianças adoráveis que foram educadas e acolhedoras comigo , recebi abraços e beijos , me senti extremamente a vontade com aquelas pessoinhas . Por último Clair me levou ao berçário onde uma criança chorava agoniada .
- Este é o Berçário. - Ela disse mostrando um quarto com cerca de dez berços um de frente para o outro em duas filas .
- E porque esse choro todo ? - Perguntei já incomodada .
-Há , é uma criança novata , talvez esteja sentindo falta da mãe , fizemos de tudo mas ele chora sem parar . - Ela explicou também parecia incomodada.
Me aproximei do último berço onde os berros soavam e observei , não resisti e peguei a criança nos braços com cuidado.
- Ele é Dave Millet , a mãe é Catherine Millet , está desaparecida á duas semanas o mesmo tempo em que ele está aqui , foi deixado na porta do orfanato não sabemos por quem . - Explicou Clair.
Comecei a balança lo vagarosamente em meu colo e aninha lo , aos poucos os gritos e berros foram cessando . A criança tinha pouco mais de 1 ano e meio , os olhos eram azuis como o céu e seu cabelo loirinho , a pele era alva e macia , ele tinha covinhas . As mãos gordinhas e rosadas apertavam meu pulso , ele me olhava com ternura.
Naquele momento , eu senti algo estranho como se meu coração inchasse e eu precisasse daquele pedacinho de humano para viver , talvez isso seja amor a primeira vista.
- Ele gostou de você ! - Comentou Clair.
- E eu dele ! - Sussurrei
- Tadinho tão lindo e sozinho no mundo. - Ela lamentou.
- Como faço para adota lo ? - Perguntei .
- Adoção é muito demorada Srt. Brandon - Clair parecia descrente.
- Por Favor , converse com Teresa , ele chegou agora ! Ninguém irá perceber a falta dele e veja ela parou de chorar ! Eu irei cuidar dele como meu , meu filho ! - implorei.
- Tentarei porque vi o quanto ele pareceu gostar de você ! - Ela disse por fim.
Teresa no começo achou ilegal e não concordou mas quando viu que ele dormia tranquilo em meus braços e eu expliquei que ele teria uma boa mãe e um " bom lar " ela concordou ! Em troca eu iria todas as terças e quintas feiras ensinar as crianças a tocarem piano.
A vida é bastante imprevisível sai para procurar o que fazer e voltei com um bebê . Dave foi me entregue como chegou ao orfanato em uma cesta com uma roupinha branca e uma manta vermelha . Tudo bem era loucura da minha parte mas o sentimento era tão intenso , aquela criança me transmitia ternura e amor .
Sai com Dave de lá e peguei outro carro de aluguel. Depois de tudo isso , seria o que Lucius iria achar , com toda certeza nada agradável ter uma criança conosco .
Aquele garotinho devia estar exausto , logo adormeceu , entrei devagar em casa.
- Lilian ? - Lucius chamou.
- Sim ? - Respondi .
- Onde esteve ? - Ele perguntou.
- Fui a um orfanato. - Respondi .
- O que foi fazer lá ? - Voltou a perguntar
- Lucius veja , ele estava sozinho e eu o trouxe comigo . - Eu disse pegando Dave
Lucius me olhou com incredulidade , suspirando fundo como se a fúria o estivesse tomado.
- Se queria uma boneca bastava pedir .- Ele comentou com as mãos na cabeça
- Lucius eu não sou criança , Dave não é uma boneca é um bebê e eu o quero quer queira você ou não. - Respondi firme.
- Você trouxe um monstro pra cá Lilian , você perdeu a noção , eu o devia ter matado como Katherine .- Ele explodiu.
- Monstro ? Monstro é você . Ele é uma criança pura e inocente , agora que sei o que fez a Katherine me sinto ainda mais na obrigação de cuidar dele é o mínimo que eu poderia fazer , diferente de você Sr.Green , eu tenho coração . Toque um dedo nele e eu acabo com você. - Falei ríspida.
- Lilian você não entende que nós não podemos ter uma criança aqui. - Lucius estava nervoso.
- Tudo bem , ele vai embora , e eu junto com ele. - Disse com raiva virando me para a porta.



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